Negócios familiares: é possível uma gestão profissional?
SINERGIA: NEGÓCIOS FAMILIARES surge como uma oportunidade indispensável para gestores, estudiosos e entusiastas do tema (...) será uma plataforma de aprendizagem e troca de experiências, discutindo tópicos como a estrutura de governança, sucessão planeada, a resolução de conflitos, distribuição da renda, tomada de decisão e as questões éticas, jurídicas e de gestão que impactam esses negócios. A iniciativa, promovida pela ARC, em parceria com a Católica Luanda Business School, a Ernst & Young e a Dentons Lead, oferecerá uma visão abrangente e prática sobre como transformar os desafios dos negócios familiares em oportunidades de crescimento.
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Se nos atentarmos aos números, podemos observar que o Guiché Único de Empresas em Angola cria, todos os dias, cerca de uma centena de novas empresas. Muitas dessas empresas são formadas por pessoas com laços de sangue ou parentesco mais amplo, dando origem aos chamados negócios familiares.
Exemplos internacionais como a Walmart e a Ford (Estados Unidos), L’Oréal (França) e Samsung (Coreia do Sul) demonstram que os negócios familiares podem prosperar em qualquer parte do mundo e impactar significativamente a economia local e global.
A busca por casos de sucesso nos leva também a destacar a Johnson & Johnson, fundada em 1886 por três irmãos – Robert, James e Edward Johnson. O investimento da família deu origem a um dos maiores fabricantes de produtos farmacêuticos e bens de consumo do mundo. Este é um exemplo clássico de sucesso no campo dos negócios familiares.
Em África, o exemplo inquestionável de Aliko Dangote, do grupo nigeriano Dangote, também é notável. Dangote iniciou a sua jornada empresarial ao lado do seu tio, Alhassan Dantata. Embora actualmente sigam caminhos separados, a trajectória de Dangote é um exemplo claro de como um negócio familiar pode crescer e atingir grandes dimensões. Actualmente, ele é o homem mais rico da África, com um património líquido avaliado em 24,6 mil milhões de dólares norte-americanos.
Em Angola, também há uma quantidade significativa de empresas com origem familiar. Casos como o do Grupo António Mosquito, Cosal e Adérito Areias vêm à mente, sendo, talvez, os mais representativos na actualidade. No entanto, ao longo da história económica do país, vimos o surgimento de diversos negócios familiares que, por diferentes motivos, não conseguiram manter-se. Entre esses exemplos, podemos citar o Grupo Valentim Amões, Mello Xavier e César & Filhos.
No fundo, as empresas familiares são como qualquer outro tipo de empresa: precisam de transformar desafios em oportunidades para sobreviver às adversidades do mercado. No entanto, a diferença dos negócios familiares é que, ao mesmo tempo que enfrentam essas dificuldades, também têm que lidar com a gestão e manutenção dos laços familiares.
Os exemplos de sucesso mostram-nos que é possível, e indicam que os negócios familiares estão presentes em todos os lugares. No entanto, construir uma empresa familiar de sucesso envolve complexidade. Exige resiliência, trabalho em equipa, dedicação, compromisso com um objectivo comum e, acima de tudo, uma unidade singular. É preciso evitar que os laços familiares se tornem um ponto de fraqueza.
É nesse contexto que contribuições de estudiosos como Luís Todo Bom se tornam essenciais, pois fornecem aos gestores de empresas familiares ferramentas cruciais para a gestão eficaz. Como o próprio afirmou, "gerir empresas familiares é mais do que um simples exercício de empreendedorismo, instinto, talento inspiracional, esforço de trabalho ou sorte".
Os negócios familiares podem variar desde pequenas empresas locais até grandes corporações multinacionais. Globalmente, esses negócios possuem uma cultura forte, baseada nos laços sanguíneos ou na ligação ancestral, e seus valores familiares podem proporcionar benefícios, como maior flexibilidade cultural nos locais de expansão, lealdade e uma visão de longo prazo. No entanto, também enfrentam desafios únicos, como conflitos familiares, dificuldades na sucessão e, muitas vezes, a falta de profissionalização na gestão.
Embora a ciência sobre negócios familiares seja mais voltada para a sobrevivência das empresas familiares, em contraste com os negócios familiares como um todo, a teoria da burocracia, proposta por Max Weber, sugere que a profissionalização da gestão e a impessoalidade nas relações de trabalho são essenciais, o que vai contra o conceito tradicional de negócios familiares. No entanto, é importante notar que muitos casos de sucesso demonstram que, mesmo com as críticas, os negócios familiares podem ser líderes de sector, tanto em Angola quanto no exterior.
Neste contexto, vemos que a ciência não tem uma resposta única e definitiva sobre o modelo dos negócios familiares, o que torna o tema ainda mais interessante e aberto para debate. Em vez de uma verdade absoluta, o que temos são diferentes perspectivas que enriquecem a compreensão sobre como esses negócios podem se manter bem-sucedidos.
Por isso, a segunda edição do SINERGIA: NEGÓCIOS FAMILIARES surge como uma oportunidade indispensável para gestores, estudiosos e entusiastas do tema. O evento, que ocorrerá no dia 18 de Fevereiro na UCAN, será uma plataforma de aprendizagem e troca de experiências, discutindo tópicos como a estrutura de governança, sucessão planeada, a resolução de conflitos, distribuição da renda, tomada de decisão e as questões éticas, jurídicas e de gestão que impactam esses negócios. A iniciativa, promovida pela ARC, em parceria com a Católica Luanda Business School, a Ernst & Young e a Dentons Lead, oferecerá uma visão abrangente e prática sobre como transformar os desafios dos negócios familiares em oportunidades de crescimento.
Essas questões, que podem parecer desafiadoras à primeira vista, são fundamentais para garantir a longevidade e o sucesso de empresas familiares. E, ao mesmo tempo, a ciência, que muitas vezes aponta para a necessidade de uma gestão mais impessoal e profissional, também é a base para compreender os casos de sucesso que surgem dessa mesma estrutura familiar.
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