Greve na Servetch sem fim à vista
PETRÓLEO. Trabalhadores suspenderam actividades no campo petrolífero em Cabinda, após último aviso em Julho, dirigido à entidade patronal para o cumprimento de exigências.
Os trabalhadores da Servetch Sparrows, petrolífera britânica que actua no campo petrolífero de Malongo, em Cabinda, iniciaram, há uma semana, uma greve por tempo indeterminado, depois dos avisos da comissão sindical, no mês passado, e após ter expirado o prazo concedido à entidade patronal para que atendesse às exigências.
Em Julho último, em carta endereçada ao Ministério dos Petróleos, os trabalhadores denunciavam supostas práticas que atentam contra as leis angolanas, incluindo alegações de racismo, incumprimento das imposições migratórias e fuga ao fisco. Segundo a denúncia, há casos em que colaboradores estrangeiros chegam a permanecer no país entre oito e 25 anos.
Os trabalhadores contestam também a ausência de um qualificador profissional, facto que, no entendimento destes, concorre para o impedimento da progressão na carreira por parte dos profissionais angolanos, além de ser um entrave ao processo de angolanização da indústria petrolífera. As queixas juntam ainda a “resistência” da empresa em actualizar os salários, acompanhando os câmbios oficiais do Banco Nacional de Angola, considerando que a remuneração está atrelada ao dólar norte-americano, a divisa de referência em Angola. A partir de Cabinda, o responsável da comissão sindical, Carlos Cacubica, reafirmou ao VALOR que o recurso à greve se deve “ao facto de existir um mau ambiente de trabalho, persistindo as discriminações raciais contra os angolanos, situação que tem gerado várias frustrações”. Os grevistas exigem agora também a saída dos estrangeiros, como condição para regressarem ao trabalho, além do cumprimento das outras reivindicações.
A direcção da Servetch Sparrows, até ao fecho da edição, não se havia pronunciado sobre a paralisação dos trabalhos, situação que afecta, no curto espaço, a produção daquele campo petrolífero, tendo em conta que a empresa britânica se dedica à operação e à reparação de guindastes.
A comissão sindical “estranha”, no entanto, o silêncio do Ministério dos Petróleos, lembrando que, das duas denúncias enviadas ao departamento ministerial liderado por José Botelho de Vasconcelos (a primeira foi em 2014), nunca recebeu qualquer resposta “como se tudo estivesse a correr bem, quando leis angolanas estão a ser deliberadamente violadas”.
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