Valor Económico

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ESCÂNDALO. “Não renunciarei. Repito, não renunciarei”. Palavras do presidente do Brasil no pronunciamento oficial à imprensa, após revelações que o envolvem em tentativa de suborno. Mercados brasileiros continuam a derrapar e a moeda local quase perdeu 9% em dois dias.

O presidente do Brasil, Michel Temer, recusa demitir-se do cargo e descartou mudanças no seu governo, apesar de vários ministros e ele terem sido citados em acusações ligadas no maior escândalo de corrupção na história do país, a Lava-Jacto. Temer garantiu que não deixará a presidência, após a divulgação de gravações com alegados pedidos de suborno envolvendo o seu nome, serem reveladas pelo maior empresário do sector das carnes do país, Joesley Batista, donos da JBS.

O pronunciamento do presidente surge depois de o diário local “O Globo” ter referenciado que aquele empresário havia entregado à Procuradoria-Geral da República do Brasil uma gravação de conversa na qual o empresário e Temer falam sobre a compra do silêncio do ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, preso na Lava Jato. Eduardo Cunha, de recordar, liderou o ‘impeachment” de Dilma Rousseff.

O chefe de Estado brasileiro negou ter qualquer relação com este facto e referiu que em “nenhum momento” autorizou “a quem quer que seja” para ficar calado. Acrescentou que não comprou o silêncio de “ninguém” e não temia nenhum acordo com a justiça em troca de redução da pena.

Temer ressalvou que a investigação autorizada contra si pelo juiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), irá revelar “todas as explicações” e acrescentou que irá demonstrar ao povo brasileiro não ter nenhum envolvimento com os factos apresentados.

O escândalo fez com que os mercados brasileiros derrapassem e que o real perdesse quase 9% do valor. A bolsa de valores, BR&FBovespa, chegou a suspender por 30 minutos as negociações.

Antes de afirmar que se iria manter no cargo após o escândalo, Temer declarou que o seu governo conseguiu os melhores resultados do ano, como a queda da inflação e o retorno do crescimento económico. “Os dados de geração de empregos criaram a esperança de dias melhores. O optimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso Nacional. Contudo, a revelação de uma conversa gravada clandestinamente trouxe a volta o fantasma de uma crise política de proporção ainda não dimensionada. Não podemos jogar no lixo tanto trabalho feito em prol do país”, afirmou, no Palácio do Planalto.

MINISTROS ABANDONAM CARGOS

Apesar de Michel Temer ter dito que permaneceria no cargo, até esta sexta-feira, dois dos seus ministros haviam renunciado ao cargo. Primeiro, foi o ministro das Cidades, Bruno Araújo; depois seguiu-se o ministro da Cultura, Roberto Freire.

Numa carta dirigida a Temer, Freire assegurou que “tendo em vista os últimos acontecimentos e a instabilidade política gerada pelos factos que envolvem directamente a Presidência, decidiu com caracter irrevogável, renunciar ao cargo”. O ex-ministro da Cultura voltará, no entanto, de acordo com a carta, a ocupar o seu mandato na Câmara dos Deputados para “ajudar o país a ter o mínimo de estabilidade politica” que permita que o Brasil avance com as reformas para o desenvolvimento da economia.

CIDADES EM PROTESTO

Várias cidades do Brasil entraram em confrontos com a polícia por causa das manifestações que exigiam a demissão de Michel Temer do cargo. As manifestações ganharam proporções alarmantes após o pronunciamento do estadista de que não iria abandonar o mandato. Os manifestantes adaptaram o slogan “Tchau querido”, popularizado nos últimos dias de presidência da ex-presidente Dilma Rousseff.

Na cidade de Porto Alegre, o protesto originou confrontos entre os manifestantes e a Brigada Militar na quinta-feira. Apoiantes e representantes da oposição ao governo, entidades de classe e movimentos sociais reuniram-se numa rua para pedir a destituição de Temer.

Na capital, Brasília, um grupo chegou até ao congresso, mas o acto foi pacífico. No Rio de Janeiro e São Paulo também houve uma onda de manifestações para que se efectivasse um ‘impeachment’.

MERCADO AUTOMÓVEL. Marcas como a italiana Lamborghini ou ainda a indiana Tata tiveram de superar humilhações de vária índole para se tornarem nas referências que são hoje, sobretudo no mercado automóvel.

 

Pode ser difícil de acreditar, mas grande parte das marcas de luxo surgiu depois de seus criadores passarem por humilhações, conclui um artigo recentemente divulgado pela revista Forbes Brasil, que aponta, como exemplo, o caso da Walt Disney que teve de afundar a sua própria companhia para provar aos que não acreditavam no seu projecto que estavam errados.

Logo, quando começou a desenhar, Disney foi demitido pelo seu editor por supostamente não ter ideias criativas. O resultado foi a abertura de uma companhia que hoje arrecada, segundo a Forbes Brasil, 30 mil milhões de dólares anualmente.

O mesmo aconteceu com a família Tata, na Índia e com Ferrucio Lamborghini, na Itália.

Em 1998, a companhia de Ratan Tata, um empresário indiano, fez o primeiro investimento no mundo automobilístico com o lançamento da Tata Indica, um serviço de transporte de passageiros. O negócio não deu muito certo mas, ainda assim, chamou a atenção de representantes da Ford na Índia que, durante uma visita à sede da empresa, em Bombaim, começaram as negociações para a compra da companhia.

Alguns meses depois, no entanto, durante a visita de Tata à sede da montadora norte-americana em Detroit, o presidente da marca, Bill Ford, disse que o empresário indiano não deveria fazer parte daquele mundo. Um dos funcionários da companhia indiana, Pravin Kadle, contou mais tarde que o presidente teria dito que estava a fazer um favor ao comprar aquela empresa. “Ele disse que nem deveríamos ter começado aquilo.”

Cerca de 10 anos depois, no entanto, a sorte do mercado viraria de lado. Enquanto a empresa indiana disparava nas vendas, a Ford via-se mergulhada na crise financeira de 2008, que quase a levou à bancarrota.

A Jaguar-Land Rover, o braço principal da empresa, ia de mal a pior, o que levou Tata a fazer a oferta baixa, para os padrões do mercado, de 2,3 mil milhões de dólares. Bill Ford foi obrigado a aceitar, dizendo as célebres palavras: “Você está a fazer-nos um grande favor.”

Desde a compra, os carros das duas marcas têm conquistado novos mercados. A Tata Motors, ao investir em novos modelos, conseguiu abrir mais de nove mil vagas de emprego nas representações que detém no Reino Unido e muitas mais na China e no Médio Oriente.

 

 

A HUMILHAÇÃO ?DO LAMBORGHINI

 

Muito antes de a Lamborghini ser considerada uma montadora de luxo, a Ferrari já tinha arrancado com a sua produção. Ferrucio Lamborghini nasceu numa família de plantadores de uva e começou a interessar-se por carros quando trabalhou como mecânico para as forças aéreas da Itália.

A primeira experiência em solo foi numa oficina de mecânica que fazia reparação de carros e motocicletas. Logo, ele começou a comprar maquinária militar da Segunda Guerra Mundial e a usar as peças para montar poderosos tractores, que eram muito procurados, no país, na época do pós-guerra.

Depois de montar a sua companhia em 1963, Lamborghini logo começou a ganhar muito dinheiro, criando carros de luxo. Nunca se conformou, no entanto, com os seus concorrentes. Não entendia como uma Ferrari poderia custar tanto, sendo tão “mal feita”, segundo as suas próprias palavras, tendo trocado a sua, durante uma mesma viagem, ao menos três vezes. Incomodou tanto a empresa que chegou a encontrar-se com o fundador, Enzo Ferrari.

Essa é uma história com duas versões. Numa delas, Enzo, que nunca teria respeitado nenhum dos seus clientes, ignorou Lamborghini. Outros dizem que foi o facto de ele ser filho de agricultores que levou a Ferrari a destratar o seu concorrente.

Uma terceira versão da história diz que o Ferrari não viu nenhum problema nos carros do mecânico. Em todas elas, no entanto, Lamborghini foi destratado pelo empresário. Alguns anos mais tarde, como vingança, Lamborghini contratou alguns dos designers da sua concorrente.

IMOBILIÁRIO. Edifícios vazios, condomínios desabitados e preços sempre em alta. Quem tem dinheiro receia por uma desvalorização da moeda.

 

Angolanos com depósitos em kwanza receiam que a actual pressão exercida sobre o kwanza, decorrente da escassez de dólares no país, leve a que o Executivo desvalorize a moeda nacional, declarou um gestor de uma instituição financeira ocidental em Luanda.

“Vejo muitos investimentos feitos aqui por pessoas com dinheiro, mas que usam isso só para se protegerem contra uma eventual desvalorização do kwanza”, referiu a fonte.

Na iminência de uma desvalorização, o “natural” é que alguém com depósitos em kwanzas “tente fugir à moeda para proteger o valor do activo”.

Segundo o gestor, a conversão para uma moeda mais forte é uma das formas para se escapar de uma moeda fraca, alternativa que acredita, entretanto, ser impossível ou limitada aos angolanos devido à escassez de divisas.

“A outra forma é o que vemos aqui”, refere, apontando através da janela os altos edifícios da Baixa de Luanda. “Investem em imóveis para preservar o valor.”

Para o gestor, o país padece de uma deficiência estrutural, na medida em que não há outros sectores para se investir, com excepção do sector imobiliário. “Não temos uma bolsa de valores para comprar acções em empresas ou títulos de renda fixa de empresas ou grupos”.

Para a fonte, os investimentos feitos para preservar o valor de activos estão na origem da permanente construção de torres cujos preços, após terminados, continuam altos, apesar de vazios.“É uma peculiaridade muito angolana.”

O que se passa no país é um fenómeno que muitos já chamam de “bolha imobiliária”, mas se ainda não o é, poderá ser”, refere.

A crise de dólares estalou com a queda do preço do principal produto de exportação no mercado internacional, o petróleo, de mais de 100 USD para cerca de 40 USD, o que reduziu substancialmente as receitas do Estado. Vários actores e agentes económicos referem que o actual Regime Cambial das Empresas Petrolíferas piora a situação, devido à proibição que este instrumento jurídico impõe à indústria do crude em realizar operações em dólares no mercado doméstico.

Para a nossa fonte, não ajudou também a retirada do país de todos os correspondentes bancários em dólares, por razões apontadas como tendo que ver com o “compliance”. Os bancos e agentes económicos reprovam a política cambial do BNAcomo resposta à situação imposta.

Essa política determina sectores prioritários para a distribuição de divisas, como o da alimentação e saúde. Mas críticos apontam que são as “poderosas influências” que determinam quem recebe, e referem casos em que beneficiados nem sequer possuem kwanza para comprar as divisas.

 

DEVALORIZAÇÃO NO MOMENTO "CERTO”

 

 

Recentemente, o Executivo anunciou medidas que aparentam ser um afastamento de algumas das mais contestadas políticas financeiras, com a reintrodução do dólar na economia nacional. Empresas já podem pagar serviços e salários nas moedas que desejarem e os impostos fiscais também já podem ser liquidados em moeda estrangeira.

Trata-se de medidas que visam aliviar a enorme pressão exercida sobre o kwanza e as reservas internacionais líquidas. Em entrevista recente à agência de notícias Bloomberg, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, afirmou que a desvalorização aconteceria “mais cedo ou mais tarde”.

Observadores estimam que a desvalorização só não acontece agora por receio de que a medida impacte ainda mais os preços dos bens e serviços, mas notam que o Executivo pretende avançar depois de implementar “um conjunto de medidas complementares” para minimizar os seus efeitos.

Segundo Archer Mangueira, o objectivo do Governo é fazer o ajuste cambial tão-logo o programa que está a ser gizado “esteja em plena fase implementação”. Analistas acreditam que a “re-dolarização” da economia seja parte desse programa, e que a desvalorização da moeda aconteça depois das eleições de Agosto próximo.

POLUIÇÃO. Cidades registaram, na semana passada, níveis de poluição atmosférica perigosos para saúde. A concentração média das partículas PM é de 2,5, a mais lesiva.

Macau e Hong Kong registaram, na passada semana, níveis de poluição atmosférica considerados perigosos para a saúde, com a concentração média das partículas PM 2,5, as mais lesivas, a atingir picos bastante acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A informação disponibilizada na página de Internet da Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) indicou que, às 18 horas de quarta-feira, por exemplo, Macau registava valores das PM 2.5 entre os 100 e 140 microgramas por metro cúbico, bastante acima do limite recomendado pela OMS, que estabelece uma média diária de 25. Duas horas mais tarde, o índice das PM 2.5 nas várias zonas na região de Macau tinha subido para valores que variavam entre os 100 e 160 microgramas por metro cúbico.

“Dado que hoje o vento esteve relativamente fraco, não privilegia a dispersão de poluentes na atmosfera. O principal poluente nas bermas das estradas é PM 2.5 entre os 100 e 140 microgramas por metro cúbico, segundo os Serviços Meteorológicos e Geofísicos numa resposta escrita à Lusa.

No entanto, à tarde, os poluentes no ar foram afectados pela reacção fotoquímica que ocasionou um aumento de concentrações de ozono, provocando a elevação do índice de poluição.

As medições da qualidade do ar divulgadas pela Air Quality Index China (AQICN), uma organização não-governamental do interior da China, mostraram valores de poluição atmosférica em Macau discrepantes dos que foram reportados pela Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau.

A título de exemplo, o AQICN, a Calçada do Poço, no centro da Península de Macau, registava o valor de 196 microgramas por metro cúbico, enquanto a subestação Norte indicava 189.

Não obstante os valores discrepantes, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos indicavam que, naquele momento, a prática de actividades ao ar livre era “não adequada” na berma da estrada e “não aconselhada” nas restantes quatro zonas de Macau em que são disponibilizados os valores do índice da qualidade do ar em tempo real.

Na quarta-feira, Hong Kong também registou índices de poluição atmosférica “muito elevados” e “graves” para a saúde nas áreas financeiras e comerciais mais movimentadas da cidade, de acordo com o portal do governo de Hong Kong que mede a qualidade do ar.

O departamento para a Protecção Ambiental atribuiu a concentração de poluição atmosférica a uma corrente de ar das zonas industrializadas do Delta do Rio das Pérolas e a ventos ligeiros que impedem a dispersão de poluentes, segundo o portal ‘Hong Kong Free Press’.

CRIME INFORMÁTICO. Aplicação Flashlight foi descarregada mais de cinco mil vezes na Play Store e ESET detectou ?que se tratava de ‘malware’ bancário.

 

Mais de cinco mil utilizadores com dispositivos Android descarregaram a Flashlight LED Windget, uma aplicação que seria, supostamente, um ‘widget’ para ligar e desligar a lanterna do ‘smartphone’ ou ‘tablet’.

Mas a verdade, como avança a empresa especialista em segurança informática ESET, é que a aplicação se tratava, afinal, de um ‘malware’ bancário que, apesar de já ter sido removido da Play Store, foi instalado em centenas ou milhares de equipamentos.

A aplicação era descarregada como qualquer outra, num processo simples. No que os utilizadores não reparavam era nas autorizações solicitadas. Eram pedidos acessos especiais ao sistema no momento da instalação e, depois desta concluída, o ícone desaparecia e ficava disponível apenas o ‘widget’.

A falsa aplicação tratava de registar o aparelho nos servidores do criminoso, enviar os dados do dispositivo onde estava instalada, a lista de aplicações e ainda uma fotografia do utilizador que era tirada com a câmara frontal sem qualquer autorização. No caso de as informações enviadas indicarem que o utilizador se encontrava na Rússia, Ucrânia ou Bielorrúsia, a aplicação encerrava a actividade, levando a ESET a crer que os responsáveis pelo ‘malware’ são de uma destas regiões.

O método de ataque era simples. Depois de instalada e de avaliar a lista de aplicações, o ‘malware’ criava uma página falsa, semelhante à utilizada pela aplicação oficial que estava a ser aberta, onde solicitava os dados bancários/dados de pagamento do utilizador que, ao fornecer essa informação, estava a enviar directamente para o servidor dos atacantes os dados de pagamento.

Não se sabe, ao certo, quantas aplicações podiam ser copiadas com este método, mas o Facebook, Instagram, WhatsApp e a própria Play Store eram algumas das aplicações que estavam a ser copiadas. O problema em nada tem que ver com estas ‘apps’, uma vez que se tratava de uma página falsa e não da aplicação oficial.