OS EMPRESÁRIOS CHORAM (I)
Dos empresários angolanos ouvem-se gritos de socorro diariamente. Queixas de todas as formas e de todos os gostos. Não há nada que escape. Muito se comenta, por exemplo, sobre os privilégios a determinados interesses estrangeiros, em detrimento do empresariado local. Incluindo em áreas em que a diferenciação técnica e a capacidade de recursos financeiros não se justificam como critérios de preferência.

Há empresários angolanos que não percebem, por exemplo, como são preteridos em concursos públicos para o fornecimento de bens e serviços básicos a ministérios e a outros órgãos do Governo e do Estado. Aliás, até percebem. Pensam, na generalidade, que alguém em algum posto de decisão vê os seus interesses pessoais salvaguardados, ao preferir o estrangeiro em prejuízo do nacional. Queixam-se da falta de patriotismo de muitos dos decisores políticos e têm razões bastante para isso.
Na comparação exclusivamente entre angolanos, as reclamações também não são poucas. São conversas do dia-a-dia as evidências dos selectos grupos empresariais angolanos que são levados ao colo pelo poder político, enquanto uma maioria esmagadora faz das tripas coração para manter as paredes de pé. A explicação para a discriminação entre angolanos, grosso modo, é a mesma quando do outro lado da comparação está um empresário estrangeiro. Ou é o interesse do Presidente, ou é o do ministro, ou é o do governador, ou é o do general, ou é o de um poderoso qualquer que se sobrepõe ao todo nacional. Pelo menos, é desta forma que muitos empresários reclamam em voz baixa. Não é por mero acaso que muita gente está seriamente atenta, por exemplo, aos nomes das pessoas que estão a ficar com activos que o poder recebeu de outros angolanos, sob o pretexto do combate à corrupção.
Mas as lamentações não se ficam por aqui. Na relação com as instituições do Estado e do Governo, os problemas só se multiplicam e o caso do Ministério das Finanças é paradigmático. Aqui as denúncias, na sua maioria, estão relacionadas com pagamentos. Às redacções e aos jornalistas chegam histórias de empresários que se confrontam com a dura realidade de cederem à chantagem ou de arriscarem a morte da empresa e o consequente despedimento de dezenas, senão mesmo de centenas de funcionários. São essencialmente histórias sobre pagamentos de dívidas e de atrasados. Com as dificuldades de tesouraria que alegadamente têm assombrado as contas públicas, o que prospera é o negócio da intermediação, capitaneado necessariamente por funcionários do Estado com acesso aos cofres. Pelo que comentam vários empresários, apesar de serem contas fáceis de aritmética, as exigências dos ‘mixeiros’ – leia-se dos intermediários - são difíceis de engolir. Sem pejo nem esforço, os ‘mixeiros’ chegam a impor até 20% da dívida como contrapartida para facilitarem a liberação do pagamento. Contas feitas, o empresário que já se vê aflito com inúmeras dívidas, incluindo com o próprio Estado que não lhe paga atempadamente, vê-se na condição de pagar forte e feio para ser pago.
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