Angola tem um dos padrões mais desiguais de distribuição do rendimento e é citado como “um dos exemplos mais acabados” de um cenário em que a actividade das empresas do Estado se esconde por trás de um sistema financeiro opaco, não cumpre regras mínimas de transparência e beneficia figuras públicas ou políticas.
Alves da Rocha
Economista e director do CEIC/UCANImagem interna e externa de Angola fragilizada
As reflexões e preocupações de momento, mesmo que ainda tenham como foco central as eleições de 24 de Agosto, deslocaram-se para o funeral do Presidente José Eduardo dos Santos e da apropriação do seu legado político.
Nunca é de mais falar de educação (mesmo...
O sistema de educação (e formação) é uma componente do sistema socioeconómico do país. Se bem que nenhum deles se possa considerar subordinante relativamente ao outro – dadas as mais do que evidentes sinergias, articulações e interligações entre si e já devidamente validadas e confirmadas por inúmeros estudos empíricos – creio, porém, que o sistema económico e a dinâmica de crescimento e modernização que se conseguir imprimir no futuro desencadearão efeitos muito importantes sobre a performance do sistema de ensino, e particularmente pelas vertentes da produtividade e dos salários.
Tal como entre abertura das economias e aumento do produto interno bruto é vulgar estabelecer-se uma relação de conectividade/reforço mútuo, mesmo passível de econometrização (tentando-se torná-la universal), igualmente determinadas correntes doutrinárias passaram a apresentar estudos e algumas evidências empíricas sobre o reforço do crescimento económico para além dos factores produtivos e da sua combinação nos processos de produção, quando a democracia aparece como uma prática política transparente e recorrente. Ou seja, quanto mais democracia, maiores serão os impulsos no crescimento económico e mais significativas as melhorias nos padrões de desenvolvimento social.
Novas eleições, velha política económica?
Em plena campanha eleitoral – que já está em curso desde há algum tempo, mormente pelo partido da situação, visível pela colagem de cartazes, pelo hastear de bandeiras em tudo quanto é canto, pelas inaugurações, pelos comícios e através de outras manifestações – avizinha-se o momento (sabe-se que será em Agosto, mas desconhecem-se o dia e a hora) em que os cidadãos e cidadãs vão, de novo, exprimir as suas opções políticas, ocorre perguntar em que medida essa consulta poderá/deverá influir no curso da política económica que vem sendo praticada, sem alterações de fundo, desde 2002 e cujos contornos globais são conhecidos. E cujos resultados sociais são igualmente sabidos e de onde aflora uma divergência profunda entre a função de preferência colectiva, representada pelas famílias e a função de preferência estatal, representada pelo partido político governante.
JLo do lado errado da história