MAIS UMA ‘BANDEIRA’ DE MASSANO

09 Apr. 2025 Editorial

João Lourenço prometeu baixar os preços dos combustíveis em 2022, com recurso a uma hipótese fantasiosa. Acontece que o país estava em plena campanha eleitoral, pelo que não foi fácil perceber se João Lourenço partia de uma base mal informada ou se recorreu ao embuste de forma consciente. Se foi manipulado pelos seus auxiliares ou se decidiu manipular os angolanos por sua conta e risco.

MAIS UMA ‘BANDEIRA’ DE MASSANO

Passados alguns anos, essa dúvida permanece. É racionalmente impossível excluir qualquer dessas possibilidades por outra razão lógica. O Presidente João Lourenço de 2025 é, no mínimo, pior que o Presidente João Lourenço de 2022. No decurso desse tempo, sofisticou a sua característica peculiar de fazer afirmações que deixam Deus de queixo caído e o Diabo com dores de cabeça. São inúmeras sendo escusado mencionar sequer uma. Os angolanos conhecem-nas.

José de Lima Massano, pelo visto, não poupa esforço para superar-se nesta liga dos discursos que se encaixam entre a intrujice, a manipulação e a ignorância. Num exercício de puro contorcionismo, Massano decidiu falar, na semana passada, de uma economia que não existe. Ao ignorar a depredação agressiva da qualidade de vida dos angolanos no consulado de João Lourenço e ao mencionar, por exemplo, a preservação de uma segurança alimentar que nem com uma lupa se vê. Todavia, não se ficou por aí. O ministro da Coordenação Económica concordou com o esbanjamento de 20 milhões de dólares em bandeiras para a celebração da Independência. Um dinheiro que, para ele, seria bem gasto porque geraria emprego e dinamizaria a economia. Fica difícil para qualquer humano com alguma sensatez definir o que será mais chocante. Se será o facto de Massano sugerir não saber que um país que recebe 1 milhão de dólares para ajuda humanitária não pode queimar 20 milhões de dólares em bandeiras. Se será o facto de ele dar a entender que não sabe que ninguém geraria emprego nenhum com a negociata das bandeiras. Ou se será a simples questão de o ministro não se revelar, pelo menos, incomodado com o facto de que 20 milhões de dólares são 20 milhões de dólares. 

Os traços comuns são, portanto, mais do que evidentes. João Lourenço e José Massano apostam firmes em estampar realidades e factos que escapam a qualquer angolano com dois dedos de testa. Só que, quando se trata genericamente de economia, apesar de João Lourenço ser o Presidente, de Massano esperava-se um pouco mais de critério. 

João Lourenço é general. É disso que provavelmente melhor entende. Quando prometeu a queda dos refinados do petróleo em Maio de 2022, com a historieta do aumento da produção local, talvez acreditasse mesmo no que dizia. Talvez tivesse caído numa trapaça. Aceita-se a incerteza. 

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