CARTÃO VERMELHO
Na primeira edição de 2024, o Valor Económico recenseou 24 desafios entre os mais importantes que a equipa de João Lourenço teria à frente ao longo de 12 meses. O critério do número foi justamente o ano: 24 desafios para 2024.
Na primeira edição de 2024, o Valor Económico recenseou 24 desafios entre os mais importantes que a equipa de João Lourenço teria à frente ao longo de 12 meses. O critério do número foi justamente o ano: 24 desafios para 2024.
A escolha da Personalidade do Ano de 2024 recai sobre João Lourenço. É a terceira vez que o Presidente da República e do MPLA reclama esta posição, nestas nove edições consecutivas em que o Valor Económico faz este exercício. Como já o escrevemos no fecho do ano passado, pela sua regularidade e consistência, a Personalidade do Ano escolhida pelo Valor Económico é a iniciativa do género mais experimentada na imprensa angolana.
“Em qualquer sociedade onde o Estado é o grupo que capturou o poder, a sociedade não vive bem. Essa é a realidade que temos em Angola.” A frase não é nossa. É do reverendo Daniel Ntoni-a-Nzinga, conhecido lutador pelas causas essenciais do país e intransigente defensor da justiça. Disse-a a propósito de uma reflexão aturada sobre as causas profundas da pobreza, da miséria e da fome, na grande entrevista desta semana do Valor Económico. O revendo não tem dúvidas. Todos os argumentos que tentam explicar a fome que envergonha os angolanos com sensibilidade e decência desaguam numa questão central. O Estado está capturado por um grupo bem identificado. E não há Estado capturado que trabalhe para e pela população. Quando é assim, na verdade, os papéis invertem-se. É a população que trabalha para os capturadores do Estado. Colocar o pensamento a este nível é qualquer coisa a que se chama lucidez e tudo o resto que se aproxime do patriotismo e da honradez. Abordar as causas últimas da fome e da miséria sem associá-las de forma íntima à natureza do regime, no nosso caso, é manipulação grosseira, é ignorância pura, é batota deslavada.
Não é apenas pelo níveis de degradação social. Também não é só pelos indicadores da desgraça económica. Pela natureza dos temas e pela qualidade dos conteúdos que são colocados em debate no espaço público também se mede o atraso ou o progresso de uma sociedade. Perceber onde nos encontramos com base neste quesito é tarefa fácil. Diga-se, aliás, em boa verdade, que o que se discute no espaço público é sempre fortemente condicionado ao país e à sociedade que se tem.
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