Valor Económico

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CRIME INFORMÁTICO. Internet ‘esconde’ páginas onde é possível comprar-se quase tudo: drogas pesadas, armas, pornografia infantil. Autoridades europeias e norte-americanas detectaram e encerraram dois desses ‘mercados’.

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Dois dos maiores mercados ‘online’ de venda de material ilegal do mundo foram desmantelados na passada semana, num esforço que envolveu autoridades de todo o mundo. O AlphaBay e o Hansa eram dois dos maiores e mais activos locais da ‘dark web’, um conjunto de páginas da internet como as conhecemos, mas às quais é difícil ter acesso sem conhecimentos específicos de programação. E “lá em baixo” transacciona-se tudo: de drogas a armas, passando por pornografia infantil.

O anúncio foi feito pelo Departamento de Justiça norte-americano, mas o desmantelamento destas páginas é o resultado de um trabalho de equipa da qual fizeram parte a Agência para o Controlo das Drogas norte-americana (DEA, na sigla em inglês), o FBI e várias forças policiais europeias. Segundo a Interpol, apenas em um dos sites, o AlphaBay, estavam listados mais 25 mil itens ilegais para venda, 200 mil membros e 40 mil vendedores.

Estas páginas operam dentro da rede Tor, um ‘software’ livre e de código aberto que proporciona o anonimato pessoal ao navegar na internet e em actividades ‘online’. Este sistema permite esconder o endereço de cada computador — e, assim, a identidade do utilizador — pois cada ‘ordem’ que damos ao computador entra numa espécie de ‘ping pong’ interminável até ser quase impossível detectar de onde veio a primeira ordem. É como utilizar uma rede de estradas debaixo do solo.

O AlphaBay tinha estado inactivo desde o início do mês, o que acabou por aumentar as suspeitas, principalmente entre os utilizadores, de que as autoridades estivessem próximas de fechar a página. Todos os dias vendiam-se no AlphaBay centenas de milhares de dólares em drogas, depois de, em 2013, o FBI ter fechado o Silk Road. Quatro anos depois, o AlphaBay já dez vezes maior do que o Silk Road, disse aos jornalistas Andrew McCabe, director do FBI até a confirmação — ou não — do nome de Christopher Wray.

As autoridades estavam particularmente preocupadas com a venda de fentanyl, uma droga 100 vezes mais potente que a morfina ou a heroína, que deveria ser utilizada apenas para o tratamento de casos extremos de dor, mas tem provocado uma onda de mortes assustadora nos Estados Unidos. Como não sabem que as drogas que compram podem estar ‘traçadas’ com fentanyl, os toxicodependentes consomem a sua quantidade habitual, mas acabam por morrer de ‘overdose’.

Jeff Sessions, procurador-geral dos Estados Unidos, fez o anúncio do desmantelamento na passada quinta-feira, dizendo que esta é “uma das mais importantes investigações criminais do ano”. E deixou um aviso: “A ‘dark net’ não é um sítio onde os criminosos se possam esconder. Vamos encontrar-vos”.

O Hansa, por seu lado, foi ‘tomado’ pela polícia holandesa, que fechou a maioria dos seus servidores. Permaneceu activo mais tempo, segundo as autoridades, para que fosse possível a identificação dos seus utilizadores, que migraram do AlphaBay para esta página. Segundo a Interpol, esta rede aumentou em mais de oito vezes a sua base de dados de utilizadores apenas em um mês.

A agência confirmou ter recolhido cerca de 10 mil endereços electrónicos de usuários europeus e vai começar agora a investigar aqueles que poderão ter comprado material mais sensível em grandes quantidades.

COOPERAÇÃO. Primeiro-ministro cabo-verdiano enumera, entre as vantagens do projecto, o facto de encontrar-se numa posição “estratégica” do arquipélago, entre a Europa e a África Ocidental.

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O governo de Cabo Verde está a construir uma Zona Económica Especial (ZEE), com vocação marítima. Segundo as autoridades cabo-verdianas, a infra-estrutura, que deverá ser a primeira do género no país, está a ser erguida com o apoio da China. O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, adiantou que o projecto integrado prevê a oferta de transportes marítimos, operações portuárias, pesca, serviços especializados de apoio logístico, bem como turismo, ciência e educação especializada no sector do mar.

“Não tenho dúvidas de que encontrámos a solução e, a partir daqui, podemos fazer toda a diferença numa perspectiva de médio e longo prazo, para conseguirmos pôr a economia a funcionar e a crescer, gerando emprego e rendimento, criando oportunidades de investimento para os empresários e conseguindo a felicidade das pessoas”, afirmou o chefe do governo cabo-verdiano.

Em curso, referiu, está a elaboração do estudo de viabilidade, com base na concepção inicial da parte do governo, sendo objectivo acelerar a execução do projecto. “Existe essa vontade da parte do governo e da parte dos nossos parceiros, nomeadamente da China. Precisamos juntar a outra parte, que é a sociedade mindelense”, adiantou.

O governo cabo-verdiano prevê que a empreitada esteja concluída nos próximos três anos. Da parte chinesa, o apoio ao projecto foi assegurado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, no decurso de uma reunião na Praia com o seu homólogo cabo-verdiano, Luís Filipe Tavares.

O chefe da diplomacia chinesa sublinhou, na altura, a importância da posição geográfica de Cabo Verde, adiantando que o governo cabo-verdiano manifestou vontade de participar na iniciativa ‘Uma Faixa, uma Rota’ do governo chinês.

Em entrevista à revista ‘Macao’, a ser publicada na próxima edição, Ulisses Correia e Silva afirmou que a China é um “parceiro privilegiado” no projecto, pelo seu papel no apoio à criação, mas também dada a possibilidade de a ZEE poder vir a disponibilizar serviços a empresas chinesas e ao mercado mais vasto.

Entre as vantagens do projecto está a localização “estratégica do arquipélago”, entre a Europa e a África Ocidental, além da experiência da China na criação de ZEE, disse o primeiro-ministro cabo-verdiano, numa entrevista, à margem do recente encontro de empresários lusófonos, na capital cabo-verdiana, Praia.

As sociedades Halifax Global Corporation e Kennex Global, alegadamente associadas a Mirco Martins, enteado do vice-presidente Manuel Vicente, e Zandre Finda, gestor de negócios do general Kopelipa, surgem como beneficiárias do esquema de branqueamento de capitais que a Sonair terá montado com a ajuda de quadros da portuguesa TAP, para esconder fortunas ligadas à Sonangol.

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A informação é avançada pelo diário português ‘Público’, que, na edição online deste sábado (22) cita um comunicado do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) português a respeito da TAP, suspeitos de terem ajudado a Sonair, subsidiária da Sonangol, a lavar milhões de euros em Portugal.

"A Sonair procedeu ao pagamento à TAP de um valor superior a 25 milhões de euros sem que tenha havido a prestação dos serviços aparentemente contratados", esclarece o DCIAP, adiantando que, para além da Sonair e da TAP, o esquema envolvia uma terceira empresa: a Worldair.

"Esta, mediante o recebimento de comissões incompreensivelmente elevadas (cerca de dois terços do valor do negócio), permitia girar o dinheiro para contas fora de Portugal", avança o DCIAP.

Os investigadores revelam que "os montantes circulavam ainda por ‘offshores’ antes de regressarem a contas portuguesas", arranjo que destapou a intervenção de sociedades sediadas em paraísos fiscais, como a Halifax Global Corporation e a Kennex Global, ambas localizadas nas Ilhas Virgens Britânicas.

A primeira é associada a Mirco Martins, enteado do vice-presidente Manuel Vicente, enquanto a outra aparece ligada a Zandre Finda, gestor de negócios do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Kopelipa. Contudo, nem Mirco Martins, nem Zandre Finda foram constituídos arguido no âmbito deste processo, adianta o ‘Público’.

Para além de apontar que milhões de euros, foram canalizados para ‘offshores’, a investigação nota que, "em alguns casos, o dinheiro acabava por ser usado para a aquisição de imóveis de luxo" em Portugal.

Por isso, indica o ‘Público´, "o Ministério Público arrestou nove imóveis, no valor de cerca de seis milhões de euros, todos registados em nome de sociedades envolvidas no processo de branqueamento. Foram também apreendidos os saldos de 21 contas bancárias em nome de empresas de fachada".

A campanha eleitoral para as eleições gerais arrancou oficialmente desde ontem, encerrando 48 horas antes da votação, marcada para 23 de Agosto.

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Os candidatos às eleições gerais têm até 21 de Agosto para realizar campanha, estando o dia 22 reservado para a reflexão dos eleitores, esclarece a Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

A corrida às urnas está a ser disputada por cinco partidos políticos - MPLA, UNITA, FNLA, PRS, APN - e pela coligação CASA-CE, que, para além das acções de rua, podem promover programas de governação na Rádio Nacional de Angola e na Televisão Pública de Angola.

Os tempos de antena definidos para cada força política são de 10 minutos para a rádio, entre as 15 e as 22 horas, e de cinco minutos na TPA, das 20 às 20h30.

O Governo atribuiu a um consórcio de quatro empresas os direitos para prospeção de ouro em mais de 500 quilómetros quadrados da província da Lunda-Norte, envolvendo um investimento inicial de cerca de um milhão de dólares.

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A concessão dos direitos mineiros para esta prospeção à Sociedade de Mineração Raio de Sol foi feita por despacho de 5 de Julho, assinado pelo ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz.

De acordo com o teor do despacho, ao qual a Lusa teve hoje (21) acesso, a fase de prospeção, que se prolongará por cinco anos, prorrogáveis, envolve um investimento de 980 mil dólares, a realizar pelo grupo empreiteiro numa área de 552,7 km2 do município de Cambulo.

Além da empresa estatal Ferrangol, com uma quota de 20% do capital social, a Sociedade de Mineração Raio de Sol integra ainda as empresas privadas Van Loc Tran (60%), Pena D'Ouro Limitada (10%) e Varejo Limitada (10%). Angola pode estar a perder anualmente dezenas de milhões de euros em ouro extraído no país e exportado ilegalmente, segundo informação das autoridades angolanas em Abril.

De acordo com o presidente do conselho de administração da Agência Reguladora do Ouro, Moisés David, três toneladas daquele metal precioso serão exportadas por ano, ilegalmente. Isto implica, com a base na cotação oficial, uma verba de 116,5 milhões de euros em exportações perdidas todos os anos.

Moisés David admitiu que o cenário actual é preocupante, sendo necessário estudar o fenómeno nas regiões do país que são mais afectadas pelo garimpo ilegal, como a província de Cabinda, mas também no Kwanza-Norte e na Huíla.

"A prática é feita na sua maioria em regiões aluvionares ou melhor nos leitos dos rios. E se tivermos que falar só de receitas diretas, as informações que temos rondam em três toneladas de ouro, que são explorados ilegalmente de Angola e que saem das nossas fronteiras e vão parar à Tanzânia, Dubai e outros países", afirmou Moisés David.

O responsável insistiu em que a atividade de garimpo ilegal em Angola está a atingir proporções alarmantes, defendendo o agravamento do quadro punitivo destas atividades ilícitas ou mesmo o enquadramento destes exploradores na atividade formal, sob pena de se continuarem a perder receitas.