Massano libertou menos 47% do total de divisas vendidas em 2017
MERCADO CAMBIAL. Mapa de venda de divisas do banco central revela que, desde Janeiro, só foram leiloados 2.842,1 milhões de euros, quando, em igual período, tinha sido disponibilizado quase o dobro. Apesar da redução, empresários saúdam as novas regras no rateio das divisas.
Os leilões de divisas do Banco Nacional de Angola (BNA) disponibilizaram, de Janeiro a Abril, 2.842,1 milhões de euros, representando uma queda de 46,8% face aos 5.344,6 de igual período do ano passado, altura em que o banco central tinha como governador Valter Filipe da Silva.
Apesar da redução, José de Lima Massano defende que, desde há algum tempo, “nunca foi tão fácil aceder a divisas”. “Estamos satisfeitos com o que sucedeu até aqui, porque o acesso à moeda estrangeira está mais aberto, generalizou-se a mais empresas, algumas delas já não tinham acesso à moeda há muitos meses, anos mesmo, e agora conseguem fazer transacções”, regozijou-se Massano, à saída do Parlamento, no debate sobre a lei de repatriamento de capitais. Elogiou assim a eficácia do seu modelo de estabilização monetária e cambial, iniciado em Janeiro deste ano, e que substituiu os modelos dos seus antecessores Valter Filipe da Silva e José Pedro de Morais.
Associações e gestores empresariais subscrevem a afirmação do governador e apontam, como razão da melhoria, a alteração do modelo que se resumiu na substituição da venda dirigida, que tinha os ministérios como os decisores de quem recebia divisas, o BNA como ‘caixa’ e os bancos como simples intermediários.
Para José Severino, líder da AIA (Associação Industrial de Angola), os mecanismos anteriores “eram muito centralizados, além de afastarem o contacto dos operadores” com a banca. “Até a autoridade do banco central estava em causa com esse método”, considera.
“Era uma situação que nos desagradava e que, muitas vezes, foi por nós, em determinadas concertações sociais, muito criticada. Entendia-se que a economia estava em choque e foi necessária a paciência e depois argumentarmos para a mudança. Somos paladinos da mudança”, defende o presidente da AIA, que critica o mecanismo anterior por “arrastar a economia para uma situação extremamente difícil”. “Só funcionava aquilo que era prioritário. As pequenas e médias empresas, mesmo as de fora de Luanda, com prioridade localizadas, não tinham acesso às divisas”, remata.
Pequenas melhorias e expectativas positivas
Opinião semelhante tem Yudo Borges, administrador do grupo detentor das empresas Ango-Verde, vendedora de produtos agrários, Fazenda Jamba e uma de lacticínios. “Na Ango-Verde, temos estado a fazer pequenas transferências e, por acaso, têm estado a sair, mas grandes valores ainda não”, confirma o empresário, que, há uns meses, se queixava do acesso dificultado nos recursos em moeda estrangeira.
Também o empresário Rui Santos, patrão da Sistec, empresa do sector das TIC, elogia a funcionalidade do novo mecanismo de distribuição de divisas e revela ter recebido dos bancos a garantia de que, até Junho, haveria a normalização dos processos de distribuição de recursos em moeda estrangeira.
“Ainda não começámos a sentir o efeito prático. Os indicadores que temos é que há uma lista de processos pendentes que estão a ser executados. E temos estado a executar esses processos pendentes”, sublinha Rui Santos.
Para o presidente da Sistec, o novo modelo de distribuição de divisas “está mais claro”, o que permite às empresas criarem “estratégias, fazer planos, planificações e pagamentos ao exterior, coisa que, anteriormente, era uma incógnita”.
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