EM CAUSA O NÚMERO CRESCENTE DE INCUMPRIDORES

BDA sensibiliza caloteiros

EDUCAÇÃO FINANCEIRA. Programa que visa sensibilizar o público para a importância do reembolso do crédito concedido pela banca pretende atingir 90% da população adulta em todo o país.

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Um programa que o Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA) lançou, em meados deste ano, pretende atingir toda a sociedade e sensibilizar clientes devedores sobre a necessidade de reembolsarem os créditos. A instituição diz-se “agastada” porque tem vindo a registar números crescentes de clientes nessa condição.

Carlos Garcia, supervisor do programa ‘Diversificar’, disse ao VALOR que grande parte da clientela tem invocado a crise económica para justificar o incumprimento, mas a instituição, totalmente detida pelo Estado angolano, tem outro entendimento. “Uns usam para fins contrários aos declarados, e outros por falta de experiência no mundo dos negócios”, considera.

Lançado em Julho deste ano, ‘Diversificar’ apela o público a honrar os compromissos, reembolsando os créditos. Até 1 de Setembro, o BDA diz que já havia “sensibilizado” 35.487 clientes individuais, 4.406 estabelecimentos comerciais e 67 instituições públicas e privadas. Recusou-se, entretanto, a revelar o número de devedores.

Carlos Garcia garante que os bancos estão abertos à concessão de créditos, mas esclarece que, em muitos casos, “se fecham porque o solicitante não apresenta garantias”.

O supervisor do BDA lembra que os bancos são empresas, que analisam minuciosamente qualquer projecto candidato a financiamento. Alguns clientes apresentam casas e terrenos, que entretanto, salienta a fonte, não servem de garantias porque, em muitos casos, não estão legalizados. “É preciso escritura dos bens para que sirvam de garantia”, lembra, assinalando que os bancos não estão no mercado para perder.

O BDA admite que o elevado número de clientes em incumprimento obrigou o banco de capitais públicos a reavaliar os financiamentos e a reestruturar os projectos, com impacto nos prazos dos créditos. No caso dos projectos da indústria transformadora, por exemplo, o prazo de reembolso passou de 48 para 36 meses.

‘Diversificar’ surge com um pendor didáctico, pois, explica o banco, reforça a ideia de que o crédito é um empréstimo que deve ser reembolsado, sob pena de comprometer o desenvolvimento económico do país. O banco diz pretender criar “um ciclo virtuoso na economia do tipo hoje na sua mão, amanhã de volta ao banco”.

Na quinta-feira, 7, a campanha visou os funcionários do Ministério dos Transporte, onde a directora do gabinete de estudos, planeamento e estatística, Teresa Muro, referiu que a diversificação da economia deve passar por escalões, nomeadamente micro, pequenos, médios e grandes investidores. Para Teresa Muro, é neste sentido que os bancos devem financiar pequenos e grandes negócios, desde que os solicitantes se mostrem capazes de honrar os compromissos nos prazos acordados.

Muro disse não ter dúvidas de que existe muita gente desejosa em apoiar a diversificação da economia, mas lamenta que se privilegiem os grandes negócios.

A campanha do BDA prevê, nos próximos tempos, atingir estudantes universitários.