Valor Económico

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O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) considerou o atraso de um ano na apresentação do relatório de contas de 2016 daquela instituição “um recuo grande” e comprometeu-se a apresentar em tempo útil as contas de 2017.

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José de Lima Massano, que dirige o BNA desde Outubro, substituindo no cargo Valter Filipe, falava no decorrer de uma conferência de imprensa, organizada, quarta-feira, pela equipa económica do Governo, para apresentação do Programa de Estabilização Económico 2017-2018 de Angola.

"Com tristeza devo admitir que chegado a este ponto, Janeiro de 2018, e não termos as contas de 2016, é um recuo grande, o BNA já tinha superado essa barreira", disse José Lima Massano. Segundo o responsável, o BNA está a fazer tudo que está ao seu alcance para rapidamente encerrar as contas de 2016 e ter condição de as apresentar aos órgãos de governação da economia e ao titular do poder executivo. "O que podemos aqui garantir é que seguramente em 2017 nós não teremos essa dor.

Estamos a trabalhar, estamos a fazer o nosso melhor e vamos procurar, tão logo quanto possível, encerrar estas contas e, sobretudo, virar a página e voltarmos novamente a um quadro de ter um Banco Nacional de Angola que apresenta em tempo útil aquilo que é o seu desempenho", disse.

Banco central adopta regime cambial caracterizado pela flutuação da taxa de câmbio dentro de um intervalo, com um limite máximo e um mínimo. Valores dos limites estabelecidos serão apenas de consumo interno.

Pedro Silva

O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) reuniu-se hoje, em sessão extraordinária, tendo como ponto único, na agenda de trabalho, a definição dos limites mínimo e máximo da banda cambial.

Numa nota, publicada no portal da entidade, o BNA esclarece que a medida surgiu apenas após ter sido feito “uma análise do comportamento dos fundamentos macroeconómicos da economia angolana e, particularmente, da tendência decrescente das reservas internacionais e tendo presente o actual desequilíbrio entre a oferta e procura de divisas.

Entretanto, os limites da banda cambial definidos não serão do conhecimento público, segundo fez saber o administrador do BNA, Pedro Castro e Silva (na foto), em entrevista à Rádio Nacional de Angola (RNA).

“Essa banda efectivamente já existe em resultado dessa reunião que foi organizada. Entretanto, ela vai ser para consumo interno do Banco Nacional de Angola. Não vai ser informação que será disponibilizada ao público”, referiu.

O administrador assegurou, por outro lado, que o BNA tem “bem presente” o impacto que a medida poderá sobre a economia.

“O facto de estarmos a estabelecer uma banda, indica também que temos bem presente o impacto que tem uma variação acentuada da taxa de câmbio na economia.

O que os outros países fizeram, como é o caso da Nigéria, por exemplo, foi o de deixar flutuar completamente a taxa de câmbio”, asseverou. Pedro Castro e Silva considera importante haver nesse processo “um período de transição”, antes de se avançar para uma taxa de câmbio flutuante. “Hoje ela é fixa.

Ao invés de partirmos já para uma taxa de câmbio livre, vamos ter um espaço intermédio que é o estabelecimento de uma banda cambial, visando preservar a estabilidade macroeconómica”, esclareceu o responsável, lembrando ser importante sublinhar que “a taxa de câmbio flutua, mas é determinada no mercado cambial e em leilão organizado pelo BNA onde participam os bancos comerciais licenciados para operar em Angola”.

Sobre este aspecto, em particular, o comunicado reforça que “o BNA irá organizar leilões de compra e venda de moeda estrangeira. Nesses leilões, os participantes – BNA e bancos comerciais - indicarão o preço (taxa de câmbio) para a compra ou venda de moeda estrangeira”.

A nota esclarece ainda que “a média ponderada dessas transacções será publicada no portal institucional do BNA, como a taxa de câmbio de referência.Ou seja, doravante, a taxa de câmbio passa a ser determinada pelas transacções que ocorrem, em leilão, no mercado primário”.

O BNA, segundo ainda o comunicado que vimos citando, fará a gestão do mercado cambial de modo a garantir a sustentabilidade das contas externas e a estabilidade dos preços. A próxima reunião ordinária do CPM do BNA está prevista para o próximo dia 29 do corrente mês.

O Banco Nacional de Angola (BNA) não vai desvalorizar a moeda nacional, o Kwanza, declarou hoje o governador José de Lima Massano, durante a conferência de imprensa que visou apresentar o Programa de Estabilização Macroeconómica de 2018.

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A informação vem contrariar, assim, as análises recentemente avançadas por algumas agências internacionais de rating, como é o caso da BMI Research que, numa nota enviada aos seus clientes, vaticinava que “Angola deveria desvalorizar o kwanza em finais deste ano”.

No documento, a entidade referia que cada dólar norte-americano deverá estar a valer 210 Kwanzas em finais de 2018, contra os actuais 167, no câmbio oficial.

A BMI Research, uma empresa integrada no grupo da agência de "rating" Fitch, com mais de 200 clientes em todo o mundo, justifica, na sua análise, esta acentuada desvalorização da moeda nacional, entre outros factores, com a ideia de que o Kwanza é uma das moedas "mais sobrevalorizada" em toda a África subsaariana.

Esta perspectiva da BMI, divulgada pela Bloomberg, que é coerente com a opinião da generalidade dos analistas quanto à incontornável desvalorização do Kwanza, surge, todavia, em confronto com a possibilidade igualmente comum de que essa perda de valor face ao dólar deverá acontecer até ao final de 2017, início de 2018, mais tardar.

Isso, porque a actual discrepância entre o câmbio oficial 167Akz/1 USD e o paralelo em torno dos 380/1 USD, a par da inflação anual à volta dos 30%, segundo o mesmo relatório, torna insustentável a manutenção da actual situação.

A nota de "research" da BMI avançava na altura, entre outros condicionantes a uma precipitação da desvalorização do Kwanza , o facto de um novo Governo, saído das eleições gerais de 23 de Agosto, e a chegada ao poder de João Lourenço, teria uma natural relutância em proceder dessa forma, atendendo ainda ao facto de que as autoridades nacionais. O Banco Nacional de Angola e o próprio Presidente da República terem, nos últimos meses, negado a desvalorização como algo de incontornável.

Entretanto, os analistas da BMI Research alertava, na altura, que “uma das consequências imediatas em caso de desvalorização do Kwanza é o aumento da inflação, o que obrigaria o Governo de João Lourenço/MPLA a avançar para medidas impopulares, o que não é visto como provável pela generalidade dos analistas”.

Governo pretende ainda ultrapassar a actual situação, o quanto antes, adoptando, entre outras, medidas fiscais, consubstanciadas em redução de despesas e ajuste ao mercado cambial.

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A economia angolana está perante uma situação de taxa de crescimento baixa e de quase estagnação e não de recessão, afirmou hoje o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, citado pela Angop.

Para ultrapassar tal situação o Governo vai adoptar, entre outras, medidas fiscais, consubstanciadas em redução de despesas e ajuste ao mercado cambial, assegurou Manuel Nunes Júnior, durante uma conferência de imprensa que visou a apresentação do Programa de Estabilização Macroeconómica de 2018.

O Programa de Estabilização Macroeconómica para o ano de 2018 "visa, a partir do imediato e de forma efetiva, dar início a um processo de ajuste macroeconómico, do ponto de vista fiscal e cambial, que permita o alinhamento da nossa economia a um ambiente referenciado como novo normal".

De acordo com um comunicado da Presidência da República, "o Programa de Estabilização Macroeconómica tem como elementos fundamentais a consolidação fiscal e a estabilização do mercado cambial, em torno dos quais se irão mover os demais domínios.

As políticas dos setores monetário, financeiro e real deverão ser conduzidas para o ajustamento fiscal e cambial, bem como para mitigar os efeitos adversos"

A dívida externa de Angola está avaliada em 38,06 biliões de dólares, disse hoje (3) o ministro das Finanças, Archer Mangueira, citado pela Angop.

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De acordo com o governante, a renegociação da dívida do Estado angolano com os principais parceiros será uma das prioriedades do Executivo em 2018.

O ministro fez estas considerações durante uma conferência de imprensa da equipa económica do Executivo, liderada pelo ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior.