MOTOTÁXI

TERRA PARA ESTRANGEIROS? SIM, MAS…

Informações recentes, confirmadas pelo ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, dão conta de que o Governo vai disponibilizar 800 hectares de terra a empresários brasileiros e chineses para o desenvolvimento agrícola em grande escala.

TERRA PARA ESTRANGEIROS? SIM, MAS…

Desconhecem-se, por ora, os termos da cedência, mas, no global, a medida parece positiva: atrair investimento, gerar produção e reduzir a dependência alimentar. A agricultura tem sido repetidamente apresentada como a grande aposta para a diversificação económica, mas pouco tem passado do discurso. E, desta feita, é bem-vinda qualquer decisão que contribua para a concretização deste sonho de décadas.

Mas, ao mesmo tempo, levanta-se uma questão incontornável: e os nacionais, onde entram? Os angolanos não podem ser simples figurantes neste processo. A terra é mais do que um factor de produção, é um bem estratégico, associado à soberania, à segurança alimentar e à inclusão social. Por isso, quando o Estado decide abrir grandes extensões a estrangeiros, deve assegurar primeiro que os cidadãos nacionais tenham acesso aos mesmos incentivos, condições e oportunidades.

Não se trata de rejeitar o investimento externo — que é de extrema importância. Angola precisa de tecnologia, conhecimento e capital. O problema é quando ao estrangeiro se oferecem facilidades extremas e, em contraste, o nacional esbarra em dificuldades igualmente extremas: burocracia, falta de financiamento e ausência de apoio técnico.

Essa assimetria pode gerar um sector agrícola com duas velocidades. Por um lado, uma agricultura moderna, mecanizada e lucrativa nas mãos de investidores externos. Por outro, uma agricultura nacional atrasada, de subsistência, abandonada à própria sorte. Um modelo assim não é sustentável nem justo.

Para ler o artigo completo no Jornal em PDF, faça já a sua assinatura, clicando em 'Assine já' no canto superior direito deste site.