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EM QUATRO ANOS CONSECUTIVOS

BCI declara prejuízos

O Banco de Comércio e Indústria (BCI) registou perdas de 2,3 mil milhões de kwanzas no exercício financeiro de 2015, elevando para 14,9 mil milhões de kwanzas as perdas aculmuladas desde 2012, de acordo com os cálculos do VALOR com base nos relatórios e contas dos últimos quatro anos da instituição. 

O Banco de Comércio e Indústria (BCI) registou perdas de 2,3 mil milhões kwanzas em 2015, elevando para 14,9 mil milhões de kwanzas em perdas acumuladas desde 2012, de acordo com cálculos do VALOR com base nos relatórios e contas dos últimos quatro anos da instituição.

A contribuir está o crédito malparado da entidade que, entre 2012 e 2014, aumentou 86,2 pontos percentuais – de 25,5%, em 2012, para 36,4%, em 2013, e 24,3%, em 2014 – além dos custos de estruturas, ‘marcas registadas’ sob a gestão de Filomeno Ceita, actual presidente do conselho de administração do BCI.

Desde 1991, altura da sua constituição e instalação, os últimos quatro anos foram os mais ‘caóticos’. Até Dezembro de 2012, as contas da instituição evidenciavam resultados líquidos negativos de 47,6 milhões de dólares, equivalentes a 4,5 mil milhões kwanzas (ao câmbio de 95,5 kz por dólar). Em 2013, as contas registaram um novo prejuízo, avaliado em 30,7 milhões de dólares (2,9 mil milhões de kwanzas).

As perdas prosseguiram nos dois anos imediatamente a seguir. No balanço de 2014, as contas fecharam com resultados líquidos negativos de 5,2 mil milhões de kwanzas, enquanto, em 2015, altura em que o conselho de administração preparava um plano de redução de até 20% dos custos de estrutura e do crédito malparado, as contas fecharam em ‘terreno negativo’, com prejuízo de 2,3 mil milhões de kwanzas.

De acordo com o último ‘Banca em Análise 2014’, da Deloitte, o conselho de administração do BCI tinha, entre os seus planos, a redução dos custos de estrutura em 20%, a redução do resultado negativo, a conclusão do saneamento contabilístico financeiro e a alteração da estrutura accionista na base da redução do peso directo do Estado em 30/40%. “Não aceitamos ou procuramos qualquer auditor externo, exigimos dos mais credíveis no mundo e pensamos que o BNA devia ser implacável nesse aspecto. As outras duas reservas às nossas contas estão dependentes essencialmente do saneamento contabilístico e financeiro aguardado e de melhores resultados”, admitiu o presidente do banco estatal, Filomeno Ceita, ao resumir a situação patrimonial do banco referente a 2014.

Nas contas de 2015, são várias as rubricas das demonstrações de resultados que fecharam o exercício em baixa. As provisões para crédito de liquidação duvidosa, por exemplo, foram contabilizados em 3,2 mil milhões kwanzas negativos. A mesma tendência verifica-se nos resultados operacionais que ficaram registados em 2,4 mil milhões kwanzas negativos.

 

BNA ‘ADVERTE´ BANCOS PÚBLICOS

As operações dos dois bancos comerciais de capitais públicos já mereceram da parte do Banco Nacional de Angola (BNA) uma chamada de atenção. Há pouco mais de três semanas, o governador Valter Filipe antecipou um processo de reestruturação do BCI e do BPC, como parte da estratégia de reposição da credibilidade do sistema financeiro angolano.

O governador não detalhou os termos da reestruturação da banca pública, mas fonte de um dos bancos ‘na mira’ de Valter Filipe contou ao VALOR que a “preocupação fundamental” do banco central são os “sérios problemas de solvabilidade”, agravados pelo aumento descontrolado do crédito malparado.

Além do BNA, os bancos BCI e BPC estão ‘debaixo de olho’ do Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com a mesma fonte, o FMI exigiu a recapitalização do BCI e BPC, dentro das negociações que mantém com as autoridades, no seguimento da “assistência técnica” solicitada por Angola ao organismo.