CRISE CAMBIAL

Kwanza ainda sob pressão

A pressão sobre a moeda nacional vai continuar. O BNA não consegue suprir as necessidades de moeda externa, considera o Standard Bank, numa nota emitida na África do Sul, citado pela agência Bloomberg.

A pressão sobre a moeda nacional vai continuar a aumentar na medida em que o Banco Nacional de Angola não consegue suprir as necessidades do mercado em moeda externa, disse o Standard Bank, numa nota emitida na África do Sul, citada pela agência financeira Bloomberg.

“Na ausência de um aumento constante da oferta de moeda externa, a pressão enfraquecedora sobre o kwanza vai aumentar”, disse Samantha Singh, analista do Standard Bank. “O mercado não está a satisfazer-se com a taxa de câmbio prevalecente.”

No leilão de moeda, realizado na semana de 13 a 17 de Junho aos bancos comerciais, o BNA vendeu divisas no montante de “apenas” 56 milhões de euros “para as operações diversas”, segundo nota do banco publicado no seu sítio de internet.

O dólar norte-americano, a moeda de referência para Angola, está cotado ao câmbio oficial de 166,711 kwanzas, enquanto o euro está a 186,265 kwanzas. Mas, no mercado paralelo, a moeda nacional está três vezes mais depreciada, com o dólar a ser vendido entre 570 e 590 kwanzas.

O preço do barril de crude angolano atingiu uma média de 37,5 dólares nas exportações realizadas no mês de Maio, de acordo com dados publicados pelo Ministério das Finanças. E o Presidente da República, durante a reunião de Conselho de Ministros realizado no Luena, Moxico, admitiu que a queda do preço do petróleo, quase a única fonte de receitas de cambais, tem tornado difícil para o país arrecadar divisas.

Vários observadores locais e o Fundo Monetário Internacional vêm defendendo a desvalorização do kwanza para o “alívio da pressão”, medida que deve ser acompanhada de “colaterais” para evitar efeitos negativos, como a subida vertiginosa de preços, já que o país vive essencialmente de importações.

Os observadores insistem também na necessidade da captação do investimento externo directo, como a saída “mais rápida” e menos onerosa para a crise de cambiais. Mas esse tipo de investimento requer “boas políticas e bom ambiente de negócios”, elementos que não só estão em falta em Angola, assim como o país é obrigado a concorrer com nações vizinhas “mais bem posicionadas”, segundo o Banco Mundial.

 

Goldman Sachs arranja empréstimo de mil milhões USD

O banco americano Goldman Sachs está a facilitar Angola a obter um crédito sindicado de mil milhões de dólares para a importação de alimentos, medicamentos e outras necessidades, divulgou esta semana o ‘The Wall Street Journal’.

O Goldman Sachs facilita o financiamento de entre 500 e 600 milhões de dólares, com garantias do crédito a ser prestado pelo Banco Mundial no valor de 200 milhões de dólares. A instituição de Bretton Woods já havia fornecido crédito de 450 milhões de dólares como parte do seu compromisso em ajudar o país a diversificar a economia. Já a GemCorp LLP, uma entidade financeira sediada em Londres e outro parceiro no empréstimo, “tem capacidade de disponibilizar centenas de milhões de dólares dependentemente das necessidades,” conforme citado pelo WSJ.

A economista Laurinda Hoygaard, em declarações recentes a jornalistas, considerou de “alarmantes” o crescente volume de empréstimos que o país tem estado a assumir nos últimos anos desde que estalou a crise no mercado internacional de futuros. Mas oficiais da Unidade de Gestão da Dívida do Ministério das Finanças dizem que os níveis estão abaixo dos 60% do Produto Interno Bruto (PIB), logo “sustentável.” Citada pela ‘Radio Nacional de Angola’, no mês passado, Angélica Paquete, directora da UGD, afirmou que, a curto prazo, poderão ocorrer variações no nível da dívida em relação ao PIB, mas que, a longo prazo, deverá rondar os 60%.

As garantias de Paquete surgiram um mês depois de a agência de notação Moody’s ter baixado para B1 o ‘rating’ de Angola, citando a “deterioração” das posições fiscais e externas do país, devido à queda do preço do crude, do qual o país depende “significativamente”.

Ao mesmo tempo, a Moody’s atirou para o “lixo” o valor das Obrigações de Tesouro de longo prazo em moeda nacional, de Ba1 para Baa3, o nível mais baixo de sempre.