STANDARD CHARTERED

Pequenos crescem ?e grandes quedam

CRESCIMENTO. Banco londrino Standard Chartered mantém perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto de Angola, abaixo dos 2% este ano.

O quadro macro-económico angolano não augura as melhores perspectivas nos próximos dois anos, segundo a leitura do Standard Chartered, que considera o desempenho do país como “o pior entre as principais economias do continente”, com excepção apenas da África do Sul.

Numa análise continental, a Costa do Marfim adianta-se entre os três primeiros países com maiores crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, situando-se nos ‘invejáveis’ 8,2%, o mesmo que este ano. A Tanzânia surge na segunda posição, com um crescimento de 7,3%, em 2017, contra os 7,1% este ano, ao passo que o Gana com 6,5% e 4,8%, respectivamente, em 2017 e 2016, é o terceiro do ‘ranking’.

Noutro extremo, os dois principais exportadores de petróleo têm um desempenho que “deixa a desejar”, segundo os números do Standard Chartered. O PIB da Nigéria deverá crescer 1,6%, em 2016, e 4,2% em 2017, espelhando semelhanças com a realidade angolana, como reflexo da queda do preço do petróleo no mercado internacional.

Angola é também o país que regista a maior inflação do continente, que “corrói perigosamente” o poder de compra dos cidadãos. O Standard Chartered estima que o Índice de Preços no Consumidor (CPI, na sigla em inglês) vá atingir os 25% até ao final do corrente ano, devendo cair para os 15% no próximo. Apenas a Zâmbia regista uma inflação tão elevada, fixada nos 19,1% este ano. Mas, contrariamente a Angola, o vizinho do Leste deverá ver a sua inflação a cair para a casa de um dígito, situando-se nos 7,8% em 2017, uma queda abaixo da metade. No global, é, no entanto, o Gana que tem a pior inflação depois de Angola, 17,9% no ano em curso, contra 11,7% no ano seguinte.

Acrescentando ao seu bom desempenho, a Costa do Marfim, o país com maior crescimento do PIB nos próximos anos, é o menos inflacionado do continente. O CPI daquele país será de 2,5% este ano e 2% em 2017. O ‘segredo’ da Costa do Marfim está no foco da diversificação da economia, um curso seguido com “rigor” desde que aquela nação oeste-africana emergiu do conflito eleitoral em 2010, segundo Abdourahmane Cissé, ministro do Orçamento, em entrevista recente ao jornal londrino ‘The Guardian’.

“Desde 2011, o presidente queria colocar um foco forte numa economia diversificada. A nossa economia agora está muito diversificada”, disse Cissé, um antigo ‘trader’ do Goldman Sachs, de 34 anos de idade.

Em pouco mais de cinco anos, o maior produtor mundial de cacau saiu da monodependência económica para uma diversificação abrangente, tendo investido em infra-estruturas e nos recursos humanos, fortalecendo a classe média, sob a liderança de Alassane Ouattara, o economista-presidente, antigo funcionário sénior do Fundo Monetário Internacional.

O Standard Chartered é um banco londrino com operações financeiras em todo o continente e é o banco que, a partir da capital inglesa, tem garantido a obtenção de créditos tanto para a Sonangol como para o Estado angolano, nos mercados financeiros ocidentais.

As suas estimativas confirmam o estudo da Bloomberg Confidential de que, enquanto os dois maiores produtores de petróleo do continente têm as suas economias em desaceleração, com o risco de recessão, no caso de Angola, a maioria das economias africanas beneficiam de preços mais baixos do crude. Havendo o ‘risco’ de Angola vir a ceder para a Etiópia, Quênia ou para a Tanzânia, em termos de dimensão do PIB, o estatuto de terceira maior economia da África subsariana.