Dinheiro em circulação baixou 8,8% no primeiro semestre
AGREGADOS MONETÁRIOS. Banco Nacional de Angola justifica redução na quantidade de notas e moedas em poder do público com aumento da taxa da facilidade de absorção de liquidez e fraca actividade económica nacional. Situação também explica escassez de dinheiros nos bancos comerciais.
A quantidade de notas e moedas em poder do público registou, de Janeiro a Junho deste ano, uma queda de 8,8%, motivado por “fraca actividade económica” e pelo aumento da taxa da facilidade de absorção de liquidez, de acordo com os dados preliminares das contas monetárias do banco central, expressos no relatório de fundamentação do OGE-revisto 2016.
A redução do dinheiro em circulação – também designado por M1 – é justificada com a necessidade de “manutenção de estabilidade de preços”, com o ajustamento das taxas directoras do Banco Nacional de Angola (BNA), designadamente a ‘Taxa BNA’ (de 12% para 16%), a de facilidade de cedência de liquidez (de 14% para 20%) e a da facilidade de absorção de liquidez, de 2,25% para 7,25%.
“O aumento da taxa da facilidade de absorção de liquidez a sete dias, de 2,25% para 7,25%, tendo alcançado uma favorável adesão por parte do sistema bancário, contribuiu para enxugar liquidez significativa no mercado”, lê-se no relatório de fundamentação do OGE-revisto 2016.
Estas medidas do Comité de Política Monetária do BNA explicam, em parte, o ‘enxugamento’ da liquidez a que se assiste nos bancos comerciais. É o caso do BPC que, por várias semanas, entre Maio e Junho, viu muitas das suas agências sem capacidade de respostas aos pedidos de clientes.
O documento não apresenta, para a quantidade de notas e moedas em poder do público, o montante real do referido período, limitando-se a balancear a evolução do valor em termos de percentagens.
Para a base monetária restrita (em moeda nacional) – que inclui a quantidade de dinheiro na economia e as reservas dos bancos comerciais junto do BNA – as estatísticas contabilizam 1.556.386,77 milhões de kwanzas, correspondendo a uma expansão de 3,79%, face às estimativas de expansão para o semestre.
Segundo o relatório de fundamentação, a expansão da base monetária restrita em moeda nacional foi motivada “essencialmente pela expansão dos activos externos líquidos em moeda nacional”, em cerca de 20,57%, decorrente do efeito da depreciação cambial que “induziu a um aumento das suas componentes denominadas em kwanzas”.
Já os activos externos líquidos do BNA, em dólares, diminuíram em 1,65%, “fruto da diminuição das Reservas Internacionais Líquidas em 1,22%, devido a uma magnitude de saída de recursos superiores às entradas, sobretudo à venda de divisas”.
RESERVAS EM 24 MIL MILHÕES USD
Até 31 de Março deste ano, as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Angola ficaram avaliadas em 24.550,8 milhões de dólares, a segunda mais baixa entre cinco países africanos exportadores de petróleo, de acordo com um ‘ranking’ elaborado pelo VALOR com base nas estatísticas monetárias dos bancos centrais de cada país e dados do Banco Mundial.
CRÉDITO EXPANDE
De acordo com o relatório de fundamentação do OGE-revisto, o crédito a outros sectores residentes (crédito à Economia) evoluiu em cerca de 9,5%. Um avanço que, segundo o BNA, “poderá estar associado à depreciação da taxa de câmbio, tendo em conta que, no agregado do crédito bancário, o crédito em moeda estrangeira é denominado em kwanzas”.
Se, em termos contabilísticos, houve evolução do crédito, o quadro inverte quando é analisado em termos reais. Segundo o BNA, retirando o efeito da inflação (21,74%), o crédito à economia contrai em 10,05%, “podendo deduzir-se que houve alguma retracção na concessão do crédito por parte dos bancos, o que poderá afectar o crescimento do PIB”.
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