“Temos uma banca que enriquece com taxas e comissões completamente absurdas”
Não entende a razão pela qual as instituições bancárias tratam “muito mal” os clientes, considera “inadmissível” que os bancos “olhem mais para a mais poupança dos clientes e menos para os clientes”. O presidente da Associação de Defesa do Consumidor de Produto e Serviço Bancário (Acosbanc), Nelson Prata Marcos, mostra-se avesso às taxas e comissões aplicadas, observa que as instituições querem aumentar os lucros com estas medidas não se importando que contribuem para o empobrecimento das famílias angolanas. Ao mesmo tempo, identifica um contrassenso na inclusão financeira perante o aumento do valor mínimo para abertura de contas bancárias.

O mercado financeiro vai tendo, por um lado, mais consumidores, por outro, é muito contestado nos últimos tempos. O que a associação tem recebido concretamente dos clientes?
De modo geral, quanto à maior concentração de reclamações que nós temos estado a receber ou recebemos ao longo destes anos de existência, tem exactamente a ver com a falta de informação, que os bancos, regra geral, deixam muito a desejar porque nunca passam a informação no tempo previsto, ou pelo menos quando é dada alguma informação é, de certa forma. Insuficiente, de acordo com a necessidade dos clientes. Tem exactamente a ver também com o elevado nível da falha do atendimento. A verdade é que aquilo que é o papel ou a autoridade da banca ainda deixa muito a desejar. Só para terem noção, grande parte da informação ou reclamações estão também ligadas à falta de acesso ao crédito. Os nossos clientes, infelizmente, não têm um acesso facilitado ao crédito bancário.
Os bancos têm critérios para conceder crédito…
Embora os bancos comerciais tenham definido um conjunto de regras ou condições para que um determinado cliente tenha acesso ao crédito bancário, ainda assim preferencialmente preferem, não conceder o crédito e buscar outros ganhos do ponto de vista daquilo que é a actividade da banca e esses outros ganhos vão desembocar no aumento de taxas de comissões de serviços. Ou seja, aquilo que é a actividade principal dos bancos, reside exactamente no recebimento do dinheiro do público e em transformar este depósito em crédito bancário, aqui o rácio de transformação que é quase obrigatório, resulta da lei. O que nós temos vindo assistir por parte dos bancos comerciais em Angola, é que isto não acontece. Só para se ter mais ou menos uma noção, a regra geral, o rácio de informação entre o depósito que os bancos recebem dos seus clientes e aquilo que é a transformação deste depósito em crédito monetário, devia andar aí à volta de 60%. Ou seja, em cada 100 kwanzas que os bancos recebem a título do depósito bancário, os bancos deviam conceder 60 kwanzas a crédito, quer ao consumo, quer ao crédito ao investimento, mas a verdade é que isto não acontece.
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