Alves da Rocha

Alves da Rocha

Economista e director do CEIC/UCAN

Em plena campanha eleitoral – que já está em curso desde há algum tempo, mormente pelo partido da situação, visível pela colagem de cartazes, pelo hastear de bandeiras em tudo quanto é canto, pelas inaugurações, pelos comícios e através de outras manifestações – avizinha-se o momento (sabe-se que será em Agosto, mas desconhecem-se o dia e a hora) em que os cidadãos e cidadãs vão, de novo, exprimir as suas opções políticas, ocorre perguntar em que medida essa consulta poderá/deverá influir no curso da política económica que vem sendo praticada, sem alterações de fundo, desde 2002 e cujos contornos globais são conhecidos. E cujos resultados sociais são igualmente sabidos e de onde aflora uma divergência profunda entre a função de preferência colectiva, representada pelas famílias e a função de preferência estatal, representada pelo partido político governante.

Surgem estas reflexões num momento em que a geopolítica mundial se encontra num processo de mutação acentuado com a participação crescente da China nos contextos internacionais, económicos, políticos, tecnológicos e científicos. A aceitação destes fenómenos e factos tem sido controversa e mesmo em África – onde na capital do Senegal se realizou, em 29 de Novembro de 2021, mais um Fórum China-África e para onde apoios financeiros significativos se dirigem desde há bastante tempo – a cooperação tem sido objecto de críticas. Em Angola, por exemplo, muitos empresários de topo (não necessariamente ‘top’) ligados ao poder político desvalorizam (e criticam) a importância e o interesse da cooperação com a China. Basta localizar algumas entrevistas sobre estes tópicos, bem como visualizar as redes sociais onde muitas destas críticas assentam praça, para entender que o ambiente de negócios China-Angola não se assemelha ao que já foi no passado, quando o Império do Meio resolveu atender aos pedidos de ajuda financeira de Angola para início da sua reconstrução/construção de infra-estruturas que pudessem alavancar a retoma do seu crescimento (2004 com um pacote de empréstimos nunca verificado em África e equivalente a 2000 milhões de dólares). Qual é a posição oficial actual sobre a cooperação económica, financeira e empresarial com a China? A Ministra das Finanças, em declarações públicas citadas pelo semanário ‘Mercado’ no dia 8 de Agosto de 2021, referiu que “as relações com a China são muito positivas há mais de 20 anos e o país vai continuar a apostar diariamente nesta cooperação e amizade entre os dois Estados”.