‘Cash call’ obriga Sonangol a alienar blocos
PETRÓLEO. Para reduzir a dívida de ‘cash call’ com os empreiteiros,Sonangol vai reduzir a participação nos blocos petrolíferos.
A medida anunciada pela administração da Sonangol, de se desfazer parcialmente de 10 blocos petrolíferos, tem, como uma das principais razões, a necessidade de se estancar ou reduzir “drasticamente” a dívida que a petrolífera estatal mantém com os grupos empreiteiros.
Outra razão, segundo uma fonte conhecedora do processo, tem que ver com a necessidade de a empresa estatal controlar o seu nível de exposição. “Por exemplo, no bloco 31, a Sonangol é parceira maioritária com 45%, no entanto não é o operador, o que significa que quem de facto corre maior risco advindo de uma decisão é quem tem a maior participação, neste caso, a Sonangol. Por outro lado, no pagamento do ‘cash call’, a Sonangol não tem cumprido, daí a necessidade de redução da exposição”, explica.
“Nos petróleos há uma regra: paga o teu ‘cash call’. Se as empresas operadoras fossem rigorosas, a Sonangol estaria fora de alguns blocos”, precisa a fonte, observando que a redução “claramente terá impacto nas receitas da empresa, sendo que as despesas serão também menores”.
No universo do petróleo, as operações de ‘cash call’ traduzem-se em operações de antecipações financeiras solicitadas pelo operador ou líder de consórcio de um determinado empreendimento de exploração e produção, sendo que os orçamentos são previamente aprovados pelos associados.
No final do ano passado, a dívida da Sonangol relacionada com o ‘cash call’ estava estimada em perto de três mil milhões de dólares.
Entre os blocos a serem alienados, constam os 15/06, o 31, 32, ou seja, todos aqueles em que a Sonangol tem uma participação acima dos 20%. Estão previstos também os blocos 21/09 e 20/11, que pertenceram à norte-americana Cobalt e que estiveram na base de um diferendo entre as duas companhias que terminou com a Sonangol a pagar 500 milhões de dólares, como resultado de uma resolução amigável.
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