CONCLUI UMA PESQUISA NORTE-AMERICANA

Empresas pagam 16% menos às mulheres quando têm uma CEO

23 Feb. 2022 Valor Económico Gestão

A remuneração. Estudo do ‘Journal of Applied Psychology’ conclui que, afinal, pode não ser tão bom, como a priori se pode pensar, para as executivas de uma empresa, quando esta tem como CEO uma outra mulher.

Empresas pagam 16% menos às mulheres quando têm uma CEO

Os pesquisadores descobriram que, “se uma alta gerente (feminina) é liderada por uma CEO mulher, a remuneração é aproximadamente 16% menor do que seria se a empresa tivesse um CEO homem”.

“Usando mais de 20 anos de dados sobre as equipas de gestão de topo das 1.500 maiores empresas dos EUA, descobrimos que as mulheres (mas não os homens) na gestão de topo ganham significativamente menos com um CEO do sexo feminino do que ganhariam com um CEO do sexo masculino num determinado ano dentro de uma determinada empresa. Teorizámos que esses resultados são consistentes com o argumento de que uma alta gerente confere à empresa benefícios de diversidade, que se tornam redundantes quando há uma CEO mulher. Assim, a alta gerente focal recebe menos com uma CEO do que ela ganharia com um CEO do sexo masculino”, lê-se na apresentação do estudo.

É importante observar que essa discrepância salarial é uma média e certamente não se aplica a todas as empresas. Os altos executivos homens ganhavam o mesmo, independentemente de trabalharem para um CEO homem ou mulher.

A CULPA É DA QUOTA DE DIVERSIDADE CUMPRIDA

Os pesquisadores apresentam duas possíveis razões para que as gestoras ganhassem menos em empresas com mulheres na liderança executiva. A primeira teoria dá conta que as mulheres são mais críticas em relação às subordinadas e, portanto, é maior a tendência de pagar menos a outras mulheres.

Por outro lado, apontam que, provavelmente, as CEO não são as responsáveis pela ‘má’ remuneração das subordinadas. Acrescentam que encontraram evidências de que as organizações que têm como CEO uma mulher investem menos para manter as outras mulheres em cargos de chefia. No entender dos investigadores, as organizações acreditam que ao terem uma CEO, esta simboliza bem o interesse da diversidade de gênero da empresa

“Uma CEO pode, portanto, tornar redundante a presença de outras mulheres na alta administração para fins de diversidade, permitindo que a empresa pague menos do que pagaria se tivesse um CEO do sexo masculino”, escrevem os pesquisadores.

FORBES: DUAS MULHERES SÃO “SUFICIENTES”

Na sequência do estudo, a Forbes recordou que essa noção de que as organizações lutam pela mínima diversidade de gênero necessária para evitar críticas e reacções adversas foi encontrada em outras pesquisas. “Um estudo examinou todos os directores dos conselhos de empresas do S&P 500. Os pesquisadores descobriram que os conselhos viam a diversidade para agradar críticos em potencial, nomeando exactamente duas mulheres para a direcção. Na verdade, 45% dos conselhos incluem exactamente duas mulheres. Uma vez que as organizações tinham duas mulheres no conselho corporativo, parecia que tinham pouco incentivo para adicionar uma terceira”, escreve a Forbes, lembrando que “os autores do estudo chamaram esse fenómeno de “tokenismo” – vista como uma prática de fazer apenas um esforço superficial ou simbólico para ser inclusivo para membros de minorias, especialmente recrutando um pequeno número de pessoas de grupos sub-representados para dar a aparência de igualdade racial ou sexual dentro de uma força de trabalho.