Theresa May faz coligação para formar governo
ELEIÇÕES. Falhou a desejada maioria absoluta, mas Theresa May desfez as intenções dos trabalhistas e anunciou, no mesmo dia, a formação de uma coligação com o Democratic Unionists Party (DUP), da Irlanda do Norte, que lhe permitiria formar um governo.
Terramoto no Reino Unido, assim intitulava a CNN, na manhã de sexta-feira, 9, a sua cobertura sobre o desaire da primeira-ministra britânica, Theresa May, na votação para as eleições gerais naquele país.
Numa altura em que se aguardavam pelos resultados definitivos, no início da manhã seguinte, continuava a incógnita sobre quem formaria o governo na segunda maior economia da Europa. Para já, o candidato trabalhista, Jeremy Corbyn, desfazia-se em apelos à sua concorrente mais séria para que se demitisse, deixando-lhe caminho livre para formar a equipa executiva.
Apesar de as sondagens terem, de alguma forma, previsto o desempenho, Corbyn foi a grande surpresa da votação para o palácio de Downing Street 10. O esquerdista Corbyn considera ter o dever moral de ser ele a formar o governo, dado que a rival conservadora foi incapaz de atingir a maioria absoluta, apesar de conquistar mais assentos na Câmara dos Comuns.
Em declarações à BBC, o líder dos trabalhistas disse que estava pronto para juntar uma equipa forte o bastante para “acabar com a austeridade” e investir nos serviços públicos. Mas o seu desejo de faze-lo “sem coligação” esbarra na falta de vontade das outras forças políticas em concederem ao Partido Trabalhista apoio que lhe permitiria avançar.“A nossa posição é clara: queremos um Brexit dos empregos primeiro, por isso o mais importante é um acordo comercial com a Europa”, declarou Corbyn à BBC.
Falhou a desejada maioria absoluta, mas Theresa May desfez as intenções dos trabalhistas e anunciou, no mesmo dia, a formação de uma coligação com o Democratic Unionists Party (DUP), da irlanda do Norte, que lhe permitiria formar um governo “para assegurar a certeza”.
A ainda primeira-ministra aludiu “às fortes relações” entre o Partido Conservador e o DUP para viabilizar a permanência no poder, sublinhando a vontade expressa de ambos os lados de trabalhar em conjunto para resolver os problemas de todo o país. Arlene Foster, a líder do partido irlandês, confirmou os contactos com a sua homóloga conservadora, sublinhado que os mesmos haveriam de prosseguir.
A intenção, notou, seria encontrar uma forma de “garantir estabilidade neste momento de grande desafio”. Mas o Partido Trabalhista opôs-se logo à intenção, lembrando que é o “verdadeiro vencedor das eleições”.
Os Lib Dems, concorrentes também derrotados, juntaram-se à controvérsia, considerando que May deveria “ter vergonha” por insistir em permanecer no cargo. Há dois meses, Theresa May convocou eleições antecipadas para legitimar as duras políticas e decisões que se avizinham com a saída do país da zona Euro.
O Brexit, como se convencionou designar, está a ser mais complicado do que se esperava e a actual líder britânica pretendia garantir maior apoio das diferentes sensibilidades do país e de Bruxelas – a sede da UE – nos passos que ainda restam dar para o abandono do maior bloco económico do mundo.
A economia britânica tem sofrido nos últimos meses devido a medidas de austeridade do anterior governo, retomadas depois pela sua colega de partido, Theresa May. À hora de fecho da presente edição, permanecia o impasse, mas, na tentativa de perceber o que se passara, analistas convergiam no sentido de que os últimos ataques terroristas ocorridos dias antes, em Manchester e em Londres, teriam prejudicado a actual primeira-ministra nas urnas.
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