BNA admite reduzir ‘papel’ por moeda electrónica
MEIOS DE PAGAMENTO. Banco central defende maior aplicação de meios financeiros digitais por ajudarem na inclusão financeira e pouparem custos ao Estado na emissão do papel-moeda. Vantagens chegam a clientes pela facilidade, rapidez e segurança na operação. Estratégia deve juntar operadores de internet e de rede móvel.
A aposta dos bancos comerciais na aplicação e utilização dos sistemas de pagamentos móveis (SPM) vai ajudar o Banco Nacional de Angola (BNA) a reduzir custos com a produção de notas e moedas metálicas, num processo que junta instituições financeiras bancárias e não bancárias e operadores de rede de telefonia móvel e internet.
A ideia foi defendida pelo director para educação e inclusão financeira do banco central, Avelino dos Santos, e pelo coordenador regional da Aliança para Inclusão Financeira (AFI) para América Latina, Caribe e Angola, Carlos Moya, durante o fórum internacional sobre inclusão financeira, realizado na semana passada.
“A moeda física custa muito dinheiro aos cofres do Estado”, reconheceu Avelino dos Santos, responsável do BNA, para quem a massificação dos sistemas de pagamentos móveis vai tirar várias pessoas da informalidade e colocá-las no sistema financeiro.
Para o banco central, além de poupar recursos ao Tesouro, com a emissão de moedas, o SPM poderá revolucionar o sistema financeiro angolano, com a inclusão de mecanismos tecnológicos que “vão facilitar tanto aos bancos, tanto aos clientes”.
Do lado dos clientes, “permitirá ainda, por via de uma tecnologia à mão, fazer operações bancárias, em tempo real, a um baixo custo”, reforça Avelino dos Santos.
Da AFI, “não vão faltar apoios”, sobretudo no processo de implementação dos serviços que potenciem a inclusão financeira, como é o caso da poupança e dos sistemas de pagamentos móveis. “Os serviços financeiros digitais facilitam o acesso aos serviços financeiros ao menor custo possível. Também possibilitam que as pessoas que vivem longe das grandes cidades tenham os serviços financeiros graça à tecnologia”, explicou Carlos Moya, da AFI.
Outra vantagem do SPM, na visão de Avelino dos Santos, é o da promoção do sistema financeiro nacional ao nível das economias da SADC. Ou seja, Angola passa a integrar o clube de países africanos que utilizam os recursos tecnológicos no sistema financeiro. “O objectivo é inserir Angola no mapa de países africanos, onde funciona o serviço de pagamentos móveis, o mobile banking, além de potenciar e introduzir o funcionamento de serviços financeiros através da moeda electrónica”, defende o director para educação e inclusão financeira do BNA.
PAGAR COM TELEMÓVEIS
Debatido no seio dos operadores bancários angolanos, desde finais de 2014, o sistema de pagamentos móveis está perto de ser uma realidade material para vários bancos e seus clientes, a avaliar pelo número de serviços já oferecidos, usando a via tecnológica, e pela “facilidade e rapidez” que gera às operações bancárias.
Actualmente, quase metade dos bancos já tem este recurso entre os seus serviços.
Para a expansão dos serviços, “vai ser necessária uma maior aproximação entre os bancos e as operadoras de serviços de internet e telefone da rede móvel”, como defendeu o administrador do BNA António da Cruz, na abertura do fórum que saudava o dia mundial da poupança.
“A interoperatividade das empresas que desenvolvem a solução de pagamentos móveis deve garantir que as mesmas façam operações com várias entidades bancárias, de forma a conquistar a confiança dos clientes”, considerou António da Cruz.
MOBILE BANKING EM ÁFRICA
Dados recentes colocam a África no topo de continentes com maior operações financeiras por via de telemóveis. Segundo uma pesquisa desenvolvida pela Juniper Networks – empresa norte-americana de TI e de rede de computador – África terá alcançado cerca de 2 biliões de dólares em receitas, em Dezembro de 2015, aguarda ganhos de cerca de 4 biliões de dólares até 2018, em operações de mobile banking.
A Tanzânia e o Uganda aparecem referidas no estudo como exemplo do sucesso africano na implementação dos canais de pagamento eletrónicos, por terem facturado 10% com os pagamentos móveis, ganhos registados pelas operadoras móveis de ambos países, a Vodacom Tanzânia e a MTN Uganda, respectivamente.
Um dos motivos para o crescimento na região seria a possibilidade de operações de transferência entre empresas de diferentes países, como a parceria da Safaricom com a MTN no corredor Ruanda-Quênia (engloba os países Burundi, Congo, Uganda, Quénia e Ruanda), explica o estudo, citado na edição online da ‘Mobile Time’.
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