Oby Ezekwesili ameaça Buhari nas presidenciais
ELEIÇÕES. Primeira mulher a ‘desafiar’ um chefe de Estado cessante, antiga ministra e funcionária do Banco Mundial, tem sérias hipóteses de chegar ao ‘cadeirão’.
Apontada como uma forte candidata a quebrar o histórico de disputa às presidências da Nigéria apenas pelos candidatos dos dois partidos tradicionais, Obiageli Azekwesili defende-se das acusações que dão conta que pouco ou nada sabe sobre política, argumentando que o mais importante é “importar-se com as pessoas”. “Não quero saber nada sobre política.Sei como me importar com as outras pessoas e isso é política o suficiente.. É exactamente o que vou fazer”, argumentou, na semana passada, em entrevista ao site nigeriano Pulse.
Nascida em 1963, no Sul da Nigéria, Obiageli Ezekwesili (popularmente conhecida por ‘Oby’) é 20 anos mais nova dos três candidatos que, em Fevereiro de 2019, disputam a presidência do país mais populoso de África com 186 milhões de habitantes. O candidato do principal partido da oposição, Atiku Abubakar, tem 72 anos e o actual chefe de Estado, Mahummadu Buhari, está com 75.
Famosa por ter sido co-fundadora de um grupo defensor da libertação de 276 meninas raptadas pelo Boko Haram, em 2014, Ezekwesili é crítica do governo nigeriano e analistas acreditam que a sua presença na corrida presidencial poderá atrapalhar o que se considera uma luta directa entre os dois partidos dominantes: o Congresso de Todos os Progressitas (APC, acrónimo em inglês) de Buhari, e o Partido Democrático do Povo (PDP) que apoia Atiku Abubakar. Desde o fim do regime militar, em 1999, todos os presidentes nigerianos saíram destas duas formações políticas do Norte.
Primeira mulher a ‘desafiar’ um chefe de Estado cessante, pode também retirar dividendos da rivalidade regional, onde os sulistas surgem desejosos de voltar à liderança do país. Mas contra ela pesa uma ‘afinada’ máquina eleitoral e dinheiro dos dois principais partidos. Contudo, a formação que aceitou a sua candidatura já anunciou o arranque de uma campanha para angariar fundos para ‘aguentar’ a sua projecção eleitoral.
A candidata, com fortes hipóteses de chegar ao ‘cadeirão’ presidencial, segundo sondagens, possui dois mestrados: um em Direito Internacional e Diplomacia pela Universidade de Lagos e outro em Administração Pública pela Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard, nos EUA. Trabalhou e ganhou experiência com Deloitte et Touche, como revisora oficial de contas.
EXPERIÊNCIA GOVERNATIVA
Nomeada para a equipa do governo do ex-presidente Olusegun Obasanjo, é responsável pelo monitoramento do orçamento e de compras. É nessa posição que ganha o apelido de ‘Madame Due Process’ (‘Processo de Madame Due’) pelo trabalho realizado na consolidação de contratos públicos. Durante seis anos e meio no governo, foi a arquitecta da legislação de aquisições do Governo da Iniciativa de Transparência das Indústrias Extratcivas Nigerianas (NEITI), e nova legislação sobre Minerais e Mineração.
Em Junho de 2005, foi nomeada ministra da Extracção Mineral e, durante o mandato, liderou um programa de reformas que levou ao reconhecimento mundial da Nigéria. Também é presidente da NEITI e lidera a primeira implementação nacional de padrões e princípios internacionais de transparência em petróleo, gás e mineração. De Junho de 2006 a Maio de 2007, foi ministra Federal da Educação.
Em Março de 2007, Oby Ezekwesili foi indicada como vice-presidente para a Região da África do Banco Mundial (BM). Cinco anos depois, deixou o BM, tendo sido substituída pelo economista senegalês Makhtar Diop.
Foi nesta altura, que participou na fundação da ‘Transparency International’, uma organização de transparência e luta contra a corrupção nos governos. Trabalhou também como assessora económica da Open Society Foundation, do bilionário norte-americano George Soros.
Em Outubro de 2012, uma das principais empresas de telecomunicações corporativas do mundo, a indiana Bharti Airtel, bem estabelecida em África, coloca-a como directora do seu conselho de directores. Fez igualmente parte do conselho do Fundo Global para a Natureza (WWF), da Escola de Política Pública da Universidade da Europa Central, da Escola de Governo e Política Harold Hartog, da revista África e do Centro de Liderança Global na Universidade Tufts.
Em Maio de 2012, recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Ciência (DSC) pela Universidade Abeokuta de Agricultura da Nigéria. Tendo sido ainda selecionada como uma das 100 mulheres influentes do mundo, pela BBC, em 2014.
Em Março de 2014, discursou na Assembleia Nacional da All Congresso Progressistas (APC), criado em 2013, que rapidamente se tornou o principal partido da oposição na Nigéria.
Em julho de 2014, quando pretendia embarcar num voo da British Airways para Londres para participar de um programa da BBC, foi presa pelo Serviço de Segurança do Estado da Nigéria. Com o passaporte confiscado, foi libertada horas depois.
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