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RELATÓRIO DA OMS

Só 1% da população do planeta respira ar não poluído

POLUIÇÃO. Cerca de 99% da população no mundo respira ar poluído. Os mais afectados são os residentes em África e pacífico ocidental.

 

Só 1% da população do planeta respira ar não poluído

Um relatório actualizado sobre a qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS), que inclui dados relativos ao período entre 2010 e 2019, indica que cerca de 99% da população do planeta respira ar com níveis de poluição que excedem os limites considerados aceitáveis.

Os países de baixos rendimentos, de África e do pacífico ocidental, estão mais expostos à poluição por partículas finas e dióxido de azoto, que são quase oito vezes mais elevados do recomendado pela agência das Nações Unidas, o que põem em risco a saúde e causam mortalidade prematura das populações. Níveis mais baixos são registados na Europa, só 17% das cidades nos países de altos rendimentos têm um nível de partículas finas acima do definido.

Para o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, é “urgente lidar com os desafios gémeos da poluição atmosférica e das alterações climáticas.” Sublinha a necessidade “urgente de nos dirigirmos para um mundo menos dependente de combustíveis fósseis”.

Por sua vez, a directora do Departamento de Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, ao comentar o relatório mostrou-se “descontente” com os níveis de poluição.

 “Depois de termos sobrevivido a uma pandemia, é inaceitável ainda haver sete milhões de mortes evitáveis e incontáveis anos perdidos de boa saúde devido à poluição do ar. É o que queremos dizer quando olhamos para a montanha de dados sobre poluição atmosférica, provas e soluções que estão disponíveis. Mas muitos investimentos continuam a ser enterrados num ambiente poluído em vez de num esforço para garantir ar limpo e saudável”, lamentou.

NÍVEIS DE METANO BATEM RECORDES

Em 2021, os níveis de metano na atmosfera foram de 17 ppb (partículas por milhar de milhão), supera os 15 ppb registados em 2020 e é o mais alto assinalado em todo o mundo desde 1983. A informação consta no relatório anual da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).

“Os dados mostram que as emissões globais continuam a evoluir rapidamente na direcção errada”, afirmou o director da NOAA, Rick Spinrad, em comunicado.

O metano é o segundo gás que mais contribui para o aquecimento global, a seguir ao dióxido de carbono (CO2). Embora o tempo de permanência na atmosfera seja cerca de 10 anos inferior ao do CO2, o poder de aquecimento é bastante superior. Entretanto, os cientistas estimam que 30% das emissões de metano estejam ligadas ao sector dos combustíveis fósseis.

A agência norte-americana dá conta, no relatório, que, no ano passado, as emissões de CO2 também registaram aumentos situados nos mais de dois ppb, um valor contínuo pelo décimo ano consecutivo. No entanto, alerta para a necessidade de reduzir as emissões de gás de efeito de estufa.