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O presidente da comissão executiva do grupo português Unicer, Rui Lopes, reafirmou a intenção de construir uma fábrica em Angola, uma accão que foi apresentada às autoridades angolanas há mais de uma década, segundo declarações prestadas ao Jornal Economico.

Rui Lopes afirmou que a última avaliação ascende a 130 milhões de euros que a companhia tem sem uso, numa unidade desactivada, os equipamentos para instalar na fábrica projectada. Além disso, explicou que a Unicer ainda mantém, em Angola, a empresa que seria veículo do investimento, a Única (49 por cento da Unicer e 51 de investidores locais).

Em termos de quotas de mercado, Angola chegou a ser o segundo maior mercado para a Unicer, lugar ocupado actualmente pela China devido à crise cambial, situação que afecta as contas do grupo, cujas exportações registaram, em 2016, uma quebra de 24%, o que obrigou a procurar novos mercados.

No início de 2007, a pior crise financeira, em quase 80 anos, começou a desenrolar-se, culminando 18 meses depois com o colapso do Lehman Brothers e as ondas de choque sentidas em todo o mundo.

As medidas desesperadas dos governos salvaram-nos da Grande Depressão II e os governantes prometeram que “nunca mais” enfrentaríamos os mesmos riscos. Políticos e bancos centrais iniciaram um amplo processo de reformas, tanto a nível nacional como em coordenação internacional. Todos com o intuito de reduzir a possibilidade de haver um colapso dos bancos muito grandes.

Uma década mais tarde, o sistema financeiro global conseguiu, de certa forma, tornar-se mais seguro, em resposta a esses esforços. De outra forma, no entanto, a estrutura não mudou muito e até pode ter-se tornado mais vulnerável. Mas, em vez de concluir o processo de reformas, os decisores políticos, dos dois lados do Atlântico, parecem empenhados a desfazer a maior parte das medidas que sustentam os progressos alcançados.

A última década rendeu três realizações principais. Primeiro, algumas empresas financeiras falharam e por uma boa razão: os seus modelos de negócios eram maus ou estavam mal administrados ou até ambas as coisas. Ao mesmo tempo, empresas financeiras mais fortes expandiram a sua participação no mercado.

Em segundo lugar, o financiamento dos bancos passou de dívida a participações accionárias. Mais do que um banco proeminente, antes da crise, tinha menos de 2% do seu financiamento em acções – o que significava que mais de 98% do financiancimento provinha da dívida. Isso não acontece actualmente.

Em terceiro lugar, existem agora restrições às actividades dos maiores bancos. A chamada Regra Volcker impede a negociação proprietária - uma forma de especulação interna - por bancos baseados nos Estados Unidos. Noutros países, os supervisores bancários tornaram-se mais cépticos quanto à suposta sofisticada tomada de riscos. Ter cuidado está ‘no ar’.

Infelizmente, todas essas conquistas podem ser efémeras. Os mais poderosos querem remover as restrições aos bancos nos EUA e no Reino Unido. Por exemplo, a regra de Volcker pode vir a sofrer uma grande pressão da Goldman Sachs e de seus muitos alunos que foram colocados em cargos de topo no governo dos EUA.

Gary Cohn, ex-presidente da Goldman Sachs e que antes foi director de operações, chefia o Conselho Económico Nacional do presidente Donald Trump e diz que devemos reduzir os requisitos de capital (o que significa permitir mais dívida e menos fundos de acções nos bancos) para impulsionar a economia. Isto é exactamente o que aconteceu no início dos anos 2000. Se Cohn conseguir fazer vingar esse caminho, as conseqüências serão semelhantes: um desastre.

Desde 2008, o sistema financeiro global tornou-se mais concentrado. Os maiores bancos dos EUA surgem em vantagem relativamente aos concorrentes, incluindo grandes bancos europeus. Como resultado, em mercados-chave e em toda a infra-estrutura financeira essencial do mundo, bancos, como o JPMorgan Chase, permanecem muito grandes para serem autorizados a falhar.

As finanças, às vezes, parecem ser complicadas, mas o que está em jogo é bastante simples. O senador norte-americano Jack Reed recentemente resumiu bem esse jogo: “Os meus eleitores não precisam de calculadoras ou fórmulas de Wall Street extravagantes para entender que há um valor e um benefício para reformar Wall Street e manter a ganância imprudente sob controlo. Há um valor e um benefício para proteger os consumidores e os seus salários. E há um valor e um benefício para manter uma família em casa e evitar a execução de uma hipoteca. “

As opiniões dos governantes sobre a política são moldadas pela forma como vêem o mundo - e o que experimentaram. Se alguém foi dramaticamente ferido por uma crise financeira, é menos provável que essa pessoa deseje passar pelo mesmo drama novamente.

Mas se alguém fez muito bem - comprando activos baratos no final do ciclo, por exemplo, ou expandindo a sua participação nos mercados - parece razoável supor que são menos propensos à cautela. Reed toca precisamente neste ponto ao referir-se à posse de Steve Mnuchin, ex-vice-presidente executivo da Goldman Sachs, como secretário do Tesouro: “Um indivíduo que fez a sua fortuna agressivamente, executando hipotecas sobre os seus irmãos norte-americanos não possui valores adequados, na minha opinião, para ser nosso secretário do Tesouro. Com base neste registo, não estou convencido de que o Sr. Mnuchin seja capaz de drenar o pântano e receio que possa acabar a agredir o sistema em favor do 1% em detrimento dos norte-americanos da classe trabalhadora”.

Mas o Senado confirmou mesmo Mnuchin, o que sugere que estamos prestes a completar um ciclo. A desregulamentação financeira nos anos 1980 e 1990 levou a um ‘boom’ imobiliário no início dos anos 2000; preparou o cenário para o arrefecimento financeiro de 2008 que, por sua vez, deu origem a uma nova onda de reformas a partir de 2010. As reformas foram sérias, mas não foram longe o suficiente e podem ser revertidas sem muita dificuldade. O governo Trump está pronto a fazer exactamente isso.

Os grandes bancos vão ficando cada vez maiores. Os níveis de capital vão cair. E as práticas razoáveis de gestão de risco ficarão, de novo, fora de moda.

Os poderosos saem-se bem em períodos de aceleração e de rupturas. O resto de nós pode esperar uma desigualdade mais profunda e mais pobreza induzida pela crise.

Ex-economista-chefe do FMI, professor do MIT Sloan, e co-autor, com James Kwak, dos livros ‘Casa Branca Burning’, ‘The Founding Fathers’.

POLUIÇÃO. Compra de roupas tem sido fatal para a conservação do ambiente. No mundo, compra-se cada vez mais vestuário que liberta partículas invisíveis e que vão destruindo os mares. É como se cada pessoa, no mundo, jogasse um saco plástico para o mar por semana. O alerta é de um estudo internacional.

A investigação judicial aos ‘Papéis do Panamá’, na Europa, vai ser realizada por cada país e não no conjunto do espaço europeu, como inicialmente tinha sido previsto. A decisão foi acordada por um grupo de procuradores europeus, mas que vão ser coordenados pelo Eurojust, na troca de informação.

A investigação vai ser, no entanto, centralizada pelo Ministério Público da Alemanha, país de onde partiram as primeiras informações sobre o escândalo mundial da utilização de ‘offshores’, mais conhecidos por ‘paraísos fiscais’ no Panamá.

No entanto, se qualquer outro país tiver suspeitas sobre determinadas operações bancárias e um dos fluxos passar por esse país, o respectivo Ministério Público deve recolher essa informação e partilhá-la com os congéneres europeus.

As investigações, por cada país, podem abrir vários processos, atingindo uma mesma entidade, pessoa ou empresa que esteja a ser investigada.