Angola entre os 15 piores em segurança alimentar
SEGURANÇA ALIMENTAR. Mundo assinalou o Dia da Segurança Alimentar no último sábado, 14. VALOR mergulha neste ‘complexo’ universo e mostra até que ponto os consumidores angolanos devem confiar no que consomem.
O conhecimento generalizado sobre a importância dos alimentos para a saúde humana tem sido insuficiente para que todos os intervenientes da cadeia entre a produção e o consumo optem única e simplesmente pelas práticas recomendáveis e aceitáveis.
Foco nos lucros e ignorância são algumas das razões concorrentes para que muitos dos alimentos se tornem em verdadeiras armas mortíferas para os consumidores.
Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que 600 milhões - quase uma em cada 10 pessoas no mundo - ficam doentes depois de comerem alimentos contaminados e 420.000 morrem todos os anos, resultando em perda de 33 milhões de anos de vida saudáveis.
Indicam ainda que crianças menores de cinco anos de idade carregam 40% da carga de doenças transmitidas por alimentos, com 125 mil óbitos por ano e também que as doenças diarreicas são as mais comuns como resultado do consumo de alimentos contaminados, fazendo com que 550 milhões de pessoas adoeçam e 230 mil morram anualmente.
Contágio por dioxina, em carne bovina; vacas loucas, com origem em carnes de aves e contaminação por nitofurano em milho, verdura e soja são alguns dos exemplos.
Por seu turno a forte dependência da importação e o carácter urgente que se atribui à necessidade de diversificação da economia deixam o país em condições perfeitas para a entrada tanto de alimentos como de matérias-primas contaminadas.
Um cenário que motiva interrogar sobre a qualidade do que se come no país e da actividade das instituições que têm como missão garantir a segurança alimentar no país. Para já, os estudos internacionais mostram que há muito trabalho por ser feito.
O país é 13.º pior em termos de segurança alimentar, segundo o índice global de segurança alimentar 2017, produzido pelo Economist Intelligence Unit (EIU) e divulgado recentemente. Ocupa a 101.ª posição no grupo de 113 com 33,2 pontos dos 100 possíveis, resultado de uma redução de cerca de 3,2%, comparativamente a 2016.
Vários são os factores que concorrem para esta posição de Angola, segundo as diversas opiniões de intervenientes da cadeia que concorre para a segurança alimentar. A empresária Elizabete Dias dos Santos, por exemplo, defende a necessidade de uniformização dos mecanismos utilizados na produção nacional, enquanto o biólogo Alcides Castro fala da necessidade de melhoria no armazenamento e manuseamento dos produtos.
Por sua vez, Maria Paula Parmigiani, directora técnica da Bromangol, apresenta como razão a falta de divulgação do trabalho que tem sido feito nos últimos anos no país.
“A leitura técnica desta situação remete ao facto da não divulgação e tratamento dos resultados emitidos pela Bromangol em relação a todo o trabalho já efectuado cá em Angola. São gerados aproximadamente 21 mil resultados analíticos/mês, encaminhados às autoridades competentes. Ao longo destes quase cinco anos de trabalho, foram recolhidas aproximadamente 300 mil amostras de produtos alimentares em vários pontos fronteiriços (Porto de Luanda, Aeroporto de Luanda, Porto do Lobito, Santa Clara e Katuitui – fronteira com a Namíbia”, precisou.
Por outro lado, o Índice Global de Segurança Alimentar mostra que os Estados Unidos da América são mais bem posicionados de entre os que mais exportam alimentos para o país. Os EUA ocupam o segundo lugar do ‘ranking’ a nível mundial, depois da Irlanda, enquanto Portugal, que é quem mais vende para Angola, encerra o top 20 do índice. No entanto, Portugal ocupa o primeiro lugar no que diz respeito aos itens da qualidade e segurança alimentar (um dos três de avaliação do índice).
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