MOTOTÁXI

O REALISMO (TARDIO) DO OGE

Durante anos, o Executivo habituou-nos àquilo que chamamos - em editorial publicado na edição 452 -  de “mania dos Orçamentos megalómanos”. Era uma referência à tradição de se elaborarem sempre orçamentos maiores do que os anteriores, mesmo quando a realidade económica, o fraco desempenho na execução e o peso da dívida exigiam o contrário.

O REALISMO (TARDIO) DO OGE

Pois bem, pela primeira vez, em muitos anos, a tendência que parecia intocável foi quebrada. A proposta do Orçamento Geral do Estado para 2026, apreciada, esta semana, pelo Conselho de Ministros é inferior à de 2025. Recuou cerca de 4,6%, saindo dos 34,6 para 33 biliões de kwanzas. À primeira vista, parece um sinal de prudência — e talvez seja.  Mas vale perguntar: o que mudou? Será que, finalmente, o Executivo começou a reconhecer a necessidade de alinhar as previsões com as reais condições de execução?

Ou trata-se apenas de uma contenção forçada, ditada pela falta de espaço fiscal e pelas dificuldades de financiamento externo?

Seja qual for a resposta, o recuo é, no mínimo, um marco. Primeiro, porque o realismo, ainda que tardio, é preferível ao voluntarismo que marcou os últimos anos.

Segundo, porque o Governo reconhece assim, ainda que implicitamente, aquilo que muitos analistas, jornalistas e cidadãos já vinham dizendo: não se governa com números para a fotografia.

Mas talvez haja outro símbolo ainda mais relevante. Ao apostar num orçamento mais realista e menos populista, o Executivo pode estar, finalmente, a abrir caminho para um consenso parlamentar mais amplo. Pela primeira vez, quiçá, poderemos ver um Orçamento aprovado também com o voto favorável da UNITA, que sempre se manteve do lado do “não”. Talvez seja uma oportunidade para que o debate orçamental finalmente evolua do confronto partidário para o diálogo construtivo sobre as prioridades do país.

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