Valor Económico

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A empresária Isabel dos Santos explicou hoje (17) que o financiamento que deixa pronto a ser utilizado pelo próximo conselho de administração da Sonangol, no valor de 2.000 milhões de dólares, será garantido por vários bancos europeus e chineses.

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Em entrevista ao telejornal da TV Zimbo, um dia depois de ter deixado a presidência do conselho de administração da petrolífera estatal, a empresária recordou que recebeu em 2016 uma empresa sem credibilidade, depois de falhados compromissos do ano anterior com banca. "Foi importante reconstruir esta confiança com o sector bancário", explicou Isabel dos Santos, apontando esse processo como um dos exemplos da gestão de 17 meses à frente da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol).

Essa recuperação da credibilidade da petrolífera estatal, acrescentou, culminou com o entendimento com um consórcio bancário para financiar a Sonangol, através de linhas asiáticas e europeias. "São bancos europeus top de líder e bancos chineses top de líder que vão financiar.

A linha está montada, agora caberá ao conselho de administração actual concretizar este financiamento, que é na rodem dos 2.000 milhões de dólares, e que permitirá à Sonangol terminar o ano com todos os 'cash calls' pagos", disse a empresária.

Os 'cash calls' são pedidos de fundos que as petrolíferas fazem, para realizar os investimentos, e Isabel dos Santos já tinha explicado na quinta-feira, depois da exoneração do cargo por decisão de João Lourenço, que, em dezembro de 2015, a Sonangol, "pela primeira vez na sua história não tinha conseguido cumprir com as suas obrigações junto da banca", além de ter "dívidas com os fornecedores e pesadas 'cash calls'".

Com este empréstimo, segundo Isabel dos Santos, a Sonangol poderá liquidar os 'cash calls' relativos a 2017, "permitindo, assim, chegar ao final do ano sem dívidas aos nossos parceiros". Contudo, a nova administração da petrolífera, liderada por Carlos Saturino e empossada na quinta-feira pelo Presidente angolano, ainda não se pronunciou sobre este empréstimo.

Na entrevista desta noite, a empresária voltou a sublinhar a situação dramática e de pré-falência em que a Sonangol estava em Junho de 2016, quando foi nomeada por José Eduardo dos Santos para presidir à petrolífera.

Recorda que a dívida financeira do grupo estatal, quando iniciou funções, era de 13.000 milhões de dólares, cifrando-se actualmente em 7.000 milhões de dólares e que foram identificadas 400 iniciativas de redução de custos, no valor de 1.400 milhões de dólares, dos quais 380 milhões de dólares já foram efectivadas. Além disso, como exemplo da recuperação da credibilidade da Sonangol, recorda que deixou a empresa com iniciativas em curso que irão permitir uma poupança de 784 milhões de dólares.

Durante a entrevista não foram abordados directamente os motivos que levaram à exoneração das funções, tendo Isabel dos Santos garantido apenas que a missão do grupo de trabalho criado pelo Presidente da República, João Lourenço, para avaliar o sector petrolífero, "não foi debruçar-se sobre a Sonangol ou sobre a gestão da Sonangol"."A nossa relação com as empresas petrolíferas é boa, muito boa", afirmou ainda.   

Questionada sobre o interesse em manter o nível de investimento em Angola após as eleições de Agosto, que levaram à saída de José Eduardo dos Santos e à chegada ao poder de João Lourenço, aquela que é considerada a mulher mais rica de África, garantiu que vai continuar a apostar no país. "Eu sou angolana, gosto de Angola, é o meu país, acredito que Angola é um país que tem tudo para dar certo. Temos uma diversidade de investimentos possíveis, por isso acho que sim, que continuarei", concluiu.

Depois das telecomunicações, banca, energia, cimentos e distribuição, Isabel dos Santos inaugurou hoje, em Luanda, a fábrica da ‘Luandina’, a nova cerveja nacional que nasce de um investimento em conjunto com o marido, o empresário congolês Sindika Dokolo.

O presidente Robert Mugabe rejeitou categoricamente, quinta-feira (16), renunciar ao poder que exerce há 37 anos no Zimbábue, após discussões com os generais que assumiram o controle da capital, Harare.

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Colocado em prisão domiciliar na madrugada de quarta-feira, o chefe de Estado de 93 anos encontrou pela primeira vez esta tarde o chefe do Exército na sede da presidência em Harare, indicou à AFP uma fonte próxima dos militares. "Reuniram-se quinta-feira. Ele se recusou a renunciar. Acredito que está a tentar ganhar tempo", declarou a fonte, que pediu para não ser identificada.

Imagens do encontro mostram o presidente vestido de azul marinho e calça cinza ao lado do chefe do Estado-Maior, o general Constantino Chiwenga.

Dois ministros sul-africanos enviados pelo presidente Jacob Zuma também participaram da reunião, segundo um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, que não forneceu qualquer detalhe sobre o que foi discutido.

A intervenção dos militares, que tomaram o controle dos pontos estratégicos da capital, pode por fim ao último regime africano, liderado por um "pai da libertação", a geração de chefes surgido durante as lutas pela independência.

O Parlamento Europeu (PE) defendeu o reforço da parceria entre a União Europeia (UE) e o continente africano, em vésperas da próxima cimeira UE-África que se realiza a 29 e 30 deste mês, em Abidjan.

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Num relatório aprovado em plenário por 419 votos a favor, 97 contra e 85 abstenções, os eurodeputados propõem várias medidas para reforçar a parceria entre a UE e África, fazendo da resiliência política, económica, ambiental, social e no domínio da segurança um pilar essencial da nova estratégia entre os dois blocos.

O Parlamento Europeu defendeu que devem ser intensificadas as relações entre a UE e a União Africana (UA) por meio de um diálogo “revisto e alargado”, a fim de criar uma “situação vantajosa para ambas as partes e de cooperação equitativa e sustentável para responder aos desafios partilhados e obter benefícios comuns, garantindo, ao mesmo tempo, o princípio da apropriação e tomando em consideração as circunstâncias específicas e o nível de desenvolvimento de cada país parceiro.”

A parceria reforçada entre África e a UE deve reflectir a evolução dos contextos políticos, económicos, ambientais e sociais de ambos os continentes e adaptar-se “a novos intervenientes no plano internacional, nomeadamente a China”, refere o relatório.

Os deputados europeus recomendaram, nomeadamente, o reforço da cooperação entre a UE e África no domínio da segurança e da justiça para melhorar a luta contra o crime organizado, o tráfico de seres humanos, o contrabando e o terrorismo, assegurando que as acções empreendidas pela UE estejam em sinergia com as estratégias adoptadas pelos países africanos.

O Parlamento Europeu quer ainda um “diálogo franco” entre a UE e o continente africano sobre a boa governação, a democracia, o Estado de direito, o respeito pelos direitos humanos, bem como a luta contra a corrupção nos dois continentes, alargando a condicionalidade da ajuda ao desenvolvimento ao cumprimento rigoroso destes valores e princípios.

A União Europeia deve ainda intensificar a assistência à agricultura sustentável e os investimentos nos sectores da Educação e da Saúde.

A próxima cimeira União Eurpeia-África realiza-se na capital da Costa do Marfim, sob o lema “Investir na juventude”.

A empresa Sonils, subsidiária da Sonangol para logística e operadora de terminal do Porto de Luanda, anunciou ontem (16), em nota de imprensa, o despedimento de 250 trabalhadores num processo para reajustar a força de trabalho ao declínio da actividade da empresa.

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O documento designa o processo como “um ajuste de desvinculação no quadro de pessoal efectivo” decorrente “do contínuo declínio dos níveis de actividade e dos indicadores financeiros da empresa” e declara que os trabalhadores afectados começaram a receber notificações neste mês de Novembro.

A nota de imprensa atribui a decisão “ao contexto socioeconómico que se verifica na indústria petrolífera” e a outros aspectos, como a baixa de produtividade, e que os despedimentos envolvem trabalhadores efectivos nacionais e estrangeiros, bem como colaboradores por tempo determinado.

O processo de notificação dos colaboradores afectados está a decorrer conforme a planificação efectuada, estando salvaguardado o pagamento das indemnizações aos colaboradores, em conformidade com os pressupostos previstos na Lei Geral do Trabalho em vigor, afirma o documento.

A Sonils declarou lamentar a situação e sublinha que envidou todos os esforços para evitar o que considera ser “este triste desfecho.” Porém, prossegue o documento, o actual contexto económico que o país continua a atravessar e, particularmente, o sector petrolífero, forçou a tomada de tal decisão, para salvaguardar não só a continuidade da actividade operacional da empresa como também dos restantes postos de trabalho.

Em Outubro, mais de 400 trabalhadores da Angola Offshore e Sirvimar - prestadores de serviços - paralisaram os trabalhos, solicitando aumentos salariais.

A economia angolana cresce 1,1% este ano, de acordo com projecções anunciadas ontem (16), em comunicado, pela missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que permanecia em Angola desde 6 de Novembro.

Ricardo Velloso

A missão, liderada pelo director do Departamento Angola do FMI, o economista brasileiro Ricardo Velloso, estima que a economia registe este ano um crescimento de 1,1% e que a balança sobre o estrangeiro registe melhorias, devido à evolução positiva registada nos termos de troca, mas acrescenta que a inflação mantém-se elevada.

O documento admite que Angola está a registar este ano uma recuperação económica ligeira, mas continua a ter desequilíbrios macroeconómicos significativos, pode ler-se no comunicado quarta-feira divulgado em Washington e elaborado pela missão que recentemente concluiu uma visita de 10 dias ao país.

O comunicado sublinha que as vendas de moeda estrangeira, por parte do Banco Nacional de Angola, estão a aumentar, o que fez com que as reservas sobre o exterior tenham caído para 14,9 mil milhões de dólares em Outubro. A diferença entre as taxas de câmbio oficial e paralela mantém-se elevada, continuando os pedidos de divisas da banca comercial a não serem totalmente satisfeitas, pode ler-se no comunicado.

A missão do FMI a Angola manteve discussões preliminares relativas às políticas económicas e planos de reforma previstos pelo Governo, para solucionar os desequilíbrios macroeconómicos conseguir melhorar as perspectivas de crescimento, contidos no plano intercalar a seis meses, a executar até Março de 2018. “Os desequilíbrios macroeconómicos devem ser enfrentados com determinação.

O plano intercalar está adequadamente centrado nos objectivos de intensificar os esforços de consolidação orçamental, introduzir maior flexibilidade na taxa de câmbio e melhorar a governação e o ambiente de negócios, de modo a promover um crescimento mais rápido bem como a diversificação económica”, conclui o comunicado.

A missão manteve encontros com os ministros de Estado para o Desenvolvimento Económico e Social, das Finanças, da Economia e Planeamento e do Comércio, Manuel Nunes, Archer Mangueira, Pedro Luís da Fonseca e Joffre Van-Dúnem Júnior, além do governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano. Ocorreram ainda encontros com membros da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional e representantes do sector financeiro e sector privado não financeiro.

As novas projecções de crescimento secundam as apresentadas nas Perspectivas Económicas Mundiais divulgadas na primeira quinzena de Outubro em Washington, durante a Assembleia Anual Conjunta do FMI e do Banco Mundial, quando o Fundo elevou as estimativas de expansão de 1,3 para 1,5%.

A recuperação surge depois da economia angolana sofrer uma recessão de 0,7% no Produto Interno Bruto do ano passado, diziam as Perspectivas Económicas Mundiais publicadas em Outubro.

Plano Intercalar

O chefe da missão elogiou, na terça-feira, à saída do encontro com a Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, a intenção do Governo de continuar o seu processo de consolidação fiscal, com um nível de despesas cada vez mais adequado ao da receita.

Ricardo Velloso referiu que durante a visita, que visa preparar a deslocação oficial, em Janeiro, no âmbito do artigo IV do acordo consultivo daquela instituição, o FMI olhou com muita atenção o Plano Intercalar elaborado pelo Governo, a executar até Março de 2018, que prevê igualmente a adopção de um regime de taxa de câmbio mais flexível, que para aquela organização financeira internacional “é importante para o processo de diversificação da economia”. Ainda relativamente ao plano, o responsável salientou que o FMI tomou também “boa nota” quanto ao desejo das autoridades melhorarem a governação do país.

“A boa governação gera frutos, ela faz o melhor uso dos recursos que existem e no caso são recursos mais escassos e geram mais crescimento económico. É muito importante que o Governo tenha essa intenção, siga cada vez mais na direcção de melhorar as instituições, reforçar as instituições, para que a governação no país melhore”, frisou.

O director de Departamento Angola do Fundo Monetário Internacional também referiu, ao falar à imprensa na terça-feira, os desafios para as autoridades angolanas no domínio económico, à luz dos esforços continuados de ajustamentos aos preços do petróleo e às taxas de crescimento inferiores às almejadas pelo Estado para prover emprego e gerar rendimentos para a população.