UM DOS FACTORES DE DESENVOLVIMENTO DE DOENÇA GRAVE

Poluição do ar agrava risco de morte

INVESTIGAÇÃO. Análise da Harvard TH Chan School of Public Health e da Boston já tinha sido avançada em Abril, mas, na altura, o estudo não tinha sido sujeito à revisão da publicação em meio científico.

Poluição do  ar agrava risco de morte
D.R

Um estudo publicado na revista científica Science Advances calcula que pequenos aumentos nos níveis de poluição do ar a que doentes com covid-19 estiveram expostos durante um período duradouro estão directamente associados a um aumento de 11% de mortes com a doença.

Confirma-se assim que o grau de exposição duradoura à poluição é um dos factores que reforça a possibilidade de desenvolvimento de doença grave e de morte entre pessoas infectadas com o vírus SARS-CoV-2.

A análise deste grupo de cinco investigadores da Harvard TH Chan School of Public Health, de Boston já tinha sido avançada em Abril, pelo ‘The Guardian’, mas, na altura, o estudo não tinha sido sujeito à revisão de pares e publicação em meio científico.

Em Abril, o cálculo feito pelos investigadores do acréscimo de risco de mortalidade relacionado com a exposição duradoura a ares apenas ligeiramente mais poluídos teve uma variação — de 15% para 11% —, mas mantém-se a associação entre a exposição à poluição e a maior probabilidade de morte.

Como lembra o jornal britânico, já era conhecido o impacto da exposição a níveis mais elevados de poluição no desenvolvimento de doenças de pulmão e de coração.

A líder deste grupo de cinco investigadores, Francesa Dominici, notou que embora a quantificação da associação entre a exposição a ar mais poluído e morte de pessoas com covid-19 justifique mais investigações, já há dados suficientes para ter especial atenção a infectados com o SARS-CoV-2 que tenham estado sujeitos a níveis superiores de poluição aérea (por viverem durante períodos longos em cidades com ar mais poluído, por exemplo). “Não há nada a perder, pelo contrário, só traz benefícios dar prioridade a algumas das áreas mais vulneráveis”, referiu.

Entre as medidas que podem ser tomadas pelas autoridades de saúde e políticas de cada região, Francesa Dominici sugere começar a atacar já os níveis de poluição, reduzindo-os, e no imediato aumentar a capacidade de resposta em cuidados de saúde e o stock de equipamentos de protecção individual (EPI) nas regiões em que os níveis de poluição do ar são superiores.

Há muitos dados científicos que nos levam a pensar que um vírus que ataca os nossos pulmões, e que pode matar-nos com pneumonia viral, pode tornar-se mais mortal se os pulmões estiverem comprometidos por exposição a poluição do ar”, referiu ainda.

Um analista e investigador da universidade de Edimburgo que não fez parte da equipa que chegou a estas conclusões, Mark Miller, notou em declarações ao The Guardian que é “impressionante” que “somente pequenas diferenças nos níveis [de poluição]” tenham este impacto na mortalidade.