Parece que sim, o dólar chegará mesmo a 100
A impossibilidade de as pessoas viajarem por culpa da pandemia da covid-19, que obrigou o encerramento das fronteiras e também a redução das trocas comerciais, significa menos pressão sobre as divisas. Uma situação que deveria ter como impacto alguma valorização da moeda. Mas não é o que se tem assistido. O kwanza continua a perder valor. Entre Janeiro e Maio, por exemplo, desvalorizou-se 24,4% face ao dólar nas operações de compra e venda entre os bancos comerciais e as companhias petrolíferas com o valor a fixar-se em 623,423 face aos 500,909 da primeira operação de Janeiro. Enquanto isso, o dólar está a ser comercializado no mercado paralelo a 700 kwanzas, havendo zonas em que o valor chega a 720 kwanzas.
A situação motiva interrogar que níveis de desvalorização se registarão, quando as pessoas puderem realizar viagens internacionais e o volume das importações aumentar perante a abertura dos mercados internacionais. Uma abertura que, segundo se estima, poderá ser marcada pela subida do preço de alguns produtos devido à demanda, o que, por si só, representará mais pressão sobre as divisas nos países importadores. E, no caso de Angola, adivinha-se uma redução do volume de divisas, tendo em conta o acordo de corte na produção petrolífera, que reduzirá a quantidade do óleo a ser exportado. Restaria a possibilidade de o preço do petróleo vir a subir e manter-se em níveis que compensassem a redução do volume das exportações. Mas tudo indica que se trata de um cenário cada vez mais remoto.
Face aos vários indicadores, o cenário que se apresenta cada vez mais possível é o perspectivado por supostos funcionários do BNA que, em carta que circulou nas redes sociais, estimavam que o dólar chegaria a 100 kwanzas até ao final do ano. E não seria surpreendente que viesse a ultrapassar esta barreira. Portanto, o período de normalização depois da pandemia poderá ser muito desafiante no que ao mercado cambial diz respeito.
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