GÁS EFEITO-ESTUFA CONTA COM UM ACORDO INTERNACIONAL

Mundo combate subida ?das temperaturas

 CLIMA. Por causa da preocupante subida da temperatura, quase todo o mundo concorda em reduzir gases de efeito-estufa. Produtos usados no ar condicionado e nas geleiras podem ter dias contados.

 

Cerca de 200 países fecharam, em Kigali (Ruanda), um acordo internacional para reduzir o uso de hidrofluorcarbonetos (HFC), um potente gás de efeito estufa, muito utilizado na refrigeração.

Os HFC começaram a ser emitidos nos anos 1990 em substituição dos gases que danificavam a camada de ozono. O acordo visa reduzir o emprego do hidrofluorcarbonetos entre 80% e 85% até meados do século.

O Protocolo de Montreal, um tratado de 1987 elaborado para evitar a deterioração da camada de ozono, é um dos exemplos de pactos internacionais sobre o ambiente que teve sucesso nas últimas décadas. Esse acordo, que entrou em vigor em 1989, fez com que se conseguisse reduzir a destruição da camada de ozono graças à erradicação dos clorofluorocarbonetos (CFC) para a refrigeração. Mas a alternativa que a indústria de ar condicionado e refrigeradores encontrou, os hidrofluorcarbonetos, é um potente gás de efeito estufa: impede que a terra se esfrie e, portanto, contribui para o aquecimento global.

Os hidrofluorcarbonetos formam parte dos chamados contaminantes climáticos de vida curta. Permanecem na atmosfera por entre cinco e dez anos e os especialistas acreditam que a sua erradicação terá efeitos imediatos para reduzir o aquecimento global. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o acordo vai evitar um aumento global da temperatura até ao final do século de até 0,5 graus centígrados.

As projeções indicam que o uso de HFC poderá disparar nas próximas décadas (já aumenta a um ritmo de 10% ao ano) se não for travado.

O acordo inclui um calendário de redução de uso desses hidrofluorcarbonetos, que começará a ser aplicado em 2019 para países desenvolvidos e concluirá para todos em meados do século.

Segundo a Fundação Europeia do Clima, a aplicação da emenda equivale, para os efeitos do aquecimento global, ao encerramento de metade da produção de energia com carbono da China ou a retirar 500 milhões de carros das ruas do mundo

CO2 MAIS ACTIVO QUE NUNCA

Pela primeira vez, o nosso planeta, desde a existência humana, superou a cifra de 400 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito-estufa. É o gás que mais contribui para o aquecimento global, que tem conduzido a uma mudança climática cada vez mais irreversível. Uma vez libertado, a sua concentração leva milénios para diminuir.

Em Maio de 2013, a agência norte-americana NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) captava no vulcão havaiano de Mauna Loa uma concentração de 400 ppm de CO2 no ar. No início da Revolução Industrial, havia 278 ppm – uma concentração que representava um equilíbrio natural entre a atmosfera, os oceanos e a biosfera. Mas a crescente queima de combustíveis fósseis (primeiro o carvão, depois o petróleo) alterou o equilíbrio.

O registo de 2013, no entanto, foi pontual, localizado e temporário. A cifra baixou nos meses seguintes. Mas, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 2015, a marca das 400 ppm foi generalizada, global e sem a influência das mudanças estacionais sobre os níveis de CO2.

O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, reconhece que será difícil cumprir o objectivos de que a temperatura não suba mais de dois graus até ao final do século) com uma concentração de CO2 muito elevada, já que permanece na atmosfera, sobretudo nos oceanos. “Se não contivermos as emissões do gás, não poderemos lutar contra a mudança climática nem manter o aumento da temperatura abaixo dos dois graus em relação à era pré-industrial”, explica o cientista.

Durante a última década, a quantidade de CO2 na atmosfera mantinha-se próxima das 400 ppm, mas sem os superar. Para os climatologistas da NOAA, a gota d’água foi o fenómeno climático ‘El Niño’ (alterações significativas de curta duração, 15 a 18 meses.