A conclusão é da Fundação Mo Hibrahim

África não consegue gerar oportunidades económicas para população jovem

29 Oct. 2018 Valor Económico Mundo

Apesar do forte crescimento do PIB ao longo dos últimos 10 anos, África não tem conseguido gerar oportunidades económicas para a sua população jovem em expansão, conclui o mais recente relatório da Fundação Mo Hibraim, divulgado hoje.

 

África não consegue gerar oportunidades económicas para população jovem

O Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) de 2018, publicado hoje pela Fundação Mo Ibrahim, realça que o progresso da governação pública está a perder terreno em relação às necessidades e expectativas de uma população em crescimento, composta sobretudo por jovens.

Em média, ao longo da última década, a Governação Global manteve uma trajectória ascendente moderada, com três em cada quatro cidadãos africanos (71,6%) a viver num país em que a governação melhorou.

“Os governos africanos não conseguiram converter o crescimento económico em melhorias no desenvolvimento económico sustentável para os seus cidadãos”, conclui o mais recente relatório da Fundação Mo Hibrahim que analisa, todos os anos, a governação em África.

Desde 2008, a classificação média africana em termos de desenvolvimento económico sustentável aumentou 0,1 pontos, o equivalente a apenas 0,2%, apesar de um aumento continental do PIB de quase 40% durante o mesmo período.

Segundo o estudo, em África não se têm praticamente registado progressos na criação de desenvolvimento económico sustentável, “o que significa que esta se mantém como a categoria com pior desempenho e progresso mais lento do Índice”. Analisando a medida em que os governos possibilitam aos seus cidadãos a prossecução de objectivos económicos e prosperidade nos mesmos, o estudo realça que a tendência de quase estagnação do desenvolvimento económico sustentável, traça um contraste preocupante com o crescimento demográfico e as expectativas dos jovens.

A população africana, segundo o relatório da Mo Hibrahim, aumentou 26% nos últimos 10 anos, numa altura em que 60% dos 1,25 mil milhões de habitantes do continente têm agora menos de 25 anos.

De acordo com o estudo, o progresso continental é impulsionado sobretudo por 15 países que conseguiram acelerar o seu ritmo de evolução nos últimos cinco anos, sendo actualmente mais notável na Costa do Marfim, Marrocos e no Quénia. Esta divergência também se reflecte nas variações de resultado do desenvolvimento económico sustentável.

Embora 27 países de África tenham demonstrado alguma melhoria, em 25 países, que representam 43,2% dos cidadãos africanos, o desempenho em termos de desenvolvimento económico sustentável piorou nos últimos 10 anos.

Em 2017, quatro dos 10 países com o PIB mais elevado do continente continuam a classificar-se abaixo da média africana em termos de desenvolvimento económico sustentável e permanecem na metade inferior das tabelas, nomeadamente a Argélia, Angola, a Nigéria e o Sudão, concluiu o estudo.

Ao mesmo tempo, duas das mais pequenas economias do continente, Seicheles e Cabo Verde, alcançam as 5.ª e 6.ª posições mais elevadas na prestação de desenvolvimento económico sustentável aos seus cidadãos.