César Silveira

César Silveira

Editor Executivo do Valor Económico

LEGADO. Amorim completaria 83 anos no próximo dia 21 e deixa uma fortuna avaliada em cerca de 4,9 mil milhões de euros que o colocou na condição de homem mais rico de Portugal.

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O ‘Rei da Cortiça’. Américo Amorim ficou assim conhecido por culpa do início do seu percurso empresarial e da liderança mundial do negócio da cortiça. Herdou da família a aposta no sector. Constituída em 1970, uma pequena empresa familiar (que tem o mérito de ter sido a primeira fábrica para a produção manual de rolhas de cortiça para as garrafas de vinho do porto) esteve na origem do que é, actualmente, o Grupo Américo Amorim.

Em 1922, o pai e os tios de Américo Ferreira de Amorim fizeram um ´´upgrade´ ao negócio e criaram a “Amorim & Irmãos”, onde Américo viria a ingressar aos quadros nos anos 1950, depois da conclusão do curso Geral de Comércio.

Com os irmãos e um tio, fundou a Corticeira Amorim (1963), assim como a Ipocork e a Champcork, empresas do sector dos derivados da cortiça. Posteriormente tornou-se responsável executivo da Holding Corticeira Amorim, que controla as empresas corticeiras e afins.

A diversificação do negócio da cortiça é atribuída ao seu espírito inovador, enquanto a expansão e internacionalização dos negócios, à sua visão e ousadia. Américo concordava com esta caracterização como se pode depreender na seguinte frase que usou ao referir-se ao período de 25 de Abril de 1974 em uma das entrevistas que concedeu à revista portuguesa Visão: “Enquanto os outros fugiam, eu fiquei e comprei”.

Na ocasião, também destacou a experiência internacional que ganhou com as inúmeras viagens que realizou entre os anos 1950 e 60. “Estive durante quatro anos e meio fora de Portugal, nos caminhos-de-ferro, em segunda classe, e a dormir em pensões. Andei pela América do Sul, Europa central e Ásia. Conheci povos, mentalidades, culturas, guetos de poder, sociedades desfavorecidas. Fiquei com a ideia de como era o globo. Foi uma universidade fantástica.”

Iniciou a diversificação dos negócios nas décadas que se seguiram a 1974 com o Grupo Américo Amorim. Em 1981, esteve envolvido na criação da Sociedade Portuguesa de Investimentos (SPI), que daria lugar ao BPI. Mais tarde, viria a participar no BCP, o banco privado fundado em 1985.Depois da área financeira, o grupo posiciona-se em sectores como as telecomunicações, o turismo e o petróleo.

Actualmente, o Grupo Américo Amorim (GAA) detém posições em dezenas de empresas nos cinco continentes e em diversas áreas económicas, desde a cortiça ao têxtil, à vitivinicultura, entre outras.

Na área da cortiça, o GAA é o líder mundial através de 78 empresas, 28 das quais são unidades industriais de transformação, estando os seus produtos presentes em mais de 100 países.

A sua ligação com Angola iniciou com a presença da Galp em 1982. Reforçou-a em 1993 na sequência da aquisição, pelo Grupo BPI, do então Banco de Fomento Exterior (que entrara em Angola em 1990). Seguidamente, participou em 2005 na criação do BIC Angola, tendo, em 2014, vendido os 25% que detinha tanto no BIC Angola como no BIC Portugal (criado em 2008 com os mesmos accionistas do BIC Angola). De resto, Amorim conta com um histórico recheado de compra e venda de participações. “Américo Amorim, um grande capitão da indústria, um homem com paixão pela criação de valor, riqueza, emprego e constante empreendedor de projectos”, é como Isabel dos Santos descreveu o antigo parceiro de negócios, fazendo recurso à sua conta do instagram.

INFRA-ESTRUTURAS. Medida resulta do facto de o projecto de Laúca estar a caminhar para a fase final e da necessidade de aproveitamento dos meios já utilizados.

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Os meios técnicos e humanos utilizados para a construção do Projecto de Laúca serão alocados para os Projectos de construção do Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça e do Zenzo, conforme Despacho Presidencial n.º 179/17, publicado em Diário da República nº 114.

A decisão é justificada pela necessidade de um “aproveitamento pleno desses meios e recursos em novas obras de grande porte”, perante o aproximar da fase final da construção da barragem de Laúca.

O documento refere ainda que as instalações de apoio, construídas no âmbito do referido projecto, “devem ser utilizadas para o projecto de Caculo Cabaça”. E ainda que “deve ser garantido que, nos novos projectos hidroeléctricos, a serem construídos, a proporção de contratação de mão-de-obra seja de, pelo menos, um técnico estrangeiro para noventa e cinco técnicos nacionais”.

Neste sentido, salienta a necessidade de uma “transferência gradual da força de trabalho contratada disponível no Projecto de Laúca para os futuros Projectos Hidroeléctricos, em função da evolução do cronograma dos mesmos”.

A medida pode ser entendida como resultante da necessidade de uma gestão rigorosa dos meios do Estado devido à actual conjuntura económica do país (medida igual foi tomada, por exemplo, em relação aos meios rolantes utilizados no Censo Populacional e que, depois, serviram ao Registo Eleitoral).

O Decreto não faz referência, entretanto, a uma possível revisão do orçamento previsto para as referidas empreitadas como resultado da utilização dos meios existentes, salientando apenas que o Governo será ressarcido pela Odebrecht.

À luz do decreto, a construtora brasileira “como construtora do aproveitamento hidroeléctrico de Laúca” será a gestora da mão-de-obra dos serviços de acomodação e restauração, bem como da manutenção dos meios técnicos que constituem património do Estado. “O Governo deve ser ressarcido pela Empresa Odebrecht dos custos de amortização dos equipamentos e instalações da sua propriedade, a estipular em contrato a celebrar”, lê-se no documento que indica o Ministério da Energia e Águas para fazer o acompanhamento do referido processo.

OS PROJECTOS

As obras do Projecto Hidroeléctico de Laúca iniciaram em Julho de 2012 com término previsto para Setembro do ano em curso. Para este mês, está previsto o início do funcionamento pleno para a produção comercial de energia. Sete turbinas devem garantir a produção de 2.070 megawatts. A beneficiar de um financiamento chinês, a construção do projecto hidroeléctrico de Caculo Cabaça, localizado na província do Kwanza-Norte, está orçada em cerca de 4,5 mil milhões de dólares e o início das obras está previsto para este mês. A infra-estrutura está projectada para ser a maior central hidroeléctrica do continente africano, com uma potência de 2.171 megawatts.

O período de duração das obras é de 80 meses e estarão a cargo do consórcio constituído pelos grupos chineses China Gezhouba Group Corporation (CGGC) e Niara Holding. Após a conclusão das obras, a CGGC também se responsabilizará, durante quatro anos, pelo funcionamento e manutenção do projecto, bem como pela formação de profissionais para a gestão a posterior. Por sua vez, o projecto Zenzo 1 e 2 têm uma capacidade prevista de 450 e 120 megawatts.

No pico, o Caculo Cabaça proporcionará oito mil postos de trabalho no local e, após a sua conclusão, vai fornecer energia eléctrica para os consumos industrial, agrícola e social a algumas províncias do Sul de Angola. Depois de a central hidroeléctrica ser concluída, o CGGC também se responsabilizará pelo seu funcionamento e manutenção, durante quatro anos, além de formar um grupo de profissionais de gestão operacional e técnicos.

O Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça é um dos maiores projectos construídos por empresas chinesas no estrangeiro, possuindo grande importância histórica e influência internacional. Em Junho de 2015, o Governo anunciou a adjudicação da empreitada do Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça ao CGGC, significando “a grande afirmação para a força global do CGGC e também para a nossa posição da indústria em Angola, e, ao mesmo tempo, deu-nos grandes missões e responsabilidades”, conforme declarou na altura a empresa.

COMÉRCIO. Importações cresceram 11,3%, superando as projecções de 8,7%, enquanto as importações cresceram 13%. As exportações chinesas, referentes ao mês de Junho, cresceram 11,3% para 196,6 mil milhões de dólares, quando comparado ao mês de Junho de 2016, superando as projecções de 8,7% das autoridades governamentais.

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Foi o quarto mês consecutivo de aumento nas vendas chinesas e o valor de Junho passa a ser o maior do ano em curso, enquanto o mês de Fevereiro continua com o menor valor: 1198.22 biliões de dólares.

No mesmo período, as principais exportações chinesas repartiram-se em produtos mecânicos e eléctricos (41%), produtos tecnológicos (20%), indústrias com uso intensivo de mão-de-obra, como roupas, têxteis, calçados, móveis, produtos plásticos e cerâmica (16%), motores e geradores (5%) e circuitos integrados (5%).

Já os principais destinos de exportação foram os Estados Unidos (18%), Hong Kong (15%), União Europeia (16%, dos qual a Alemanha, o Reino Unido e os Países Baixos representam 3% cada um), os países da ASEAN (12%, dos quais o Vietname representa 3%), Japão (6%), Coreia do Sul (4%) e Índia (3%).

Os produtos mecânicos e eléctricos também lideram as importações chinesas com 34%, seguindo-se os bens de alta tecnologia com 23%. Entre as commodities, o petróleo bruto lidera as compras chinesas com 6%, seguindo-se, minério de ferro 2%, cobre e alumínio. Os produtos agrícolas representaram 5%.

Os dados foram divulgados pela Administração Geral de Alfândega da China que dão conta ainda de que, no mesmo período, as importações chinesas aumentaram cerca de 17,2% para 153,8 mil milhões de dólares, níveis que também superaram as perspectivas de crescimento das compras em cerca de 13%. O mês de Junho regista o segundo valor de importação, superado pelos 156,6 mil milhões de dólares de Março.

O maior parceiro de importação da China é a União Europeia com 12% das importações totais (das quais a Alemanha responde por 5%), seguem-se os países da ASEAN (12%, dos quais a Malásia representa 3%), Coreia do Sul (10%), Japão e Taiwan. Os EUA e a Austrália encerram a lista de principais vendedores com, respectivamente, 9% e 4%.

Sequencialmente, as trocas comercias chinesas fixaram-se em 427,77 mil milhões de dólares, registando um crescimento de cerca de 5%, comparativamente aos anteriores 407,90 mil milhões de dólares.

SECTOR DIAMANTÍFERO. Lucapa Diamond Company regista, em termos de quantidade, crescimento de quase 100%. Diamante mais caro do país provoca, entretanto, recuo nas receitas.

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O número de diamantes especiais recuperados, na Sociedade Mineira do Lulo, aumentou cerca 97% para 57 unidades, enquanto o peso cresceu 76% para 1.199 caracteres, no segundo trimestre de 2017, revela um comunicado da Lucapa Diamond Company (operadora e detentora de 40% da sociedade), a que o VALOR teve acesso.

Os resultados, que reforçam as possibilidades de se estar perante a maior mina do país e uma das maiores do mundo, em termos de valores, mantêm a tendência crescente de quilates resultantes de diamantes especiais, depois dos 96 quilates recuperados no segundo trimestre de 2015 e dos 683 no mesmo período de 2016.

No que diz respeito ao semestre, o volume dos diamantes especiais cresceu cerca de 18% para 2.328 quilates, face aos 1.967 quilates produzidos no mesmo período de 2016.

Comparativamente ao volume global, o dos diamantes especiais representou cerca de 29%, face à produção do segundo trimestre (4.203 quilates) e cerca de 28%, face à produção do primeiro semestre (8.301 quilates).

Entre os destaques do primeiro semestre consta a produção do segundo maior diamante produzido no país, no caso, com 227 quilates que superou o de 172,67 quilates, descoberto em Setembro de 2016. O diamante mais valioso do país tem 404 quilates e foi encontrado em Fevereiro de 2016 na mesma mina. Está entre as trinta maiores descobertas do mundo e foi comercializada por 16 milhões de dólares.

Os sinais de se estar perante uma mina valiosa começaram a ser dados ainda em fase de prospecção. No primeiro semestre de 2014, por exemplo, 50% dos diamantes descobertos até então tinham sido classificados como de qualidade rara. “Dos 12 diamantes do kimberlito recuperados até à data, seis foram confirmados como pedras de Tipo 2A.Os diamantes tipo 2A estão entre os mais raros do mundo, representando menos de 1% da produção do diamante global”, lê-se no relatório apresentado, na altura, pela Lucapa Diamond Company.

Na ocasião, a empresa informava ainda que os geólogos internos acreditavam que estavam em presença de “uma fonte provável de diamantes aluviais de tipo 2A grandes e valiosos de até 131,4 quilates”.

Com o objectivo de confirmar a existência de mais pedras raras e melhorar a produção dos mesmos, a empresa realizou um estudo especializado, cujo resultado partilhará brevemente com os outros accionistas (Endiama32% e Rosas e Pétalas 8%), segundo informa no documento. “A Lucapa espera actualizar os accionistas, em breve, sobre os resultados e a interpretação da pesquisa do Time DomainElectromagnetic (TDEM), transmitida por helicóptero sobre a área do Vale de Cacuilo em Lulo, uma vez que o trabalho está concluído”, esclarece a empresa, acrescentando que os resultados do inquérito “ajudarão o programa de perfuração do Kimberlite do Lulo, que visa localizar a principal fonte ou fontes de diamantes aluviais excepcionais que estão a ser recuperados dentro da concessão”. A perfuração, diz a companhia, também será auxiliada pelos resultados da análise laboratorial do núcleo de kimberlite na África do Sul.

Em 2016, os diamantes produzidos na mina do Lulo foram os mais valiosos do mundo com um preço médio de 2.983 dólares por quilate, segundo comunicado divulgado no princípio deste pela Lucapa Diamond Company.

Diamante raro compromete receitas semestrais

Quanto às vendas, a empresa registou recuo no primeiro semestre, apesar do aumento de 58% para 4,8 milhões de dólares no segundo trimestre. Ao longo dos seis meses, o valor das vendas recuou cerca de 41% comparativamente ao período homólogo. Contribuiu para a quebra o facto de os números do primeiro semestre de 2016 contarem com os cerca de 16 milhões de dólares resultantes da venda do diamante mais valioso descoberto no país.

Em relação à produção, a empresa registou crescimento de 63% para 4.203 quilates. Os volumes de mineração cresceram 55% para 57.283 metros cúbicos, o que, segundo a empresa, mantém a operação no “caminho certo” para atingir o objectivo de 240 mil metros cúbicos para o ano.

O projecto Lulo cobre uma área de 3.000 km2 e está localizado na bacia do rio Cuango, na Lunda Norte. Situado a 150 quilómetros a oeste do projecto diamantífero de Catoca, conta com um importante campo de kimberlite identificado dentro da concessão e aluviais extensivos de diamantes. Depois de cerca de quatro anos de exploração e amostragem, a Lucapa Diamond Company iniciou, em finais de 2012, a exploração mais crítica. Desde esta altura foram sendo encontrados diamantes raros.