China ‘desforra-se’ de Chamisa
ELEIÇÕES. Candidato da oposição manifestou-se contra os acordos com a China e prometia revê-los. Chineses manifestam-se na defesa dos resultados eleitorais que deram a vitória a Mnangagwa.
A China deu sinais de se ter incomodado com discursos ‘anti-China’ do líder da oposição no Zimbábue, Nelson Chamisa, durante a campanha eleitoral para as eleições de 30 de Julho e cujos resultados mantêm a ZANU-PF no poder e confirmam Emmerson Mnangagwa na presidência.
Os chineses foram os primeiros a considerar “pacífica e ordeira” a eleição, solicitando que se “respeite a escolha do povo”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China em Pequim, Geng Shuang, garantiu que a China quer trabalhar com a comunidade internacional para salvaguardar a “paz, estabilidade e desenvolvimento” naquele país.
“Como um país amigo do Zimbábue, pedimos que as partes relevantes tenham em mente o interesse do país e do povo”, salientou, acrescentando que a China se baseava-se nas declarações dos observadores que enviou ao Zimbábue.
“De acordo com suas observações no terreno, o nível de participação do povo do Zimbábue foi alto, a eleição foi geralmente pacífica e ordeira”, reforçou Geng.
Durante a campanha eleitoral, o principal candidato da oposição prometeu rever os contratos entre os dois países. “Vi os acordos que (o presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, celebrou com a China e outros e estão a roubar os recursos do país”, salientava Nelson Chamisa, num comício em Maio.
Nessa altura, prometeu, a partir de Setembro, quando assumir o cargo, “chamar os chineses e dizer que os acordos que assinaram são inaceitáveis e que eles deveriam voltar para o país deles”.
A posição de Nelson Chamisa já tinha sido ensaiada pelo ex-presidente zambiano Michael Sata, que faleceu em Outubro de 2014. Enquanto candidato da oposição, optou pelos discursos ‘anti-China’, durante a campanha eleitoral para as eleições de Setembro de 2011. Especialistas consideraram, na altura, que aquela posição foi determinante para a sua vitória folgada. O mesmo resultado não teve, entretanto, Chamisa.
Relações económicas
Pequim mantém estreitos laços económicos e diplomáticos com o Zimbábue, sendo o maior investidor estrangeiro. Nos últimos anos, Mnangagwa foi visto como mais favorável aos negócios e pragmático do que muitos outros altos executivos do partido no poder Zanu-PF, características atraentes para um governo chinês interessado em proteger investimentos que vão desde redes de telefonia móvel à energia hidroeléctrica e tabaco.
O presidente eleito visitou Pequim pouco antes do golpe contra Mugabe, o que levou à especulação de que havia procurado a bênção das autoridades para a mudança de liderança, apesar de a China descrever a viagem como uma “troca militar normal”.
Voltou a visitar Pequim, enquanto presidente interino. Alguns meses antes, a China havia assinado um empréstimo de 153 milhões de dólares para expandir e actualizar o aeroporto internacional de Harare, uma iniciativa que visava estimular o turismo e o investimento.
O partido comunista chinês, liderado por Xi Jinping, comprometeu-se a promover o rápido crescimento económico, mantendo um controlo sobre o poder político.
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