Valor Económico

Valor Económico

TRANSACÇÃO. Fonte do VE garante que, nos últimos meses, banco foi confrontado com várias situações de incumprimentos, incluindo dificuldades de reembolso de depósitos de clientes.

O Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC) decidiu abrir o capital social em até 49%, viabilizando a potencial entrada de novos investidores, apurou o VALOR de fonte bancária conhecedora do processo. A decisão da abertura do capital a possíveis interessados foi tomada por accionistas e administração do banco, após os avisos do Banco Nacional de Angola (BNA) que, várias vezes, chamou a atenção da instituição gerida por José do Rosário, para os “graves incumprimentos dos rácios regulamentares”. Numa primeira fase, a administração e os accionistas do BANC terão virado as baterias para o mercado árabe, onde se esperava existirem potenciais interessados. A ‘operação Oriente’ terá, entretanto, registado algum fracasso, pelo que o ‘convite’ se estendeu agora também aos investidores nacionais.

Segundo a fonte do VALOR, nos últimos meses, o BANC foi confrontado com “uma situação difícil de incumprimentos”, ao ponto de, várias vezes, ser notificado pelo regulador, face a reclamações que chegavam ao BNA sobre dificuldades de reembolso de depósitos de clientes. O banco terá revelado ainda dificuldades em reembolsar as chamadas ‘tomadas de liquidez’, empréstimos de maturidade quase imediata (24 a 72 horas), com elevadas taxas de juro (geralmente tomados para a cobertura de situações específica de liquidez), situação que também terá accionado o ‘alarme’ do BNA. O banco central terá mesmo reconhecido deságio nas contas do BANC, termo, que, na linguagem financeira, significa a diferença negativa entre o valor negociado de título face ao seu valor nominal.

Os últimos dados disponíveis sobre a ‘performance económica’ do banco apontam 2015 como um “ano de crescimento”, tendo registado o aumento do activo líquido de cerca de 36% para os 39.104 milhões de kwanzas. O relatório e contas de 2015, do BANC, publicado no site do banco, regista também um aumento marginal dos empregados de 193 para 196, números, entretanto, que a instituição considerou como tendo contribuído para um “impacto positivo” sobre os capitais próprios que, em Dezembro de 2015, tiveram um aumento de 4% para os 7.785 milhões de kwanzas.

O VE não teve sucesso na tentativa de contactar o banco.

INDÚSTRIA EXTRACTIVA. Resultados previstos deverão ser fortemente influenciados pela queda de 4,8% na produção industrial de diamantes, principal componente das receitas geradas no sector.

 

O total das receitas provenientes da produção nacional de diamantes deverá reduzir, este, ano 9% para 980,4 milhões de dólares, contra os 1.079 milhões registados no ano passado, revela o relatório de balanço do Ministério da Geologia e Minas, de 2016, a que o VALOR teve acesso.

O documento, apresentado aos membros do VI conselho consultivo da instituição, realizado na semana passada, em Luanda, indica que os resultados previstos deverão ser fortemente influenciados pela queda de 4,8% na produção industrial de diamantes – principal fonte das receitas geradas no sector – que este ano deverá atingir a cifra de 8,2 milhões de quilates, face aos 8,6 milhões produzidos no ano passado.

Em face deste quadro, o volume de receitas estimadas com a produção industrial deverá reduzir 5% para 942,7 milhões de dólares, quando, em 2016, essa cifra estava na ordem dos 994,5 milhões de dólares.

A estes números, acrescentam-se os relacionados com a produção artesanal de diamantes que, no total, deve registar uma redução de 63% para 132,3 mil quilates contra os 358,8 mil de 2016. Como consequência, a receita captada neste segmento deve recuar para os 37,7 milhões de dólares, face aos pouco mais de 84,8 milhões do ano passado.

No geral, a produção diamantífera prevista para 2017 deverá verificar uma queda na ordem dos 7% para 8,3 milhões de quilates contra os nove milhões verificados em 2016.

 

RECEITAS FISCAIS

 

As receitas fiscais geradas pelo sector mineiro, no exercício económico de 2016, fixaram-se, no total, em 35,4 mil milhões de kwanzas, com o subsector dos diamantes a destacar-se, ao contribuir com cerca de 35 mil milhões de kwanzas, indica ainda o relatório.

Do total das receitas fiscais, 105 milhões de kwanzas resultaram das taxas de superfície e outros emolumentos, tendo o subsector do ferro arrecadado 44,9 milhões, seguido das rochas ornamentais com 16 milhões de kwanzas.

O quadro é completado pelo subsector dos materiais de construção civil e minerais industriais que geraram receitas fiscais na ordem dos 17,5 milhões de kwanzas e pelo Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT) e Segurança Social com 42 milhões de kwanzas.

O relatório avança ainda que estão em curso os projectos do sector de metais preciosos como o “ouro”, nas localidades de Mpopo, em Cabinda, Chipindo (Huíla) e exploração de Nióbio, todos avaliados em 78,38 milhões de dólares, prevendo-se que venham a entrar em produção em 2017, 2018 e 2020, respectivamente, sendo que as obras de instalação deverão arrancar ainda este ano.

Segundo o documento, o sector dos agrominerais registou, entre 2009 e 2016, investimentos calculados em 114,4 milhões de dólares para o projecto “Cacata”, localizado em Cabinda, com o arranque previsto para 2018 e 250 milhões para “Lucunga”, na província do Zaire, podendo iniciar a produção em 2018. Por outro lado, revela ainda o relatório, os minerais metálicos registaram, no mesmo período, investimentos na ordem dos 475 milhões de dólares, dos quais 65 milhões destinados à exploração de cobre no projecto “Mavoio Tetelo”, na região do Maquela do Zombo, província do Uige, com produção prevista para 2020.

Estão ainda alocados 290 milhões de dólares para a produção de carvão vegetal em 76 fornos localizados no Cutato, no Bié e Cuchino, no Kuando-Kubango, bem como 290 milhões dedicados a exploração do ferro na Cerca, com início previsto para em 2019.

Foi igualmente elaborado um programa que prevê o aumento da produção e promoção das exportações de rochas ornamentais, bem como a extensão da mineralização de cobre e ouro na zona de Cassenha, avaliado em 5,478 milhões de dólares.

 

ESTUDOS AEROGEOFÍSICOS EM 97%

 

No que se refere à implementação do Plano Nacional de Geologia (PLANAGEO), o relatório salienta que, a nível do subprograma de levantamentos aerogeofísico, foi percorrido um total de 1.402.025 quilómetros de linha, contra os 1.445.299,6 quilómetros estimados, correspondendo a 97% do total de levantamentos. Destes, já estão interpretados 19 dos 22 blocos previstos, o que corresponde a 86% do total.

Durante o certame, foram igualmente apresentadas propostas e soluções que visam contornar os actuais desafios económicos, bem como perspectivas para o próximo quinquénio, com base nos indicadores disponíveis no PLANAGEO.

Francisco Queiroz, ministro da Geologia e Minas, garantiu estar inscrito e aprovado para 2017 um total de 23 novos projectos. Destes, cinco deverão estar direccionados para o sector diamantífero, quatro para o ouro, dois para o ferro, igual número para o fosfato, um de cobre e nove para rochas ornamentais.

A implementação desses projectos, segundo Queiroz, “constitui uma contribuição do sector mineiro para a saída da crise actual”, através da diversificação das fontes de receitas fiscais, além de aumentar os recursos cambiais do país.

INOVAÇÃO. Sensores instalados no pavimento vão gerar electricidade quando pressionados. Em estradas com muito movimento, pode constituir uma boa fonte de energia.

 

A Califórnia, nos EUA, vai financiar dois projectos destinados a testar a viabilidade da piezoelectricidade nas estradas. Apenas 800 metros de via poderão ser suficientes para alimentar 5.000 lares. Depois das estradas com painéis solares, finalmente chegam as estradas capazes de gerar electricidade simplesmente através da passagem dos veículos sobre o asfalto. As autoridades da Califórnia, nos EUA, decidiram disponibilizar mais de dois milhões de dólares para avaliar a viabilidade desta solução, e vão mesmo financiar dois projectos experimentais, que propõem a piezoelectricidade como fonte geradora de energia ligada ao pavimento. O princípio subjacente a esta solução é simples. Como alguns cristais têm a capacidade de gerar uma tensão eléctrica quando sujeitos a uma pressão, as autoridades daquele estado norte-americano não pensaram duas vezes diante da mais nova solução geradora de energia, embutindo sensores piezoeléctricos nas estradas, de forma a transformar em electricidade a simples passagem dos veículos sobre as mesmas. Com ou sem sensores, a força exercida pelos veículos sobre o asfalto vai sempre existir.

Um dos projectos em questão prevê a instalação de uma fina rede de pequenos sensores piezoeléctricos num troço de asfalto de 60 metros de uma universidade californiana. Estima-se que seja necessária a passagem de, pelo menos, 400 veículos por hora para tornar economicamente válida esta solução. Algo que não será difícil de alcançar em inúmeros locais do território americano.

O segundo projecto é mais ambicioso e fará uso de 800 metros de auto-estrada, também com sensores piezoeléctricos embutidos, para alimentar, potencialmente, 5.000 lares. Aqui, outros dos elementos em análise serão as eventuais consequências para o pavimento, em termos de durabilidade e desgaste, resultantes da montagem dos referidos sensores.

Biotecnologia. Lepidóptero come sacos de plástico, uma maneira de ‘lutar’ contra a poluição com plástico. É um dos materiais existentes no planeta mais difíceis de se decompor.

 

Cientistas europeus descobriram uma lagarta que come sacos, o que poderá significar uma maneira de combater a poluição com plástico, um dos materiais cuja composição é das mais difíceis que se conhecem no mundo.A chamada traça da cera, cujas larvas são criadas para usar como isco para a pesca, é um flagelo para as colmeias de abelhas na Europa, e foi por coincidência que uma cientista que também é apicultora descobriu como podem acelerar a degradação do polietileno.

Quando Frederica Bertocchini, do Instituto de Biomedicina e Biotecnologia de Cantábria, em Espanha, limpava as larvas que vivem como parasitas da cera de abelha de uma das suas colmeias, pô-las num saco de plástico e reparou que, pouco tempo depois, apareceram buracos no saco.

A cientista experimentou então juntar cerca de cem lagartas com um saco de plástico comum de um supermercado britânico e verificou que os primeiros buracos apareceram ao fim de 40 minutos.

Após 12 horas, tinham desaparecido 92 miligramas de plástico, um ritmo muito superior ao que os cientistas já experimentaram com bactérias que conseguem consumir apenas 0,13 miligramas por dia. “Se uma única enzima for responsável por este processo químico, a sua reprodução em grande escala com métodos biotecnológicos deverá ser possível”, afirmou Paolo Bombelli, da Universidade britânica de Cambridge, e o principal autor do estudo divulgado na publicação especializada Current Biology.

O polietileno é usado principalmente em embalagens e representa 40 por cento dos produtos plásticos usados na Europa, onde 38% do plástico acaba em aterros sanitários.

Cerca de um trilião de sacos de plástico é usado todos os anos, representando um fardo enorme para o ambiente, uma vez que o plástico é altamente resistente e mesmo quando começa a decompor-se continua fragmentado e espalhado pelos ecossistemas.

Como as larvas conseguem comer plástico ainda não está completamente estudado, mas os investigadores sugerem que a decomposição da cera das abelhas e dos plásticos pelas larvas envolve um processo químico semelhante.

Frederica Bertocchini salientou que a cera é “um polímero, uma espécie de ‘plástico natural’ com uma estrutura semelhante ao polietileno”.

CRISE. Processo de retirada oficial da Venezuela da OEA poderá demorar dois anos e custar ao país o pagamento de uma dívida, que tem para com a organização, na ordem dos 8,7 milhões de dólares.

 

A Venezuela decidiu abandonar a Organização de Estados Americanos (OEA), o anúncio foi feito pela ministra venezuelana de Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, deixando claro que o processo da retirada oficial já iniciou.

“Iniciaremos um procedimento que demora 24 meses. A Venezuela não participará em nenhuma actividade em que se pretenda posicionar o intervencionismo e a ingerência de um grupo de países que só procura perturbar a estabilidade e a paz do nosso país”, afirmou a governante.

O anúncio do abandono foi, na sequência de a Organização dos Estados Americanos ter aprovado uma convocação para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, com o objectivo de analisar a crise política da Venezuela.

Segundo a ministra, há um grupo de países da OEA que pretendem prejudicar o Presidente Nicolás Maduro e a revolução bolivariana.”São acções dirigidas por um grupo de países mercenários da política para restringir o direito ao futuro, do povo da Venezuela, o direito a viver tranquilamente”, frisou.

A OEA aprovou a reunião para debater a Venezuela, com caráter de urgência. A resolução teve 19 votos a favor, 10 contra, quatro abstenções e uma ausência.Votaram a favor a Guiana, Bahamas, Santa Lucia, Argentina, Barbados, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Honduras, Guatemala, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

Ao finalizar a votação o embaixador permanente da Venezuela na OEA, Samuel Moncada, condenou a realização da reunião extraordinária, para debater sobre assuntos internos venezuelanos, sublinhando que Caracas não aceitará uma “tutelagem” de nenhum organismo. “Não reconhecemos o que se pretende impor. Nós opomo-nos a esta resolução violada e anti-jurídica. Defenderemos a soberania da Venezuela em qualquer circunstância”, afirmou o embaixador venezuelano.

O processo de retirada oficial da Venezuela da OEA poderá demorar dois anos e custar ao país o pagamento de uma dívida, que tem para com a organização, na ordem dos 8,7 milhões de dólares. Entretanto, a economia e a sociedade venezuelanas estão a um passo da rutura, depois de o governo intensificar a perseguição a oposição.

O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, é acusado de bloquear iniciativa que pudesse levar à convocação de eleições, como consequência de o Supremo Tribunal publicar as sentenças que removiam a imunidade de deputados de partidos da oposição, acto considerado como usurpação de poderes da Assembleia Nacional.

No Supremo Tribunal é constituído por juízes nomeados directamente pelo presidente Maduro. No seu relatório, a Amnistia Internacional acusa o presidente da Venezuela de uso ilegal do sistema judicial para perseguir a oposição, com o recurso “a detenções arbitrárias por motivos políticos e sem ordem judicial e lançamento de campanhas de difamação contra a oposição na imprensa, bem como o uso da prisão preventiva sem apresentação de queixa.