ACORDO. Dois líderes declararam solenemente, perante 80 milhões de coreanos e todo o mundo, que “não vai haver mais guerra na península da Coreia e que uma nova era de paz começou”. O presidente norte-coreano, Kim Jong-un, e o seu homólogo do Sul, Moon Jae-in, comprometeram-se, na passada sexta-feira, a assinar um acordo de paz para encerrar a guerra na Península, processo que deverá ocorrer ainda no decorrer do próximo ano. O encontro histórico entre os dois estadistas foi tema de destaque na imprensa internacional, mas, segundo as notícias veiculadas, ficou patente que o acordo rubricado não determina o fim do conflito entre os dois Estados, sendo que ambos se encontram, ainda hoje, tecnicamente em guerra, já que somente uma trégua foi assinada em 1953. No documento, rubricado entre os dois países, destaca-se que, “durante este ano que marca o 65.º aniversário do armistício, as Coreias do Sul e do Norte concordaram em realizar activamente reuniões trilaterais envolvendo as duas Coreias e os EUA, ou encontros quadrilaterais envolvendo as duas Coreias, os EUA e a China, com o objectivo de declarar o fim da guerra, transformando as tréguas existentes num tratado de paz e estabelecendo um regime de paz sólido e permanente”. Durante uma intervenção, no acto do acordo, o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que os dois países há muito que estavam à espera de um acordo do género, tendo declarado que agora ambos os Estados se aperceberam que “são uma nação e muito próximos, estão ligados pelo sangue” e que, “como compatriotas, não podem viver separados”. O encontro entre os dois estadistas ocorreu na vila fronteiriça de Panmunjom, situado na zona desmilitarizada entre os dois países. De acordo com o documento, “o Norte e o Sul vão cooperar activamente para estabelecer um sistema de paz permanente e estável na Península Coreana”. O documento reforça ainda que “os dois líderes declararam solenemente, perante 80 milhões de coreanos e todo o mundo, que não vai haver mais guerra na península da Coreia e que uma nova era de paz começou”. PROGRAMA DE DESNUCLEARIZAÇÃO O presidente norte coreano e o seu homólogo do Sul assumiram igualmente, nesse primeiro encontro entre estadistas, após uma década de ruptura nas relações bilaterais, o “compromisso de completar a desnuclearização da Península Coreana”, além de reduzir arsenais convencionais para diminuir as tensões militares e fortalecer a paz, mas sem entrar em detalhes sobre como este processo irá decorrer. O porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan, informou que, durante o encontro, que durou cerca de duas horas, os dois chefes de Estados “falaram sobre a desnuclearização, estabelecimento da paz na península e sobre a melhoria nas relações bilaterais”. Além desse pormenor, Kim Jong-un e Moon Jae-in decidiram organizar um encontro entre as famílias separadas desde o fim da guerra, que perdura há 65 anos, mantendo o programa “por ocasião do Dia de Libertação Nacional a 15 de Agosto deste ano”, quando for comemorada a rendição do Japão ao final da II Guerra Mundial. Após as discussões, o líder norte-coreano disse ainda que ambos os países haviam concordado em coordenar de perto o processo de paz para garantir que não ocorra uma repetição da “história infeliz” da região, na qual os progressos anteriores “fracassaram”. “Pode haver folga, dificuldades e frustrações”, disse o estadista norte-coreano, reforçando que “uma vitória não pode ser alcançada sem dor. As duas Coreias concordaram também que Moon Jae-in deverá visitar, em breve, Pyongyang, mais precisamente no próximo Outono. Para simbolizar, Kim Jong-un e Moon Jae-in plantaram, na zona desmilitarizada, um pinheiro, nascido em 1953, ano em que foi assinado o cessar-fogo entre os dois países. Na base da árvore, foi colocada uma pedra com os nomes dos líderes, com os dizeres: “plante paz e prosperidade”. REACÇÕES DE DIMENSÃO MUNDIAL O encontro histórico entre os presidentes da Coreia do Norte e do Sul suscitou, no entanto, várias reacções. O presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu pelo Twitter, como de costume. “Depois de um ano louco de lançamento de mísseis e de testes nucleares, acontece este encontro histórico entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Coisas positivas estão a acontecer, mas só o tempo permitirá julgá-las”, escreveu, tendo reforçado que os norte-americanos podem ficar “orgulhosos da evolução da situação na península coreana”. A Rússia, por sua vez, saudou os resultados desta cúpula histórica, destacando que o presidente Vladimir Putin “sempre foi partidário” de um diálogo entre Seul e Pyongyang. Já o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse esperar que a Coreia do Norte tome medidas concretas em relação aos compromissos assumidos. Tóquio acrescentou que se manterá em contacto com as duas Coreias e os EUA.
Valor Económico
Alexandre, o novo ‘rei’ da dinastia Rothschild
CARREIRA. De 37 anos, Alexandre de Rothschild conta com uma vasta experiência na área de banca de investimento e ‘private equity’, tendo passado pelo Bear Stearns e pelo Bank of America e goza da total confiança da estrutura accionista para liderar um banco com cerca de 200 anos de história. A partir do próximo mês, Alexandre de Rothschild sucede ao seu pai na liderança do Rothschild & Co, um banco centenário, presente em 40 países e com uma equipa de 3.500 especialistas financeiros. Vocacionado a prestar serviços de assessoria financeira, gestão de activos e fortunas e financiamento, este banco, que tem estado na linha da frente dos mercados financeiros mundiais, obteve, em 2017, receitas de 1.910 milhões de euros, um crescimento de 12% face ao ano anterior e um lucro líquido de 247 milhões de euros, mais 35% do que em 2016, segundo noticiou o Diário de Notícias. O império financeiro, que já vai na sua 7.ª dinastia, foi criado por Mayer Amschel Rothschild, tendo cinco dos seus filhos estabelecido actividade bancária por toda a Europa. A estratégia para o sucesso, defendida por Mayer Amschel Rothschild, resumia-se em ter o controlo dos negócios nas mãos da família, permitindo-lhes manter total discrição sobre o tamanho da riqueza e realizações de negócios. Mayer Rothschild conservou com sucesso a fortuna com casamentos arranjados, muito ao pormenor, entre os membros estritamente relacionados com a família. O seu quarto filho, Nathan Mayer Rothschild, começou o negócio financeiro em Londres em 1811, onde o império ainda perdura até hoje. Os seus negócios, de tão importantes, chegaram até a evitar grandes crises financeiras em Inglaterra. Mas o império dos Rothschild inclui empreendimentos que vão além da banca, com destaque para os muitos investimentos aplicados em sectores como o da mineração, energia, agricultura mista, vinho e instituições de caridade. Ao longo da história, a família geriu uma carteira de clientes que inclui casas reais, governos, a Santa Sé, além de diversas personalidades famosas. Os Rothschild, de origens judaicas, foram decisivos em momentos-chave da história, como na criação de Israel, tendo a declaração de Balfour sido dirigida ao lord Walter Rothschild. LIDERANÇA DE EVOLUÇÃO É para todo este activo que Alexandre de Rothschild deverá doravante centrar as suas atenções, quando suceder ao pai, David, na liderança do banco, uma nomeação que deverá ser aprovada a 17 de Maio, em assembleia-geral de accionistas. O jovem Rothschild entrou no banco em plena crise financeira de 2008. Conta com uma vasta experiência na área de banca de investimento e ‘private equity’, tendo passado pelo Bear Stearns e pelo Bank of America. Desde 2011 que é membro da comissão executiva do banco e tem assumido lugares na administração de várias empresas do grupo. Desde 2017, que é o número dois da Rothschild & Co Gestion. A mudança na liderança da Rothschild & Co foi, segundo o pai de Alexandre Rothschild, “cuidadosamente” preparada ao longo do tempo. Segundo defende o seu progenitor, “Alexandre, com 15 anos de experiência, demonstrou conhecimentos profundos de todos os nossos negócios e a sua capacidade em construir relacionamentos.” Nos últimos anos, “a Rothschild & Co cresceu e tornou-se numa empresa global com três negócios reconhecidos e estabelecidos”, afirma, por sua vez, Alexandre, referindo-se às recentes aquisições efectuadas pelo banco e à mudança da designação corporativa de que foi alvo. Alexandre de Rothschild garante, no entanto, que pretende “continuar o desenvolvimento da empresa na direcção claramente estabelecida” pelo pai, tendo afirmado ainda, em declarações ao Financial Times, que a sua liderança será de “evolução” e não de revolução. E vai olhar para oportunidades de aquisição.
Aves põem em risco tráfego aéreo
A pista do aeroporto Maria Mambo Café em Cabinda está a ser ocupada por um bando de pombos, corvos e cegonhas, que põem em risco o tráfego aéreo na região. A situação, que perdura há mais de um ano e meio, é preocupante devido à insegurança que representa para as aeronaves. As aves ocupam aquele espaço em busca de alimentos, uma vez que à volta da pista existem minhocas e outros resíduos que garantem a sua sobrevivência. O aeroporto de Cabinda é o segundo mais movimentado do país e é administrado pela Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (Enana).
BNA vende 25 milhões de euros em leilão
O Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu em leilão, terça-feira, para o mercado primário o montante de 25 milhões de euros para a cobertura de serviços, incluindo assistência técnica, consultoria, resseguro, licenças e patentes. Desta sessão, de acordo com o comunicado do BNA, foi apurada a taxa de câmbio média ponderada de 270,947 kwanzas por Euro, com depreciação de 0,925 %. Contribuíram para o apuramento da taxa de câmbio de referência 13 dos 25 bancos participantes, tendo a taxa mais alta sido de 273,161 kwanzas por Euro e a mais baixa de 270,181 kwanzas por Euro. Em função das regras para organização dos leilões, os bancos BAI e Atlântico arrecadaram os maiores valores de ‘plafond’ disponível no montante de cinco milhões 813 mil 607 euros e quatro milhões e 250 mil euros, respectivamente. Na sessão anterior, o banco central efectuou a venda de divisas em leilão para o mercado primário no valor de 150 milhões de euro para a cobertura de cartas de crédito.
Reformar sem penalizar mais os desfavorecidos
O programa de estabilização anunciado quase no final do ano passado, com realce para o ajustamento fiscal e a correcção dos desequilíbrios na economia doméstica e no sector externo, tem como uma das traves-mestra o corte na despesa pública. Mas todos sabemos que este corte não se pode prolongar sem horizonte, tanto quanto temos igual consciência que uma política fiscal de incidência violenta sobre as empresas, famílias e particulares, sem estratégias duradoiras da falada diversificação da economia – não ajudara nem o crescimento económico nem a paz social por via da depauperação da população mais vulnerável. As autoridades possuem consciência de que os ganhos obtidos com o petróleo entre a faixa dos 60/70 dólares por barril são muito frágeis e a busca por outras fontes de receitas deve ser persistente. Ainda assim, o FMI, nas últimas recomendações, sublinhava que “as perspectivas mais favoráveis relativamente ao preço do petróleo oferecem uma oportunidade para reforçar as politicas macroeconómicas e dar um ímpeto renovado as reformas estruturais, permitindo a Angola realizar o seu pleno potencial”, conforme afirmou Ricardo Velloso, chefe da missão. Mantendo na ocasião um discurso de prudência sobre a “ligeira recuperação económica” que Angola atravessa, com a projecção de 2,2% de crescimento do PIB, depois do 1% registado em 2017, explicado basicamente como resultado de “um sistema mais eficiente de afectação de divisas e maior disponibilidade devido ao preço mais elevado do petróleo”, a restauração da estabilidade macroeconómica e a melhoria da governação deverão a ser os principais focos do executivo. Tal como previra o FMI, vaticinando uma taxa de inflação anual elevada na ordem dos 24,7%, sobretudo como reflexo do efeito da depreciação do kwanza, as últimas informações divulgadas pelo INE, a taxa de inflação em Angola voltou a subir entre Fevereiro e Março, com o acumulado dos últimos 12 meses a permanecer acima dos 20%. Não se sabe muito bem até onde o Governo quer levar a politica de depreciação do kwanza, embora se assuma que a referência do OGE possa ser um limite não admitido explicitamente, num momento em que o câmbio paralelo parece ter- se estabilizado. Como avisa Victor Lopes, do Standard Chartered Bank, baseado em Londres, ao permitir-se a depreciação do kwanza pode ajudar a concretização da política de ajustamento fiscal, devido à existência de uma economia baseada nas receitas de exportação do petróleo conectadas com o dólar norte-americano, uma vez traduzidas em moeda local. Mas isso não resolve todos os problemas relacionados com a gestão posterior do kwanza, segundo Abiola Rasaq, chefe da divisão de relações com investidores do United Bank of Africa, baseado em Lagos, Nigéria, que sugere o refrear da procura por divisas através do estabelecimento de um mercado de futuros. Rasaq argumenta que semelhante medida poderia ajudar o banco central a gerir de modo mais eficiente as reservas e apaziguar a presente situação onde os utilizadores finais correm para a aquisição imediata de divisas, devido ao natural pânico provocado pelas sucessivas desvalorizações do kwanza. A avaliar pelas gritantes reclamações dos empresários angolanos assolados pela pesada carga fiscal, escassez de divisas, aumento dos custos de produção, diminuição do poder de compra dos consumidores e ‘tutti quanti’ – as soluções não se afiguram nem rápidas, nem fáceis. Para Victor Lopes, do Standard Chartered, o crescimento da economia deverá manter-se ainda baixo em 2018, nos 2% por várias razões: primeira, a escassez de divisas que continuará a ter um impacto negativo sobre as empresas, quando, por outro lado, uma inflação elevada vai reflectir-se negativamente sobre o consumo (que chegou a atingir em Luanda, no fim de 2017, 26.3% contra o índice nacional médio de 23.7%). Segundo, devido ao imperativo dos cortes na despesa pública a que o Governo se vê constrangido. E tudo isso não obstante uma ligeira subida do preço do petróleo. Na medida em que o fosso entre o câmbio oficial e o paralelo não voltar a alterar-se de modo significativo e se colocar o dilema de controversas desvalorizações ulteriores, o Governo não poderá deixar de equacionar outras alternativas, justamente por causa da inflação ‘importada’, da extrema sensibilidade do sector bancário, da vulnerabilidade da taxa de câmbio e também da dívida externa. De resto, continua a pairar no horizonte se Angola irá ou não recorrer a um empréstimo do FMI, tendo em conta as necessidades de financiamento da economia, paralela ao aumento da credibilidade do programa de ajustamento, num momento em que os tradicionais grandes parceiros de Angola, como a China, podem não ter a mesma disponibilidade financeira. Como também se sabe, apesar das desvalorizações e do controlo da moeda nacional, persistem as tensões de liquidez. As mudanças previstas na legislação sobre o investimento estrangeiro, assim como as anunciadas privatizações, a transparência e o badalado combate à corrupção serão mais alguns importantes testes para ajuizar da seriedade e coerência das reformas anunciadas pelo Executivo. Mas o Governo, no seu ímpeto reformista, não deveria penalizar os sectores mais desfavorecidos, com impostos desmesurados, salários cada vez mais baixos e uma queda generalizada no âmbito e na qualidade da oferta de serviços básicos – saúde, educação, saneamento, etc. - conduzindo ao empobrecimento gravoso das populações num clima de crescente tensão social (sem esquecer o fecho de muitas empresas e o desemprego). Daí, a pertinência de propostas como a taxação das fortunas e outras medidas como a subida de salários em determinados sectores. A economia política da nova administração não deveria ser feita a expensas dos pobres.
Falta de plano de emergência, tratamento das bagagens e indifinição do operador...