Cantina
Evaristo  Mulaza

Evaristo Mulaza

Dos empresários angolanos ouvem-se gritos de socorro diariamente. Queixas de todas as formas e de todos os gostos. Não há nada que escape. Muito se comenta, por exemplo, sobre os privilégios a determinados interesses estrangeiros, em detrimento do empresariado local. Incluindo em áreas em que a diferenciação técnica e a capacidade de recursos financeiros não se justificam como critérios de preferência. 

João Lourenço esteve, esta semana, em Cabinda a inaugurar a primeira refinaria construída em 50 anos de governação do MPLA. Apesar da sua declarada reduzida capacidade de produção, face à procura interna, é um projecto que marca historicamente a indústria. Mais do que isso, tem alguma relevância social, económica e política. 

Por que e quando um Presidente pode ser vaiado? Um Presidente pode e deve ser vaiado quando recebe um país com ciclos eleitorais estáveis, mas, ao ver aproximar-se o fim do seu tempo, alimenta o caos político total. Ora insinuando, por omissão, que não sai de jeito nenhum. Ora determinando, por palavras, que cabe a ele e apenas a ele decidir a escolha do Presidente que se segue, ignorando as eleições gerais consagradas na Constituição e as múltiplas candidaturas cristalizadas no estatuto do seu partido.

Conhecida como crítica das políticas fiscais do país, a empresária defende a necessidade de integrar os serviços dos diferentes departamentos ministeriais que, no seu entender, têm contribuído para o desperdício de recursos e duplicação de projectos. Filomena Oliveira mostra-se indignada com as acções da AGT e diz que parece ser contra os interesses do país por contribuir significativamente para a asfixia e encerramento de muitas pequenas e médias empresas.

Stéphane Doppagne, o embaixador do Reino da Bélgica em Angola, apontou a realidade dramática sobre o investimento estrangeiro à vista de todos. Ou seja, de quase todos, já que aparentemente o Governo se recusa a enxergá-la. A mensagem, na entrevista ao Valor Económico na semana passada, é inequívoca. Os investidores belgas, apesar de reconhecerem potencialidades no país, não estão dispostos a arriscar o seu capital em Angola. Verbalizam, curto e grosso, que o nosso país não tem condições para atrai-los. Stéphane Doppagne preocupou-se em restringir-se aos investidores do seu país. É diplomaticamente compreensível que o tenha feito. A verdade, todavia, é que não há nada que tenha dito a respeito que não tivesse sido já alertado por outros representantes diplomáticos do Ocidente. Com rigor e frieza, o embaixador belga até foi condescendente. Ficou-se pelos riscos de natureza económica entre os de cariz estrutural e os de dimensão conjuntural. Instabilidade cambial, acesso restrito às divisas, dificuldades de repatriamento de capitais, diferença de cultura empresarial, etc... etc...