General sente-se vítima dos promotores da burla
JULGAMENTO. José Arsénio Manuel vai processar dois dos arguidos do caso denominado ‘burla tailandesa’. General garante ter agido pelo interesse da cooperativa militar. Os agora réus prometeram pagar a dívida pública em troca de concessões mineiras.
O general José Arsénio Manuel, presidente do conselho de administração da cooperativa Njango Yetu, afecta às Forças Armadas Angolanas (FAA), garantiu ter apresentado uma queixa-crime junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC) contra a empresária Celeste de Brito e o tailandês Raveeroj Ritchteanam, por se considerar “vítima” deste projecto de suposta burla ao Estado no valor de 50 mil milhões de dólares. A revelação foi feita perante o colectivo de juízes, que está a julgar o caso conhecido por ‘burla tailandesa’.
Durante a audiência, a semana passada, o oficial superior das FAA acusou Celeste de Brito e Raveeroj Ritchteanam de serem os principais promotores do processo em Angola.
José Arsénio Manuel revelou que teve um primeiro contacto com o caso a partir do momento em que tomou conhecimento da carta de chamada de um grupo de empresários tailandeses.
O general não soube precisar o conteúdo completo da suposta missiva, mas afirmou que, a determinada altura, Celeste de Brito e Raveeroj Ritchteanam “entraram em rota de colisão”.
O colectivo de juízes questionou, também, o réu se era normal o general Afonso Lopes Teixeira, na qualidade de assessor e colaborador da cooperativa, endereçar uma carta ao Presidente da República para interceder pelo projecto, respondendo que o seu assessor “o fêz por interesse da própria cooperativa”.
O general confirmou, por outro lado, que, além da UTIP, ele e o réu Raveeroj Ritchteanam, figura principal neste processo, participaram num encontro em que estiveram presentes o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, e o actual ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu. Afirmou que, nesse encontro, “bastante curto”, os ministros questionaram apenas se o projecto teria custos para o Estado.
A alegada tentativa de burla de 50 mil milhões de dólares ao Estado começou, segundo a acusação, a 27 de Novembro de 2017, quando chegou a Angola um grupo de 10 pessoas, do qual faziam parte os agora quatro arguidos tailandeses e mais outros três nacionais da Tailândia, que não foram detidos por já não se encontrarem em Angola. A delegação era ainda composta pelo canadiano Pierre Rene Tchio Noukekan e pelo japonês Miyazaki Yasuo, também ausentes do país.
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