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Em estudo sobre capacidade de Angola pagar dívida

‘Economist’ antevê ‘apertos’ com reembolso no novo crédito soberano

EMPRÉSTIMOS. Unidade de estudos financeiros afecta à revista britânica antevê riscos no reembolso daquela que se espera ser a terceira emissão de eurobonds por Angola. País quer captar mais dois mil milhões de dólares. Quadros do organismo advertem que, se solicitação passar, dinheiro terá de ser “cuidadosamente gerido”.

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A Economist Intelligence Unit (EIU), unidade de estudos afecta à revista britânica com o mesmo nome, alerta o Governo de João Lourenço para que o dinheiro que se captar com a emissão dos eurobonds seja “cuidadosamente gerido” para evitar “problemas de pagamentos”.

“Procurar uma nova emissão agora, quando a confiança está em alta, pode permitir a Angola ter menores taxas de juro, mas isso vai aumentar o peso do serviço da dívida a médio prazo, e tem de ser cuidadosamente gerida para evitar problemas de pagamento”, alertam os economistas da unidade de análise da revista britânica “The Economist”.

O Governo anunciou recentemente a intenção de uma nova emissão de ‘eurobonds’ - títulos da dívida pública em moeda estrangeira - no valor de 2.000 milhões de dólares, a realizar no segundo trimestre, de acordo com o Plano Anual de Endividamento (PAE) 2019.

É a terceira operação do género do Tesouro, que, nas operações anteriores, permitiu angariar 1.500 milhões de dólares (1.310 milhões de euros) em 2015 e 3.500 milhões de dólares (3.050 milhões de euros) em 2018.

De acordo com o PAE 2019, preparado pelo Ministério das Finanças e que contém os planos de endividamento do Governo de todo o ano 2019, durante o segundo trimestre, está prevista uma nova emissão de ‘eurobonds’, com a qual o Estado prevê angariar 622.200 milhões de kwanzas (2.000 milhões de dólares ou 1.740 milhões de euros).

Os analistas da EIU não descartam a possibilidades de riscos. Aliás, apontam, desde logo, várias incertezas globais, além de tensões políticas dentro da Europa e entre os Estados Unidos e a China, e o “declínio dos preços do petróleo, além de um reduzido apetite pela dívida dos mercados emergentes”.

Ainda assim, prosseguem, as taxas de juros mais baixas sobre a última emissão de dívida “são um sinal positivo sobre a confiança dos investidores internacionais em Angola no seguimento do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e sobre a agenda de reformas do Presidente João Lourenço”. Em 2019, o serviço da dívida de Angola - amortizações, juros e comissões -, que envolve bilhetes e obrigações do Tesouro em moeda nacional e estrangeira, vai ascender, segundo o PAE, a 5,206 biliões de kwanzas (14.550 milhões de euros).

Na primeira emissão de ‘eurobonds’, em 2015, Angola colocou 1.500 milhões de dólares (1.310 milhões de euros), com uma maturidade de 10 anos.

Já a emissão de Abril de 2018 foi feita em duas parcelas, a primeira das quais com maturidade de 10 anos e com um valor nominal de 1.750 milhões de dólares, emitida com uma taxa de juro do cupão fixada em 8,25%.

A segunda parcela, com maturidade de 30 anos e com um valor nominal de 1.250 milhões de dólares (1.090 milhões de euros), foi emitida com uma taxa de juro do cupão fixada em 9,375%. Três meses depois, o Governo avançou com a reabertura daquela emissão, dada a forte procura que existiu, garantindo mais 500 milhões de dólares (436 milhões de euros). *Com Diário de Noticias e Jornal de Angola

‘Economist’ antevê ‘apertos’ com reembolso no novo crédito soberano