DIOGO PAIM, ADMINISTRADOR DA SUPER SEGUROS

“Há companhias que maquiam os números para ficarem bem posicionadas no ranking”

Denúncia que existem seguradoras que fazem engenharia contabilística para ganharem pontos e ficarem bem colocadas no ranking, assim como há negócios concentrados na mão de certas seguradoras. Diogo Paim, administrador executivo da Super Seguros, defende mais atenção do regulador e tratamento diferenciado aos que estão a começar. Igualmente, a democratização no acesso aos produtos de seguros, ajustando-os às classes mais pobres.

“Há companhias que maquiam os números para ficarem bem posicionadas no ranking”

O sector de seguros, a taxa de penetração ainda é muito reduzida, contribuindo muito pouco para o PIB. O que justifica o baixo crescimento? 

Esse baixo crescimento do sector de seguros tem a ver com dois factores extremamente importantes. O primeiro tem a ver com a questão da literacia, ou seja, para nós vendermos qualquer produto que serve, temos de perceber e entender como é que aquele produto funciona e quais são as vantagens e desvantagens deste produto. Ou seja, temos uma baixa literacia em matérias de seguro. Temos de crescer nessa perspectiva. O regulador e nós, players do mercado, temos desenvolvido várias acções na perspectiva do crescimento da literacia. Por outro lado, o nosso mercado é virgem. Os players que estão inseridos no mercado de seguro ainda olham para a questão do seguro como um custo. Devemos olhar para o seguro como um investimento, uma protecção, uma salvaguarda. E isso depois termina com a questão da literacia, ou seja, são dois elementos que estão interligados. A partir do momento em que crescemos a nossa literacia sobre seguros, vamos olhar que, de facto, o seguro não é um custo, mas sim um investimento que fizemos porque protegemos o nosso bem, protegemos a nossa vida, protegemos o nosso património. Que, na eventualidade de existir algum sinistro, vamos ter a seguradora ou esse seguro que fizemos a salvaguardar, a substituir aquilo que eventualmente perdemos. Há esses dois elementos que vão contribuindo para a baixa penetração dos seguros e no PIB.


Ainda se faz muito pouco para esta mudança? 

Pelo caminho que estamos a fazer, nós seguradores e o regulador, dentro de uns cinco a seis anos, vamos ter uma maior penetração naquilo que são as contas do Estado e uma percepção melhor do mercado de seguros. Só para ter noção, hoje, quando entramos para o mercado para ir vender seguro, temos dois desafios. E, supostamente, só tínhamos de ter um único desafio, que passaria por provar que o meu serviço é melhor do que a seguradora Y. Antes de nós entrarmos para a questão da venda, temos de entrar na questão da instrução, da pedagogia, da informação. Ou seja, tenho que primeiro ensinar o que é seguro, para perceber que há necessidade de, então, fazer um seguro. Depois é que entra a outra luta, que é a luta da venda, em que há duas ou três propostas e temos de provar que, de facto, a nossa proposta é a melhor. Então, há aqui um caminho que temos de fazer e, olhando um bocadinho para outras geografias, eles fizeram um caminho, cresceram. Também temos de fazer o nosso caminho. 


Há muito que se diz que temos de fazer caminho…

Tendo em conta os riscos adjacentes nossa própria economia, à vida, e o exemplo que tivemos há bem pouco tempo da covid-19, tudo isso mostra que não estamos assim tão seguros como parece. E a covid-19 veio mostrar que, pese embora existam eventualidades agora, há que olhar para as novas profissões, para os novos riscos, inclusive em que a própria indústria seguradora tem de estudar. A covid veio destapar uma coisa que, eventualmente, estaríamos a pensar daqui a 10 ou 20 anos. O mercado hoje exige que façamos efectivamente um estudo antes de lançarmos qualquer tipo de produto, porque nos vai permitir ajustar os produtos de seguro às necessidades dos clientes. 

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