ANGOLA GROWING
PETROLÍFERA BRITÂNICA APRESENTOU RELATÓRIO EM LUANDA

BP paga cerca de 500 milhões USD em impostos em Angola

CONTAS. Petrolífera britânica apresentou Relatório de Sustentabilidade, indicando que já investiu mais 30 mil milhões de dólares em Angola, com mais de 700 postos de trabalho criados.

20668485 791249961000156 1493213202 n

A BP (BritishPetroleum) pagou 484 milhões de dólares ao Estado angolano em impostos de rendimento e de consumo, em 2016, lê-se no Relatório de Sustentabilidade da operadora, apresentado em Luanda. De acordo com o documento, no ano passado, a BP Angola desembolsou 579 milhões de dólares em pagamentos a empresas nacionais, fornecedoras da cadeia de abastecimento da petrolífera britânica.

Em salários e regalias de cerca de 750 funcionários (86% dos quais são angolanos), pagou 137 milhões de dólares, enquanto, em responsabilidade social, foram gastos 2,1 milhões de dólares.

Até 2016, a produtora de petróleo fez um investimento em Angola acima dos 30 mil milhões de dólares, apresentando-se como um dos maiores investidores privados do país. A produção do ano em análise fixou-se em 223 mil barris de petróleo por dia, o que representou cerca de 10% da produção total de Angola e 19% da produção da BP no mundo.

“Nesta altura, o declínio da nossa produção está a cerca de 16%/ano. O que queremos é inverter esta situação com os nossos colegas do Observatório para sermos sustentáveis. Temos de gerir o declínio e a redução de custos”, sublinhou o director-geral adjunto da BP Angola, Hélder Silva, assinalando que reduzir custos passa, sobretudo, por “usar melhor as ferramentas que temos e planificar melhor o trabalho”.

A operadora decidiu abdicar da sua participação de 50% no Bloco, segundo o Relatório de Sustentabilidade, que não aponta números de lucros e perdas financeiras que a empresa registou em 2016. No entanto, o VALOR tinha já noticiado, na edição de 3 de Julho, que a BP perdera à volta de 750 milhões de dólares entre 2014 e 2016, na sequência do ‘fracasso’ dos investimentos ‘economicamente inviáveis’ que fez nos blocos 19 e 29. O relatório cita apenas o abandono, a 31 de Dezembro, do Bloco 19.

Além dos 750 milhões de dólares perdidos, nos blocos 19 e 29, nas contas da BP vai ainda reflectir-se a saída de vários milhões de dólares para resolver antigas ‘querelas’ tributárias entre a petrolífera e o Estado Angolano. No impasse, entretanto ultrapassado, segundo o próprio Governo, estão também envolvidas gigantes como a Total, a Chevron, a ExxonMobil, a ENI e a Satoil.

Para Hélder Silva, o maior desafio da BP não é reduzir custos, mas desenvolver novos recursos. “Se a cem dólares o barril já não estava a funcionar, como vai funcionar a 40 ou 50 dólares. Aí é onde vêm as tecnologias. Estamos a trabalhar nisso, em colaboração com os nossos parceiros.”

Nos últimos dois anos, devido ao mau momento do petróleo nos mercados, a BP teve de reduzir o número de trabalhadores. “Fizemos os possíveis para minimizar o impacto na força de trabalho angolana. Priorizámos a redução na força de trabalho expatriada”, explicou o vice-presidente para a comunicação da operadora, Paulo Pizarro, avançando que, para os trabalhadores angolanos que perderam os empregos na BP, foi contratada uma empresa para ajudá-los a reenquadrar-se no mercado.