Presidente da cimeira insatisfeita
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Cimeira de Madrid terminou com aprovação de um documento intitulado ‘Chile-Madrid, Hora de Agir’. Presidente da cimeira e secretário-geral da ONU mostraram-se “insatisfeitos e decepcionados” com os resultados alcançados.
A presidente da cimeira sobre o clima (COP25) em Madrid, Carolina Schmidt, mostrou-se insatisfeita com os resultados alcançados, considerando “triste” não conseguir chegar a um acordo quando se esteve “tão perto”.
No discurso de encerramento da COP25, Carolina Schmidt, que é também ministra do Meio Ambiente chileno, apelou à necessidade de “uma resposta mais sólida, urgente e ambiciosa” para enfrentar a crise climática.
A cimeira de Madrid, na qual participaram cerca de 200 países, terminou domingo depois de mais de duas semanas de trabalhos, com a aprovação de um documento intitulado ‘Chile-Madrid, Hora de Agir’.
No documento, os países assumiram a sua preocupação na urgência de agir para conter as alterações climáticas, mas foram poucas as decisões no que toca aos assuntos concretos, como por exemplo as regras dos mercados internacionais de carbono.
“Não estamos satisfeitos”, queixou-se Schmidt, lembrando que havia a esperança de conseguir encerrar o artigo 6.º do Acordo de Paris “para implementar um mercado de carbono robusto com integridade ambiental, focado em gerar recursos para transitar para um desenvolvimento sustentável, baseado em baixas emissões e resiliente ao clima”.
“É triste não conseguir chegar a um acordo final, quando estivemos tão perto”, lamentou, reconhecendo no entanto que existe um avanço “concreto” que faz “olhar com esperança” para o futuro, considerando que o documento hoje assinado é um legado “ambicioso e ambientalmente sólido”.
Carolina Schmidt lembrou ainda que “os cidadãos do mundo” estão a pedir “avanços mais rápidos e melhores”.
ONU “decepcionada”
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, mostrou-se “decepcionado com os resultados” da cimeira sobre o clima (COP25), mas apelou aos países que continuem a lutar contra a crise climática sem se “renderem”.
“A comunidade internacional perdeu uma oportunidade importante para mostrar uma maior ambição na mitigação e adaptação para enfrentar a crise climática”, lamentou António Guterres, apelando que “não devemos render-nos”.
António Guterres destacou que “está mais do que decidido” que 2020 será “o ano em que todos os países se comprometem a fazer o que a ciência” diz: é necessário ser neutro em carbono até 2050 e a “não ir mais além dos 1,5 graus de aumento da temperatura do planeta”.
A 25.ª cimeira do clima, a maior de toda a história, começou a 2 de Dezembro e terminou a 15, domingo.
A regulação dos mercados de carbono foi um dos temas mais debatidos durante a COP25 e, inicialmente, estava incluído no documento final, mas decidiu-se debatê-lo em separado.
O novo acordo pede um aumento da ambição dos compromissos de luta contra as alterações climáticas e apresenta várias medidas que têm como objectivo apoiar os países mais vulneráveis.
São dadas directrizes ao Fundo Verde do Clima para destinarem recursos para perdas e danos dos países mais vulneráveis aos fenómenos climáticos, assim como é pedido aos países desenvolvidos que apoiem financeiramente os mais frágeis.
Além disso, cria-se a ‘Rede Santiago’ que permite canalizar assistência técnica de organizações e especialistas para esses mesmos países mais vulneráveis.
Na COP25 foram mobilizados 89 milhões de dólares, provenientes de diversos países para o Fundo de Adaptação e mais de 80 países anunciaram que apresentarão em 2020 compromissos de luta contra as alterações climáticas mais ambiciosos do que os actuais.
O número de multinacionais comprometidas com a neutralidade carbónica (não produzir mais emissões de gases com efeito de estufa do que aquelas que tem capacidade de fazer desaparecer) em 2050 passou de 90, na cimeira de Nova Iorque, em Setembro passado, para 117 na cimeira de Madrid.
O número de grandes cidades comprometidas com a neutralidade passou de uma centena, na cimeira de Nova Iorque, para 398, na COP25.
O número de países comprometidos com a neutralidade carbónica passou de 66 para 73.
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