Refeições ‘made in bairro’ combatem desemprego
EMPREENDEDORISMO: Entrega de refeições ao domicílio está a tornar-se apelativo para pequenos empreendedores. Dependendo do capital inicial, clientes e tipo de contrato, rendimentos podem chegar até um milhão de kwanzas mensais.
Rosa Fernandes andava à procura do lugar ideal para montar um negócio e achou que debaixo do prédio em que reside, no bairro Valódia, serviria o propósito. Com um modesto capital inicial, instalou uma roulotte no local. Nascia, assim, um pequeno negócio de comida rápida, ou ´take-away. O negócio de Rosa floresceu depressa. Clientes não era problema. Aliás, a frequência e o nível de exigências destes impuseram uma nova abordagem à iniciativa. Associou-se à mãe, tratou da documentação junto da administração local e passou a servir outras refeições para além de cachorros-quentes e hambúrgueres.
Hoje, a ´joint venture´ entre mãe e filha tem contrato para entregas a cinco empresas, servindo entre 70 e 80 refeições diárias. Cobrem as zonas da Maianga, São Paulo, Combatentes, Valódia, Brigada, entre outras mais próximas.
Ambas são o exemplo de uma tendência que, não sendo nova de todo, tem, contudo, florescido nos últimos tempos em Luanda. O empreendedorismo assente no estabelecimento de pequenos negócios garante algum retorno imediato e combate o desemprego, contornando as adversidades de uma economia que não dá mostras sólidas de melhorias, como explicam os próprios empreendedores. São, fundamentalmente, pequenos restaurantes ou cozinhas doméstica com serviços de entrega ao domicílio (residência e escritório).
Os espaços empregam entre cinco e 10 pessoas de forma directa, entre cozinheiros, pessoal de limpeza e estafetas, estes últimos com vencimentos que se cifram dos 30 aos 50 mil kwanzas mensais. Entre os clientes favoritos destes empreendedores estão funcionários de bancos, petrolíferas, lojas de comércio misto, clínicas, fábricas de bebidas e empresas de segurança. Com as refeições a variarem também na qualidade, os preços oscilam entre os 500 e os mil kwanzas, sendo que, em alguns casos, o valor inclui já a taxa de entrega. Há casos, no entanto, em que o prato chega a 2.500 kwanzas. E o negócio, garantem os pequenos empreendedores, é “rentável”.
O rendimento mensal de Rosa e sua mãe, por exemplo, chega até um milhão de kwanzas e as duas sócias explicam que o desenvolvimento e o sucesso da iniciativa dependem, sobretudo, do capital investido. “Clientes não faltam”, diz Rosa. Como em todo o desafio empreendedor, também existem perdas. Estas acontecem, por exemplo, quando se planifica a cozinha para 30 clientes num dia e apenas 15 ligam a confirmar. As sócias Vanda Kimbemba, de 26, e Jocelina Cruz, de 28 anos, investiram 40 mil kwanzas para começar o negócio no Hoji Ya Henda, Cazenga, na ‘Casa Delas’.
Decorridos quatro meses, o duo de empreendedoras fornece refeições a seis empresas, as quais garantem uma facturação de perto de 100 mil kwanzas mensais. Ganhos modestos que as levam a desejar mais. Para já, almejam candidatar-se a um empréstimo bancário, mas, por enquanto, precisam de acautelar alguns aspectos antes de darem tal passo.
Diariamente, servem em média mais de 20 pratos. De 700 kwanzas cobrados até recentemente, tiveram de subir para mil devido à instabilidade cambial que leva a que os seus principais fornecedores, no mercado, também reajustem os preços. O maior desafio do momento é encontrar um espaço melhor para o empreendimento.
Fazem entregas, de táxi, nos arredores do Cazenga, Cuca e Nocal. Albertina Flor, 60 anos?, serve para uma empresa de segurança de segunda a domingo. Sem descanso. São mais de 600 pratos, por 500 kwanzas cada um e emprega outras duas senhoras, a quem paga 50 mil kwanzas por mês. Labora entre às 5 horas da manhã e às 14.
Albertina assegura que o negócio “é rentável”, mas lamenta a subida constante dos preços nos mercados informais. E nota que, para si, o segredo neste ramo é publicitar o negócio, oferecer melhores serviços e conquistar clientes em empresas.
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