Valor Económico

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IMPASSE POLÍTICO. As atenções noticiosas mundiais desviaram-se no início da semana da tensão na península coreana para a região das Caraíbas e Estados Unidos, na medida em que se aproximava o furacão Irma, um dos mais poderosos e devastadores das últimas décadas.

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O fenómeno natural começou por atingir as Bahamas, zona altamente turística e habitualmente calma. O furacão atingiu fortemente as ilhas de Turcos e Caicos e as Ilhas Virgens, antes de evoluir também para Cuba.

Durante a sua passagem inicial, a combinação de temporal e fortíssimos ventos provocou vários mortos e destruição incalculável, mas, curiosamente, ´poupou´ a costa norte do Haiti, o país mais pobre da região.

A próxima paragem seria a Florida, nos Estados Unidos, onde as autoridades prepararam uma série de medidas sem precedentes.

Entretanto, a caminho dos EUA, o Irma baixou para a categoria 4, a segunda mais alta na escala Saffir-Simpson, mas continuava “extremamente perigoso”, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC).

A passagem pelo Caribe foi devastadora: duas pessoas morreram no Porto Rico, quatro nas Ilhas Virgens americanas, uma em Barbuda e cinco na ilha de Saint Martin (quatro do lado francês e uma do lado holandês).

Cuba esperava a passagem do furacão durante a noite de sexta-feira. As autoridades decretaram alerta máximo em sete das suas 15 províncias e obrigaram à retirada de 10 mil turistas estrangeiros.

Quase um milhão de pessoas receberam ordens de deixar áreas costeiras de Flórida e Geórgia, na maior evacuação maciça nos Estados Unidos em 12 anos.

“Será realmente devastador”, antecipou, quinta-feira, o diretor da Agência Americana de Gestão de Emergências (Fema), Brock Long. Depois do Irma, o Caribe enfrentará a fúria de outros dois furacões: José e Katia. O primeiro, que seguia a trajetória de Irma, ganhou força na quinta-feira e subiu para categoria 3, com ventos de até 195 km/h, segundo o NHC. Katia, de categoria 1, deve chegar à costa do estado mexicano de Veracruz também na sexta-feira.

Durante a passagem pelo Caribe, o Irma deixou pelo menos 23 mortes, segundo confirmação dos governos regionais: uma criança em Barbuda, uma em Anguila, três em Porto Rico, quatro nas Ilhas Virgens americanas, outras quatro nas Ilhas Virgens britânicas, nove na parte francesa da ilha Saint Martin e um na parte holandesa.

Com rajadas de vento que chegaram a 295 km/h, o furacão varreu pequenas ilhas caribenhas como Saint Martin, onde 60% das casas ficaram inabitáveis.

“Parece como se uma podadora gigante tivesse descido do céu e passado pela ilha”, explicou Marilou Rohan, moradora afectada. “As casas foram esmagadas e as pessoas não têm esperança, vemos em seus olhos”, acrescentou Rohan nesta ilha conhecida pelas praias paradisíacas e cujo território França e Holanda compartilham.

As autoridades francesas confirmaram nove mortos em Saint Martin e 50 feridos. Do lado holandês, houve pelo menos um morto. A ministra francesa de Ultramar, Annick Girardin, que percorreu Saint Martin na quinta-feira, disse que viu alguns saques.

Horas antes, o Irma era um furacão de categoria 5, a máxima, chegando a gerar ventos de 295 km/h durante mais de 33 horas, um recorde desde o início do monitoramento por satélites em 1970. As fortes rajadas arrancaram tectos, esmagaram embarcações e deixaram escombros por todo lado. Aeroportos, portos e linhas telefônicas ficaram fora de serviço.

Segundo a Cruz Vermelha Internacional, o furacão afectou 1,2 milhões de pessoas, mas admitiu que a cifra poderia chegar a 26 milhões.

CONSELHOS. São famosos, poderosos e bem-sucedidos nos negócios ou na política, mas não foi da noite para o dia que chegaram a essa condição. Estabeleceram hábitos que fazem questão de seguir rigorosamente.

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Mark Zuckerberg:

“Tente fazer o menor número possível de escolhas”

Tomar decisões pode ser angustiante e cansativo. Para Mark Zuckerberg, fundador e chefe do Facebook, isso é ainda mais verdadeiro se tivermos em conta que cada escolha dele pode ter um enorme impacto sobre uma empresa que no mês passado atingiu o incrível valor de 500 mil milhões de dólares na bolsa. Para simplificar a sua vida, Zuckerberg decidiu adoptar uma espécie de uniforme de trabalho, composto por calças jeans, ténis e uma T-shirt cinzenta. Pode parecer um detalhe, mas com isso ele elimina uma decisão desnecessária da sua rotina: a escolha do que vai vestir ao longo do dia. O interessante é buscar algum tipo de componente variável da sua rotina que pode ser transformado numa constante. Ao cortar pequenas decisões, poderá empregar a sua energia para o que realmente importa na sua carreira.

Elon Musk:

“Planeie cada minuto da sua semana”

O presidente da Tesla, Elon Musk, reparte a sua agenda em pequenas janelas de cinco minutos, que são preenchidas meticulosamente todos os dias. O hábito pode ser aproveitado para quem deseja administrar o seu tempo com mais precisão e evitar que certas tarefas consumam tempo demais, por exemplo. Ao estabelecer limites exactos para as suas horas produtivas, o indivíduo consegue perceber oportunidades para optimizar reuniões, eliminar actividades desnecessárias e encontrar mais tempo para a sua vida pessoal.

Sundar Pichai:

“Defina a melhor a sua rotina matinal”

O CEO do Google começa todas as suas manhãs com uma omelete, uma chávena de chá e as notícias do dia. O importante é ter algum tipo de ritual matinal. Isso porque as primeiras horas do dia são nobres: se tiver uma manhã agradável, sentirá mais energia e disposição para enfrentar as tarefas que o aguardam.

Angela Merkel:

“Nunca siga os seus primeiros impulsos”

Considerada largamente como a mulher mais poderosa da Europa e do mundo, a Chanceler alemã, Angela Merkel, diz que nunca toma decisões apressadas. “Para mim, é importante deliberar todas as opções, considerar diversos cenários, e não apenas experimentos teóricos dentro da minha cabeça”, declarou à BBC.

Jeff Bezos:

“Não perca tempo com reuniões"

O CEO da Amazon, Jeff Bezos, tem uma regra curiosa para administrar a sua rotina: não faz reuniões em que duas pizzas não conseguiriam alimentar todos os presentes. É uma forma bem-humorada de dizer que um dos homens mais ricos do mundo nunca se reúne com gente demais. Considera que salas de reuniões cheias geram conversas pouco produtivas.

Richard Branson:

“Tenha papel e caneta sempre à mão”

O magnata britânico Richard Branson, fundador e dono do Grupo Virgin, é praticante de um princípio aparentemente simples, porém poderoso: levar um bloco de notas e uma caneta a qualquer lugar que vá. Quando surge uma ideia, o excêntrico homem de negócios anota imediatamente. “Não sei onde estaria se não tivesse uma caneta à mão para escrever as minhas ideias logo que elas ocorrem”, declarou Branson.

JK Rowling:

“Não espere por aplausos”

Ser capaz de se auto-motivar é um dos grandes diferenciais de quem supera obstáculos na carreira. A escritora britânica JK Rowling, autora da saga Harry Potter, é o maior exemplo disso. Ela conseguiu transformar inúmeras cartas de rejeição do seu projecto editorial e sérias dificuldades financeiras em combustível para não desistir dos seus objectivos. Resultado: a série de livros, que evoluiu para o cinema e televisão, tornou-se um fenómeno de vendas e ela uma das pessoas mais ricas do mundo, segundo a Forbes.

INOVAÇÃO. Pode ser uma pequena revolução nas cirurgias e no tratamento do cancro. Pesquisadores garantem que o aparelho é capaz de encontrar células cancerígenas quase em tempo real.

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Investigadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos da América, criaram um dispositivo que pode significar uma pequena revolução nas cirurgias e no tratamento do cancro. O aparelho, que tem a forma de uma caneta, é capaz de detectar, em meros segundos, células cancerígenas no corpo do doente – o que poderá ser especialmente útil durante as cirurgias para a retirada de tumores.

“Se falarmos com doentes de cancro após a cirurgia, uma das coisas que dizem de imediato é que esperam que o médico cirurgião tenha conseguido retirar todo o tecido cancerígeno”, afirma Livia Schiavinato Eberlin, uma das impulsionadoras do estudo, citada pela Sky News. “Quando se constata que não foi possível retirar todo o tecido cancerígeno, isso é algo que nos quebra o coração”, acrescenta. Nas situações em que permanecem células cancerígenas, torna-se mais provável que haja uma nova disseminação, mas retirar demasiado tecido – incluindo saudável – também não é desejável. Com este dispositivo, chamado MasSpec, o objectivo é remover as células cancerígenas “até ao último vestígio”.

Esta tecnologia será capaz de melhorar, de forma drástica, as probabilidades de que os cirurgiões conseguem mesmo remover as células até ao último vestígio”, diz a investigadora Livia Schiavinato Eberlin. A análise é feita em tempo real, em poucos segundos, o que pode ser uma alternativa às análises (biopsias) de tecido, que demoram vários dias e também podem não ser 100% fiáveis. Testes a esta nova tecnologia apontam para taxas de eficácia de 96%, segundo a Sky News.

Como funciona?

A MacSpec solta uma pequena gota de água no tecido, absorvendo químicos dentro das células. O líquido é novamente extraído para a ponta da caneta, já trazendo no seu interior informação química sobre as células com que contactou. Em poucos segundos, o líquido (as moléculas nele contidas) é analisado por um espectrómetro de massas e os resultados aparecem num ecrã que é consultado pelos médicos, que ficam em melhores condições para decidir se devem cortar um segmento de tecido ou se devem deixá-lo intacto.

O objectivo é continuar a validar os testes à fiabilidade do dispositivo e começar a testar em humanos a partir do próximo ano.

LEGISLAÇÃO. Medida visa reduzir poluição provocada pela utilização de plástico e a sua acumulação nos oceanos, colocando em perigo várias espécies marinhas.

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Está em vigor, desde a semana passada, a lei mais dura sobre a produção, venda e até utilização de sacos de plástico do mundo. A partir de agora, no Quénia, quem praticar qualquer um destes actos estará sujeito a uma pena de prisão de até quatro anos ou a multas que podem ir até aos 40.000 dólares, avança a Reuters.

Esta medida tem como objectivo reduzir a poluição provocada pela utilização deste material e a acumulação de plástico nos oceanos, colocando em perigo várias espécies marinhas.

“Se continuarmos assim, em 2050, teremos mais plásticos nos oceanos do que peixes”, afirmou Habib El-Habir, especialista em poluição marinha que trabalha no programa ambiental das Nações Unidas no Quénia, citado pela Reuters.

Segundo o mesmo responsável, os sacos de plástico necessitam de entre 500 e 1.000 anos para serem decompostos e podem também entrar na cadeia alimentar humana através de peixes e outros animais. Exemplo disso são os matadouros de Nairobi, onde no estômago de algumas vacas destinadas à alimentação humana chegaram a ser encontrados 20 sacos de plástico.

A nova lei queniana dá poderes às autoridades para responsabilizarem qualquer pessoa que utilize um saco de plástico. Mas Judy Wakhungu, ministra do Ambiente do Quénia, explicou que a legislação se concentrará, num primeiro momento, nos produtores e fornecedores.

Foram precisos três anos para que a lei fosse aprovada. No entanto, esta medida é alvo de críticas. Por exemplo, Samuel Matonda, porta-voz da Associação de Produtores do Quénia, afirmou que esta decisão poderá custar 60.000 postos de trabalho e o encerramento de 176 fábricas. O Quénia é o maior exportador de sacos de plástico da região. Entretanto, grandes superfícies comerciais no país, tais como a cadeia de supermercados francesa Carrefour ou o Nakumatt, começaram já a oferecer alternativas aos seus clientes para deixarem de distribuir sacos de plástico.

PESCA ARTESANAL.Tem a particularidade de estar associada à luta diária pela sobrevivência e à cultura de vários povos. Em Angola não é excepção.Na Praia da Mabunda e em Cacuaco, o VE manteve dois dedos de conversa com pescadores artesanais.

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Salomão Tumba, de 54 anos de idade, é um destacado pescador na Praia da Mabunda, em Luanda, há 17. Tem seis filhos, com quem vive em casa própria construída exclusivamente com os proventos da actividade.

Tumba tem jeito para a actividade e foi precisamente isso que o seu antigo patrão notou em si. Fruto da dedicação e destreza na execução das tarefas, vendeu-lhe o barco, com a oferta de o liquidar em prestações. O beneficiário honrou o compromisso ao fim de quatro meses com parcelas de 243 mil kwanzas, após as quais tornou-se dono legítimo da embarcação.

Aos 972 mil kwanzas pagou mais 50 mil ao Ministério das Pescas para garantir a licença de pesca, e mais cinco mil para a necessária carta marítima, passando depois de empregado a patrão em pouco mais de ano e meio.

Numa actividade considerada de alto risco, em que tanto pode haver ganhos como perdas, Tumba contratou sete assistentes, a quem paga entre 30 mil e 50 mil kwanzas mensais, dependendo do nível de pesca nesse período.

Como em qualquer outro ramo de actividade, existem dias maus, sobretudo quando o peixe escasseia. E, quando assim acontece, a equipa tem de permanecer no mar 10 a 15 dias, mas com a certeza de que, no regresso, a comercialização do produto supera o investimento, o esforço e a ausência longe da família.

“É preciso paciência. Não podemos regressar para a praia sem o produto”, diz Tumba. É precisamente a determinação em contornar as adversidades e a necessidade de alimentar a família que o grupo de pescadores não olha para os meios quando, às manhãs, parte em direcção ao mar.

O sacrifício é tal que, em algumas ocasiões, navega para lá de 300 milhas náuticas (540 quilómetros) da Praia da Mabunda, entrando nas águas da província de Cabinda, onde o pescado é em maior quantidade e qualidade. Ali abundam a garoupa e o popular carapau, fazem as delícias dos clientes. No dia em que Tumba falou ao VALOR, a equipa acabava de regressar de mais uma expedição com a embarcação apinhada destas duas espécies Numa actividade sujeita a riscos de várias ordens, Salomão Tumba desenvolveu algumas práticas básicas de gestão para garantir a sustentabilidade do negócio.

Por exemplo, reserva parte dos lucros para se prevenir de eventuais imprevistos. Como são frequentes, é preciso estar preparado. Existem períodos em que o negócio corre tão mal que o empreendedor se vê obrigado a recorrer a empréstimos para cobrir despesas correntes, como alimentação, material e combustível. Mas as pessoas e entidades a quem recorre nem sempre estão disponíveis. Estima em 300 mil o custo de cada deslocação ao mar, sendo que grande parte recai sobre o combustível e alimentação.

No regresso em terra firme, Tumba e os seus assistentes aplicam algumas noções de marketing antes da venda do peixe. Avaliam cuidadosamente o nível de procura e de oferta da concorrência e o preço para as diferentes espécies. Parte da captura destina-se a clientes de forma aleatória, mas são as peixeiras da zona as principais compradoras. Dada a confiança conquistada e a necessidade de fidelizar a clientela, Tumba permite que algumas ‘tias’ levem o produto a crédito.

No outro extremo de Luanda, em Cacuaco, encontrámos André Domingos. Aos 27 anos de idade, faz ‘pesca à rampa’ com o recurso a duas chatas, uma para si e outra para transportar os marinheiros. Emprega até 13 ajudantes, cujo pagamento (entre 20 e 30 mil kwanzas) também depende da captura e das vendas. Pescam apenas nas águas de Luanda durante 24 horas, no máximo, com a equipa a realizar três viagens por semana. Uma lancha pode custar 600 mil kwanzas, e o motor até dois milhões.

Ao contrário de Tumba, Domingos não possui barco próprio, mas equaciona adquirir um em breve, estando a economizar para isso. Se conseguir chegar aos 600 mil kwanzas, já seria suficiente para adquirir um barco vocacionado para a pesca da popular lambula, passando, assim, de empregado a empreendedor. Quando o dia corre bem e a facturação atinge, pelo menos, 100 mil kwanzas, desconta o valor do combustível, alimentação e demais consumíveis. O que resta vai para o dono.

Domingos gasta mais de 150 mil kwanzas para a compra de gelo, alimentação, água engarrafada, bem como equipamento de navegação, de segurança e de pronto socorro.

Segundo o Ministério das Pescas, existem cerca de 30 mil pescadores artesanais em todo o país, maioritariamente nas províncias de Benguela e do Zaire.

A regulamentação aprovada para o exercício da actividade impõe o pagamento de taxas consoante o porte das embarcações (de 12 a 54 metros de cumprimento), variando entre nove mil e 18 mil kwanzas. O valor mais alto está estabelecido para os barcos que realizam ‘cerca da rapa’, cifrando-se em 53 mil kwanzas.

A lei angolana estabelece que a embarcação de pesca artesanal deve medir entre cinco e 14 metros, seja motorizada ou não.

O director do Instituto de Pesca Artesanal (IPA), Nkussy Luyeye, disse ao VALOR que a pesca semi-industrial e industrial está sob a alçada da Direcção Nacional das Pescas e Protecção dos Recursos Pesqueiros, que tutela as sete províncias do litoral angolano.