GARANTIAS DE MANUEL GONÇALVES

Standard Chartered vai permanecer em Angola

BANCA. Chegou ao país e apostou no único sector da economia que realmente conta(va), o petrolífero. Entretanto, os preços do crude caíram abruptamente, a situação ficou crítica e o banco britânico está agora a pagar o preço.

Não temos conhecimento de qualquer manifestação de vontade de sair do país”, assegurou, em entrevista, Manuel Joaquim Gonçalves, PCA da do Grupo Ensa, parceiro local do Standard Chartered. “Pelo contrário, temos visto o reiterar da vontade de criar um banco mais forte possível em Angola”, insiste.

A Ensa Seguros detém quase 40% do capital social da Standard Chartered e o banco mãe de Londres controla os restantes aproximados 60%. Segundo Manuel Gonçalves, a seguradora estatal tem uma “excelente relação” com a sua parceira e ambas mantém “vontade mútua de continuar com a joint-venture no domínio financeiro, bancário, mantendo a operação em Angola”.

A conjuntura de crise económica obrigou, entretanto, o único banco britânico a operar, no país, a redefinir estratégias fora do sector petrolífero, o seu foco inicial. “O banco tinha, no início, uma estratégia muito focada no sector petrolífero, mas, com as alterações hoje verificadas no mercado, teve de empreender uma adaptação imediata”, esclarece o número um da seguradora pública, admitindo que a “situação crítica” de Angola traz novos desafios que ambos os parceiros têm interesse em enfrentar juntos.

Recentemente, uma fonte de outro banco, de origem ocidental, dizia que o Standard Chartered só não saía do país, porque havia “empatado” demasiado dinheiro no sector e não sabia o que fazer.

O que está confirmado, entretanto, é que o foco no sector do crude manifestou-se em forma de cedência de créditos a várias empresas petrolíferas, incluindo à Sonangol, cujo montante ronda pelo menos 9,5 mil milhões de dólares, segundo dados do terminal da agência norte-americana Bloomberg, que reparte a dívida em seis parcelas.

A Sonangol não havia respondido ao email, enviado pelo VALOR a 29 de Julho, procurando esclarecimento para essa informação e outra que dava conta de que a petrolífera teria recebido uma moratória de 45 dias para se explicar.

StanChart, nome do banco britânico na bolsa de valores de Londres, também esteve engajado na distribuição das notas de dólares em Angola, processo em que esteve envolvido o banco sul-africano First Merchand Rand, como o maior ‘distribuidor’. Ambos acabaram, no entanto, por desistir, depois de o Bank of America, que fornecia as notas verdes, ter deixado de o fazer.

Presentemente, o Standard Chartered continua a realizar “operações bancárias normais com dificuldades acrescidas por causa da situação que se vive”, como aponta Manuel Gonçalves, também ele membro do conselho de administração do banco.

Sobre a redefinição de estratégias, a instituição está a simplificar os processos de onboarding de clientes, “sem prejuízo” das regras de compliance, “respeitando os padrões internacionais”, que, na sua dupla subordinação, uns são estabelecidos pelo regulador nacional, o BNA, e outros, pelo do Reino Unido. O StanChart tem operações em 15 países da África subsaariana, de acordo com seu website.