Valor Económico

Valor Económico

No ano de 2024 registou-se uma crescente inflação e perda de poder de compra. Que análise faz do sector das fábricas de materiais de construção neste exercício? 
A maioria das indústrias de materiais de construção, nomeadamente as filiadas na Associação das Indústrias de Materiais de Construção, continuam a operar em cerca de 30 a 40% da sua capacidade instalada. Tem-se verificado também uma aposta significativa na melhoria dos processos produtivos e na implementação de sistemas de qualidade dos produtos produzidos localmente, o que vemos como positivo. Pretende-se igualmente que a qualidade certificada ou aferida por entidades independentes dos produtos passe a ser obrigatória. 
 

Como resumiria o ano de 2024 em termos económico? 
Alguns problemas severos no domínio da macroeconomia e do crescimento económico. A taxa de inflação para 2024 vai situar-se seguramente acima de 33%, atendendo ao facto de os meses de Novembro e Dezembro historicamente serem os de maior aumento dos preços por razões óbvias. O baixo nível médio das remunerações do factor trabalho (provavelmente, em termos da economia como um todo onde se inserem os sectores com melhores remunerações como a extração de petróleo e diamantes e a banca, não mais de 230.000 KZ mensais), a elevada taxa de inflação e o anormalmente alto nível de desemprego configuraram um ano económico muito difícil para a maior parte da população, sem rectaguardas ao nível da protecção e segurança social. Foi um ano muito difícil e as políticas públicas não conseguiram minorar os efeitos negativos da política orçamental e da política monetária, de natureza restritiva, a primeira por imperativos de controlo do défice fiscal e a segunda por convencimento da sua eficácia para se controlar a subida descontrolada dos preços. 

 
Podemos considerar que 2024 foi positivo para o sector petrolífero, visto que, pela primeira vez, nos últimos anos, a produção petrolífera superou a previsão inscrita no OGE? 
Definitivamente pode dizer-se que sim. Porém, se a previsão para 2024 era pessimista e tendo em consideração que a diferença não é significativa, este resultado é irrelevante. Os resultados poderiam ser melhores se quem controlasse a produção fosse uma companhia nacional, nunca as expatriadas. 

Como avalia o desempenho da justiça em 2024? 

Não vejo nada para destacar ou isolar o ano de 2024. Para este ano estava previsto o julgamento de um processo que se enquadra no alegado combate à corrupção, no caso dos generais Kopelipa e Dino, mas que foi adiado para 2025…  
A justiça não pode só estar bem ou mal quando estão pessoas importantes nos tribunais. Não avalio a justiça pelos casos mediáticos, isso é um populismo que se criou. A justiça não pode doer só quando o injustiçado é um rico. Temos excessos de presos. Olho para a questão da justiça na generalidade e os problemas da nossa justiça são conhecidos, que é a ineficiência e estar condicionado ao poder político, pela via do orçamento. Quem no fundo acaba por ter poder sobre o poder judicial é o Executivo por via do Ministério das Finanças. Eles é que sabem o dinheiro que dão e quando dão. Não há independência financeira nos tribunais, são reféns do Executivo. Temos de começar a reflectir a justiça não de forma isolada, temos que ver o sistema, o resto são consequências.