“A proibição [de importação de derivados de aves e bovinos] não terá pernas para andar”
Mostra-se contra a proibição de derivados de aves, suínos e bovinos e antevê que a medida vai fazer surgir monopólios no mercado e agravar a condição social das populações. Defende que se podia optar por taxação em vez de proibição e entende que se está a criar problemas nas trocas comerciais entre Angola e os Estados Unidos.
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Há dias, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos da América alertou para o impacto da decisão de Angola de proibir a importação de certa carne bovina, suína e avícola. Esta proibição poderá colocar em causa as relações comerciais entre Angola e outros países?
Olhando para a perspectiva, por exemplo, do incremento das taxas de Donald Trump, Angola é um dos países afectados nesse sentido das trocas comerciais. Sobre as nossas exportações para os Estados Unidos, não vejo um grande problema, até porque, além das commodities, e aqui estou a falar do petróleo e dos diamantes e outras, não temos um nível muito grande de exportação de produtos para os Estados Unidos. Do outro lado é que é verdadeiro: nós importamos muito frango principalmente dos Estados Unidos. Ou seja, o aumento das taxas nos Estados Unidos leva a que, se tivéssemos de exportar produtos daqui para os Estados Unidos, se tivéssemos muitos produtos para exportar, os importadores nos Estados Unidos teriam dificuldades em comprar o nosso produto. Agora, no lado das importações angolanas dos Estados Unidos e olhando na medida do Governo de proibição da importação desses produtos, aí sim os Estados Unidos sentem de facto um grande vazio, porque eles exportam muito frango para Angola. E, portanto, aí sim cria-se algum problema nas trocas comerciais entre os dois países.
Angola depende essencialmente da importação de carnes para fazer face às necessidades. O que acha desta medida?
Fui das pessoas que se bateram muito contra a medida. Estou no ramo da produção de frango e há dois elementos, além de outros, que são muito importantes na produção de frango. Estamos a falar propriamente da ração e da água. A ração tem vários componentes e dois desses componentes importantes, que são o milho e a soja, não os temos em termos de produção em grande escala. Sem contar que a produção que temos está monopolizada. Ou seja, há um grupo que praticamente já comprou a produção do milho e da soja dos produtores. Portanto, nós, os produtores mais pequenos, temos dificuldades de comprar o milho e a soja directamente e meter depois os aditivos para fazer a ração. Somos obrigados a comprar a ração nestes produtores, mas que também já têm a moagem, já conseguem fazer a ração. Portanto, sendo que temos uma dificuldade muito grande na produção da própria ração (e atenção que a ração não é só o milho e a soja, há outros aditivos que temos de importar), temos de importar vários produtos para termos uma ração de qualidade que faça com que as aves, em três semanas, estejam prontas para ao abate, pelo menos a ave de corte. Então, esta medida é muito desajustada.
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