Valor Económico

Valor Económico

CLIMA. Estados Unidos da América deixa Acordo de Paris, assinado por ?Barack Obama em 2015. Presidente norte-americano pretende alcançar um acordo “mais justo” por meio de novas ‘conversas’.

 

Donald Trump confirmou, na passada semana, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, tornando-o num dos três países, a par da Síria e da Nicarágua, que ficam fora do entendimento e distanciando-se dos seus aliados. “Os Estados Unidos vão sair do Acordo de Paris para o Clima, mas iniciar negociações para reentrar ou no Acordo de Paris, ou um negócio inteiramente novo, em termos que sejam justos para os Estados Unidos, as suas empresas, os seus trabalhadores, o seu povo, os seus contribuintes”, afirmou Donald Trump, que lidera a segunda nação mais poluidora do mundo, a seguir à China. “Se conseguirmos, óptimo. Se não, tudo bem”, acrescentou. Esta saída do acordo não será imediata: Trump terá de dar início a um longo processo de desvinculação que não ficará concluído antes de Novembro de 2020, o mesmo mês em que deverá ir a votos para a sua reeleição.

“Os EUA vão cessar imediatamente toda a implementação não vinculativa do Acordo de Paris”, afirmou o presidente norte-americano, acrescentando que isso inclui o fim da implementação dos objectivos da redução do carbono estabelecidos por Obama e o fim das contribuições para o Fundo Verde do Clima da ONU, que, diz Trump, estava a “custar uma fortuna aos EUA”. Esta decisão foi criticada por Barack Obama, que acusou o seu sucessor de “rejeitar o futuro”, sublinhando que esta decisão reflecte “a ausência de liderança americana”.

As grandes empresas americanas não ficaram também satisfeitas com o anúncio de Trump. Os líderes de 25 grandes empresas, num apelo de última hora, haviam endereçado uma carta ao presidente para que este mantivesse os EUA no acordo – entre eles estavam os CEO de gigantes como Apple, Google, Facebook, Microsoft e Unilever. Já o CEO da petrolífera ExxonMobil, Darren Woods, escreveu uma carta pessoal ao presidente dos EUA, na qual garantia que o país estava “bem posicionado para competir” com o estabelecido no acordo.

Num comunicado apoiado por todos os 28 Estados membros, a UE e a China comprometem-se com a total implementação do Acordo de Paris, adiantaram oficiais europeus e chineses. “A UE e a China consideram a acção climática e a transição para a energia limpa um imperativo mais importante do que nunca”, irá constar do comunicado, assinado por Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, Jean-Claude Juncker, líder da Comissão Europeia, e Li Keqiang.

Acordo “catastrófico”

A desvinculação dos Estados Unidos do Acordo de Paris foi uma das promessas eleitorais de Trump, que sempre se mostrou céptico em relação ao aquecimento global. Já depois das eleições, a actual administração deixou claro que iria abandonar todas as metas de emissões estabelecidas pelo governo de Barack Obama, o compromisso de ajudar os países mais pobres a combater o aquecimento global e reduzir o investimento na investigação de novas soluções. “O acordo é muito injusto para os Estados Unidos — ao mais alto nível”, disse, explicando que este limita o poder de decisão do governo norte-americano e se intromete nos assuntos internos.

“Os líderes mundiais não devem ter mais poder de decisão sobre o que se passa nos Estados Unidos do que os seus cidadãos. A nossa constituição é única no mundo e é minha obrigação — e grande honra — protegê-la. E fá-lo-ei”, afirmou, salientado que o Acordo de Paris impede “os Estados Unidos de conduzir os seus assuntos internos”, sem explicar exactamente em que é que esta intromissão consistia.

REDES SOCIAIS. Explicação está no facto de ser a rede social que provoca níveis mais elevados de ansiedade. YouTube foi o único com nota positiva.

 

As redes sociais têm tanto de bom como de mau. Fazem parte do dia-a-dia de (quase) todas as pessoas, mas são os mais novos aqueles quem mais uso lhes dão, seja para publicarem uma selfie ou para falarem com os amigos. No entanto, uma utilização constante pode provocar danos no utilizador e, segundo um estudo britânico levado a cabo pela Royal Society of Public Health (RSPH) e pela Universidade de Cambrige, o Instagram é a rede social que mais afecta a saúde mental dos mais jovens, provocando grandes níveis de ansiedade e levando, em especial as raparigas, a ter problemas com o próprio corpo.

Os jovens que passam mais tempo por dia em redes sociais como o Facebook, Twitter ou o Instagram são mais propensos a sofrer problemas de saúde mental, sobretudo angústia e sintomas de ansiedade e depressão – pode ler-se no estudo levado a cabo pela RSPH. O estudo contou com a análise das reacções de 1.500 britânicos, entre os 14 e os 24 anos, aos conteúdos das diversas redes sociais. Foram avaliados 14 factores, positivos e negativos, nos quais estas redes podem ter influência na vida das pessoas. O estudo concluiu que os jovens consideram o Instagram como algo negativo para a sua auto-estima, para as horas de sono e no medo de exclusão por não estarem em determinado evento.

O Instagram surge em último lugar da lista, uma vez que provoca, em maior número, vários sentimentos e preocupações que não são saudáveis. Os problemas relacionados com a imagem corporal são dos factores mais marcados na rede social. A partilha de corpos considerados perfeitos pode levar a que muitas pessoas, em especial do sexo feminino, se sintam pior com o seu próprio corpo. Logo depois vem os problemas de sono, seguidos pelo bullying, ansiedade e depressão.

Das cinco redes sociais (YouTube, Twitter, Facebook, Snapchat e Instagram), apenas a plataforma de vídeos conseguiu alcançar resultados positivos para a saúde, uma vez que permite uma maior expressão por parte do utilizador, proporciona mais entretenimento, companhia (semelhante à televisão), entre outros factores.

O Twitter e o Facebook afectam sobretudo o sono e provocam o aumento do cyberbullying, aliado ao medo de se sentir excluído de algum evento. Sendo que ambas são plataformas onde são partilhadas diversas informações e pensamentos, permitem um grande nível de expressão e que as pessoas se relacionem umas com as outras; no entanto, facilitam o lado negativo, oferecendo a protecção atrás de um ecrã.

O Snapchat aparece logo de seguida com o maior factor de risco a ser apontado para o medo de exclusão e a falta de sono, uma vez que esta rede social permite a divulgação de pequenos vídeos e fotos de um evento que está a decorrer e leva os utilizadores a sentir um aumento de ansiedade por não poderem estar presentes no evento. Também o cyberbulling e os problemas ligados à imagem corporal são factores aumentados pela utilização do Snapchat. Segundo dados avançados pelo estudo britânico, cerca de 90% dos jovens entre os 16 e os 24 anos utilizam a Internet maioritariamente para estarem nas redes sociais. Os valores de ansiedade e depressão aumentaram cerca de 70% nos últimos 25 anos, e um factor que está directamente ligado a estes valores são as redes sociais. Além disso, também o sono é afectado devido a uma espécie de círculo vicioso.

Se a pessoa se sentir preocupada, ansiosa ou stressada, vai ter dificuldades em descansar em condições. A falta de sono vai provocar um cansaço acima do normal que gera dificuldades em cumprir as tarefas do dia-a-dia. O facto de não conseguir realizar determinadas tarefas vai afectar a auto-estima do utilizador e isso vai gerar mais preocupação. Concluí-se que o cyberbullying está a crescer cada vez mais, com sete em cada 10 jovens a admitirem que já o experienciaram. No entanto, nem tudo é mau. Nas redes sociais, recebe-se um maior apoio emocional através dos contactos online.

CLIMA. Google revela a existência de 467 milhões de novos hectares florestais em terras áridas, equivalente a 60% da Austrália e que pode ser decisiva para travar as mudanças climáticas.

 

Imagens do Google e da Bing revelaram a existência de 467 milhões de novos hectares de floresta em terras áridas, uma área que equivale a 60% da Austrália e que pode ser crucial para impedir as transformações climatéricas. Estas novas florestas foram descobertas pelo levantamento das ‘Dry Lands’, em português Terras Secas. Elas recebem muito menos água em precipitação do que aquilo que perdem pela transpiração das plantas, relata a revista Science. Pesquisas anteriores não revelaram nem 45% das florestas agora encontradas nestas terras secas.

O projecto de investigação foi promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e envolveu mais de 200 cientistas, estudantes e investigadores de 15 organizações diferentes, incluindo o professor da Universidade Politécnica de Madrid (UPM), Luis Gonzaga Garcia Sentinel. O estudo utilizou imagens de alta resolução do Google Earth Engine, capturadas pelo satélite Digital Globe.

Importa referir, no entanto, que os 467 milhões de hectares não são contínuos. Eles representam a soma de todas as áreas descobertas nos vários continentes, mas principalmente na África Subsariana, em torno do Mediterrâneo, a região central da índia, Austrália literal, oeste da América do Sul, nordeste do Brasil, norte da Colômbia e Venezuela e regiões do norte florestal do Canadá e Rússia.

Com todos os avanços tecnológicos no que toca ao mapeamento, é incrível como é que estas florestas ficaram escondidas durante tanto tempo. Porém, devido à baixa densidade das árvores, a sua medição era difícil.

“Esperávamos menos”, reconhece a directora do Instituto Argentino de Investigação de Zonas Áridas e co-autora do estudo, Elena María Abraham. “O importante é que, através da identificação de uma maior área florestal seca, estamos a redesenhar o mapa das terras secas. Perante um cenário de alterações climáticas e desertificação nas terras secas, é crucial saber o recurso mais importante que temos, como é o caso destas terras”, acrescentou.

As ‘Dry Lands’

Este tipo de terras compõe 40% do planeta terrestre. Têm mais capacidade para suportar árvores e florestas do que aquilo que antes se pensava e são uma oportunidade única para combater as alterações climáticas através da sua preservação, até agora ignorado.

Alguns dos ecossistemas mais ameaçados encontram-se em terras secas e muitos deles enfrentam a pressão das alterações climáticas e da actividade humana, que as tornarão ainda mais quentes e secas. Podem aumentar entre 11% e 23% até ao final deste século, o que significaria que cobririam mais de metade do nosso planeta.

É essencial monitorizar a saúde destas florestas que são agora conhecidas e aproveitar as potencialidades destas regiões para lutar contra a desertificação e contra as alterações climáticas.

Estas zonas contam com 1.327 milhões de hectares de arvoredo, o que representa 9% da superfície florestal do planeta. Assim está realçada a necessidade de conservação e crescimento das florestas nestas áreas.

Esta descoberta irá mudar a precisão dos modelos utilizados para calcular a quantidade de carbono armazenado na Terra, o que ajudará na definição do carbono dos vários países, que têm como meta o cumprimento do acordado no Protocolo de Quioto e no Acordo de Paris.

Embora ninguém se questione sobre o aumento das emissões de CO2 (dióxido de carbono) para a atmosfera, a capacidade da biosfera para absorver carbono ainda apresenta muitas dúvidas. “Os nossos resultados mostram que essa capacidade é maior do que aquilo que esperávamos”, explicou Jean-François Bastin, o investigador da FAO e o principal autor do estudo.

INOVAÇÃO. Anunciada bateria que contém materiais que permitem reacções ‘não tradicionais’ e uma transferência inusitadamente rápida de íons de um ânodo para um cátodo - o processo eléctrico que carrega uma bateria.

 

Smartphones com baterias que podem ser carregadas por completo em apenas cinco minutos podem estar disponíveis para os consumidores em 2018. A novidade foi apresentada pela primeira vez em 2015, quando a ‘start-up’ de Israel StoreDot fez uma demonstração do seu FlashBattery, no CES Tech Show, uma feira comercial do mercado de tecnologia, em Las Vegas, Estados Unidos da América.

O presidente executivo da empresa, Doron Myersdorf, afirmou que a bateria deverá entrar em produção de grande escala no início de 2018. O prazo é visto com cepticismo por analistas do sector, mas a inventora reitera que já está em curso um projecto-piloto em duas fabricantes asiáticas de baterias.

As primeiras versões da bateria eram mais grossas do que a maioria das usadas em ‘smartphones’. Doron Myersdorf explica que as versões actuais atenderão às exigências mercadológicas, sem, no entanto, revelar quais fabricantes de ‘smartphones’ usarão a tecnologia. “Nós vamos carregar um smartphone em cinco minutos”, garante em declarações à BBC.

A anunciada bateria contém materiais que permitem reacções ‘não tradicionais’ e uma transferência inusitadamente rápida de íons de um ânodo para um cátodo - o processo eléctrico que carrega uma bateria. O design envolve nano-materiais, que são estruturas minúsculas e compostos orgânicos não nomeados.

Entretanto, o analista de tecnologias Ben Wood, da consultoria CCS Insight, mostra-se céptico em relação ao lançamento do produto no prazo estipulado. Mas admite que, se a bateria funcionar como prometido, representará um grande avanço para a indústria de tecnologia. “Arriscar com tecnologia de bateria é algo que te pode trair. “A experiência ensinou-me sempre a permanecer céptico”.

O analista argumenta ainda que qualquer design que gere muito aquecimento pode impactar a ‘performance’ da bateria. No entanto, explica que quem conseguir ‘resolver’ o ‘problema da bateria’ dos smartphones pode ter um efeito transformador nos electrónicos de consumo.

CARROS

Outros fabricantes também trabalham no desenvolvimento de tecnologia que permita uma recarga de bateria mais rápida. Em Novembro, por exemplo, a empresa Qualcoom anunciou o seu sistema ‘Quick Charge 4’, que oferece cinco horas de bateria após um minuto de recarga. Enquanto, numa feira de tecnologia em Berlim, na Alemanha, a StoreDot também lançou uma bateria eléctrica de carro que recarrega em cinco minutos. A empresa disse que essa carga renderia mais 480 quilómetros de uso.

Uma demonstração dessa tecnologia foi dada no Cube Tech Fair, no entanto, a apresentação acabou antes de a bateria terminar de carregar. “Nós não temos contratos, mas estamos a trabalhar com empresas de automóveis para desenvolver a bateria. Deverá levar cerca de três anos para que ela entre no mercado”, Doron Myersdorf.

OBITUÁRIO. Fundador da Fox News, Roger Ailes, cuja carreira foi conhecida tanto pelo sucesso quanto pelos escândalos, morreu na passada quinta-feira, 18, aos 77 anos. O comunicado foi feito pela sua esposa, Elisabeth Ailes. Apesar de a causa da morte não ter sido relevada, sabe-se que o magnata sofria de hemofilia e artrite.

 

 

Em 1996, Rupert Murdoch, fundador da 21st Century Fox, pediu ajuda ao empresário para ajudá-lo a fundar uma rede conservadora de notícias que fizesse frente à CNN e, desde então, o mercado das televisões a cabo nunca mais foi o mesmo. As contratações de profissionais de grande talento feitas por Ailes – muitos deles com opiniões contundentes, como Bill O’Reilly (despedido recentemente também por acusações de assedio sexual) e Sean Hannit – e seu forte estilo de liderança, ajudaram a impulsionar o canal em direcção ao sucesso.

A Fox News ocupou a confortável posição de canal de notícias número um por mais de 15 anos consecutivos, e é uma grande fonte de renda para a sua empresa-mãe, a 21st Century Fox, contabilizando mais de 1,5 milhões em lucro por ano e avaliada em mais de 15 bilhões de dólares.

Roger Ailes foi um consultor de comunicação bastante conservador para os presidentes norte-americanos Richard Nixon, Ronald Reagan e George Bush (e conselheiro do presidente Donald Trump). Era mais conhecido por ter construído a Fox News.

No entanto, nos últimos 11 meses, o seu legado foi marcado por várias acusações de assédio sexual, que resultaram na sua expulsão da empresa. O bilionário negou todas elas.

Ailes era considerado uma pessoa de muito poder, mas o volume de alegações fizeram com que fosse expulso da companhia em menos de um mês. A situação fez com que ele fosse para a sua casa em Palm Beach, na Flórida, com um pacote de demissão avaliado em 40 milhões de dólares.

Esse posicionamento e a forte mentalidade de “nós contra eles” de Ailes criaram uma grande lealdade e medo do bilionário – reputação, entretanto, destruída nos últimos anos.

Em meados de 2016, a ex-apresentadora da Fox News Gretchen Carlson processou a estacão de televisão e o empresário por assédio sexual. Depois disso, muitas histórias de comportamentos similares surgiram. Até a pivô principal, Megyn Kelly, juntou-se ao grupo de acusadoras e foi seguida por outras histórias e denúncias de um ambiente de trabalho pesado e machista.

Depois de se formar na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, Roger Ailes começou a trabalhar na televisão como assistente no programa de TV “Michael Douglas Show”. Em menos de cinco anos, já era produtor executivo, ganhando Emmys em 1967 e 1968.

Em seguida, foi para o sector do entretenimento da vida real: à política. Foi consultor de comunicação para Nixon, Reagan e George Bush, elaborando estratégias para a imagem dos candidatos perante os média. Largos sectores americanos consideram que, para a história, ficará a imagem de um gestor destemido e determinado.