Chefe de Estado garante que pretende continuar "a servir" Angola

João Lourenço revela que já pensou no perfil do seu sucessor depois do mandato que termina em 2027

O Presidente da República revelou, em entrevista à revista Jeune Afrique, que já pensou no perfil do seu sucessor depois do seu último mandato, que termina em 2027. Para João Lourenço, o seu sucessor deve ser alguém que " venha a servir o país, igual ou melhor" do que ele.  
 

João Lourenço revela que já pensou no perfil do seu sucessor depois do mandato que termina em 2027

Na entrevista, o Presidente da República destacou que a constituição da República de Angola estabelece que um presidente não pode exercer mais de dois mandatos consecutivos, e isso deve ser cumprido. Lembrou ainda que se houvesse a intenção por parte do MPLA, partido que governa, em alterar a constituição para permitir um terceiro mandato ao Presidente da República tê-lo-ia feito. “No meu primeiro mandato, por iniciativa do MPLA, que tinha maioria qualificada no Parlamento, tinha mais de 2/3, poderia ter alterado o artigo que estabelece que só tem dois mandatos. Teve essa possibilidade. A iniciativa de mexer na Constituição naquela altura foi nossa. Mexemos em tudo o resto, não tocamos neste quesito da limitação dos mandatos em dois. Fala-se aí muito, porque “quer terceiro mandato, quer terceiro mandato”... Tê-lo-íamos feito. Teríamos mudado. Ali não haveria milagres a fazer. Ninguém conseguiria impedir que essa alteração fosse feita. Ninguém, porque o MPLA, naquela altura, tinha a maioria qualificada de 2/3 no Parlamento. Portanto, tinha, como se costuma dizer na gíria, a faca e o queijo na mão. E nós não usamos a faca para cortar o queijo na medida dos nossos interesses, se tivesse havido esse interesse de fazer com que o Presidente da República tivesse mais do que dois mandatos”.  
  
João Lourenço revelou também planos para o futuro. Disse que depois de 2027 pretende " continuar a servir o país de várias formas". " Servir o país não é preciso ter funções adquiridas por via de uma nomeação.Como patriota que sou, e enquanto tiver saúde, de certeza que vou continuar a servir o meu país da melhor forma que puder. Falando, escrevendo, estarei a contribuir para o engrandecimento do meu país".  
 
Na entrevista, o chefe de Estado, reiterou a intenção do Governo em continuar de forma gradual aproximar o preço dos combustíveis ao " preço justo de mercado". " Os preços, regra geral, não são fixos. O preço de um par de sapatos há dez anos não é o mesmo preço de hoje. O preço da habitação, há dez anos, não é o mesmo preço de hoje. Portanto, o combustível é um produto como qualquer outro. Obedecem a um conjunto de factores. Hoje é um preço, amanhã tem de ter outro preço. O preço não pode ser fixo e eterno". 
 
Durante a entrevista, foram ainda abordados temas como a diversificação da economia, os desafios da sua liderança na União Africana, posto que passou a assumir a partir de hoje.