África não consegue gerar oportunidades económicas para população jovem
Apesar do forte crescimento do PIB ao longo dos últimos 10 anos, África não tem conseguido gerar oportunidades económicas para a sua população jovem em expansão, conclui o mais recente relatório da Fundação Mo Hibraim, divulgado hoje.
O Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) de 2018, publicado hoje pela Fundação Mo Ibrahim, realça que o progresso da governação pública está a perder terreno em relação às necessidades e expectativas de uma população em crescimento, composta sobretudo por jovens.
Em média, ao longo da última década, a Governação Global manteve uma trajectória ascendente moderada, com três em cada quatro cidadãos africanos (71,6%) a viver num país em que a governação melhorou.
“Os governos africanos não conseguiram converter o crescimento económico em melhorias no desenvolvimento económico sustentável para os seus cidadãos”, conclui o mais recente relatório da Fundação Mo Hibrahim que analisa, todos os anos, a governação em África.
Desde 2008, a classificação média africana em termos de desenvolvimento económico sustentável aumentou 0,1 pontos, o equivalente a apenas 0,2%, apesar de um aumento continental do PIB de quase 40% durante o mesmo período.
Segundo o estudo, em África não se têm praticamente registado progressos na criação de desenvolvimento económico sustentável, “o que significa que esta se mantém como a categoria com pior desempenho e progresso mais lento do Índice”. Analisando a medida em que os governos possibilitam aos seus cidadãos a prossecução de objectivos económicos e prosperidade nos mesmos, o estudo realça que a tendência de quase estagnação do desenvolvimento económico sustentável, traça um contraste preocupante com o crescimento demográfico e as expectativas dos jovens.
A população africana, segundo o relatório da Mo Hibrahim, aumentou 26% nos últimos 10 anos, numa altura em que 60% dos 1,25 mil milhões de habitantes do continente têm agora menos de 25 anos.
De acordo com o estudo, o progresso continental é impulsionado sobretudo por 15 países que conseguiram acelerar o seu ritmo de evolução nos últimos cinco anos, sendo actualmente mais notável na Costa do Marfim, Marrocos e no Quénia. Esta divergência também se reflecte nas variações de resultado do desenvolvimento económico sustentável.
Embora 27 países de África tenham demonstrado alguma melhoria, em 25 países, que representam 43,2% dos cidadãos africanos, o desempenho em termos de desenvolvimento económico sustentável piorou nos últimos 10 anos.
Em 2017, quatro dos 10 países com o PIB mais elevado do continente continuam a classificar-se abaixo da média africana em termos de desenvolvimento económico sustentável e permanecem na metade inferior das tabelas, nomeadamente a Argélia, Angola, a Nigéria e o Sudão, concluiu o estudo.
Ao mesmo tempo, duas das mais pequenas economias do continente, Seicheles e Cabo Verde, alcançam as 5.ª e 6.ª posições mais elevadas na prestação de desenvolvimento económico sustentável aos seus cidadãos.
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