Valor Económico

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As empresas petrolíferas angolanas (Sonangol) e italiana (ENI) rubricaram nesta segunda-feira (27), dois acordos de cooperação, entre os quais um de exploração de um bloco onshore (em terra) em Cabinda.

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Na presença do Chefe de Estado angolano, João Lourenço, e do primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, os instrumentos jurídicos foram assinados pelo presidente do conselho da administração da Sonangol, Carlos Saturnino, e pelo administrador delegado da petrolífera italiana, Claudio Descalzi. Segundo o gestor da Sonangol, o acordo está ligado à transferência de operações do bloco em terra designado Cabinda Norte, tendo referido ainda que este bloco, operado há alguns anos, tem um potencial que deve ser relançado, a par de actividades sociais como a construção e o apetrechamento de uma escola no município de Cacongo, em Cabinda.

Os acordos contemplam a formação de pessoal angolano para a área de refinação e exploração de gás natural para o desenvolvimento socioeconómico da região, devendo o acordo estender-se para a refinaria do Lobito, exploração de petróleo bruto e gás em áreas existentes e em novas.

Carlos Saturnino acredita que deverão ser realizados investimentos importantes na refinaria de Luanda. Sobre o acordo, Carlos Saturnino disse que se trata de um memorando que dará lugar a ajustes específicos, considerando prematuros determinar o valor a investir.

O gestor particularizou, no entanto, o caso da refinaria de Luanda, projecto onde deverão ser realizados importantes investimentos no quadro dos acordos ora firmados.

Carlos Saturnino valorizou, por outro lado, o potencial da ENI, por se tratar de um investidor importante e de uma companhia que detém a maior parte das descobertas de petróleo no mundo, quando Angola não lança nenhum bloco para exploração desde Dezembro de 2011.

LITERATURA. Projecto pretende recolher e promover obras inéditas de escritores consagrados angolanos. A primeira fase reúne trabalhos de José Luís Mendonça, António Gonçalves, Cristóvão Neto e Luís Kandjimbo. O primeiro lançamento acontece hoje (27), em Luanda.

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Com o objectivo de valorizar o trabalho dos escritores angolanos, proporcionar encontros intelectuais entre os fazedores de literatura e promover maior competência linguística, o Movimento Lev’Arte, a Editoria Acácias, o Centro Cultural Português Camões e o Ministério da Cultura, lançaram na passada quarta-feira, em Luanda, o projecto ‘Troncos da Literatura Angolana’, tendo já seleccionado quatro escritores que vão participar com trabalhos inéditos.

Com um orçamento de mais de 14 milhões de kwanzas, o projecto pretende recolher obras inéditas de autores angolanos consagrados e divulgar a literatura característica do país.

De acordo com o coordenador do Movimento Lev’Arte, Kardo Bestilo, a iniciativa terá a duração de dois anos e prevê lançamentos de obras bimensais, em categorias como poesia, romance, conto, ensaio literário, literatura infantil e prosa.

Nesta primeira fase, a organização já reuniu obras inéditas de José Luís Mendonça, António Gonçalves, Cristóvão Neto e Luís Kandjimbo, que deverão constituir os primeiros dez livros da colecção ‘Troncos da Literatura Angolana’.

O orçamento vai ser dividido em dez subprojectos, que se traduzem em dez livros para a colecção, nesta fase inicial”, explicou Kardo Bestilo.

A directora do Centro Cultural Português, Teresa Mateus, valorizou a iniciativa e destacou a pertinência da colecção. “É um grande desafio para todos os parceiros que a agregam para massificar a literatura e também divulgar obras inéditas e de qualidade de autores de referência angolanos já consagrados e é um orgulho estar associado ao projecto”, afirmou.

Sobre os critérios de selecção dos autores para a colecção, o escritor e membro do projecto José Luís Mendonça apontou a “qualidade das obras, a inovação, a colagem à realidade sociocultural angolana e o domínio profundo da língua”.

“Como membro da mesa de leitura deste projecto, é possível que consideremos também um jovem que venha com uma obra muito relevante e este será também um tronco”, explicou.

Segundo José Luís Mendonça, os grandes nomes da literatura angolana, como o prémio Camões Artur Pestana Pepetela, Luandino Vieira e outros, vão igualmente fazer parte dessa colecção.

Obras inéditas, escritas em língua portuguesa e com até 50 páginas são outros requisitos da colecção ‘Troncos da Literatura Angolana’.

A colecção ‘Troncos da Literatura Angolana’ tem como público-alvo escritores, docentes, discentes, pesquisadores da cultura angolana, agentes culturais, associações literárias e amantes da leitura.

No âmbito deste projecto está marcado para hoje, 27 de Novembro, o lançamento do livro ‘Angola, Me diz Ainda’, de José Luís Mendonça, no Centro Cultural Português, em Luanda, a partir das 18h30.

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA. Falta de financiamento para projectos de investigação científica, problemas de corrente eléctrica e de reabilitação, e asfaltagem e iluminação pública do troço que liga a futura escola são apontados como entraves.

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A abertura das Faculdades de Direito e de Economia no Kuando-Kubango, bem como dos cursos de Química, Física e Geografia na Escola Superior Pedagógica, foi defendida quinta-feira pelo reitor em exercício da instituição de ensino superior, Augusto Chipombela.

O académico, que apresentava à vice-governadora da província, Sara Luísa Mateus, o memorando sobre o estado funcional da Universidade Cuito Cuanavale, com a sede em Menongue, apontou como entraves à concretização dos objectivos traçados “a falta de financiamento para o projecto de investigação científica, de corrente eléctrica na reitoria, de reabilitação e asfaltagem do troço que liga a estrada da futura escola, bem como da iluminação pública”.

A falta de recursos financeiros condiciona a construção e apetrechamento dos laboratórios, a aquisição de reagentes e nódulos para manter o normal funcionamento dos laboratórios da instituição.

Entre as metas, para a afirmação da universidade no contexto nacional, está a transferência de duas unidades orgânicas localizadas no Kuando-Kubango para novas instalações situadas no bairro Tucuve, em Menongue, que apresentam melhores condições de acomodação.

O responsável adiantou que a falta de docentes nacionais remete a Universidade Cuito Cuanavale a uma situação de dependência da cooperação estrangeira e o reduzido número de funcionários não docentes diminui a capacidade de resposta e dificulta a realização dos serviços em tempo célere.

A realização de mais actividades de carácter científicas nas unidades orgânicas da universidade, incentivos de investigação científica, aquisição de bibliografia diversa, assim como a formação de especialistas em biblioteconomia e a criação de uma revista digital consta entre as metas da instituição.

A universidade pretende ainda desenvolver as principais linhas de investigação científicas, aplicar os resultados das pesquisas realizadas com relevância científicas, dinamizar a fazenda experimental localizada em Xangongo, no Cunene.

Apesar dos constrangimentos registados, de acordo com Augusto Chipombela, melhoraram-se as condições de trabalho, a aquisição de material e equipamento para acomodação dos gestores e responsável da universidade, bem como a aquisição bibliografia diversa.

A vice-governadora Sara Luísa Mateus, que reconheceu certas limitações da universidade, anunciou que, brevemente, será aberta uma instituição superior privada com cursos de Direito, Economia, entre outros técnicos, e vai proceder-se à extensão de alguns cursos para o interior da província.

Desde a sua criação, a universidade já formou 1.026 licenciados. Neste ano lectivo, foram matriculados 3.671 estudantes, 166 dos quais beneficiam de bolsas de estudo.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Duas das maiores geleiras da Antárctica podem derreter ainda este século. O rápido degelo dos glaciares Pine Island e Thwaites podem fazer milhões de desalojados.

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A 4.023 quilómetros da América do Sul, dois glaciares seguram o destino do planeta Terra tal qual o conhecemos. Numa remota região da Antárctica, conhecida como Pine Island Bay, os glaciares Pine Island e Thwaites estendem-se por 241 quilómetros. Vão derreter. Só não se sabe quando.

Os dois glaciares são dos maiores – e dos que estão a derreter mais rápido – em toda a Antárctica. Num artigo do princípio do ano, a Rolling Stone chamava-lhes “os glaciares do Apocalipse”. Juntos, funcionam como uma tampa que segura gelo suficiente para subir o nível médio das águas em três metros: uma quantidade que iria afundar qualquer cidade costeira no planeta. Por este motivo, descobrir o quão rápido vão derreter é uma das questões científicas mais importantes do mundo neste momento.

Para chegar a essa resposta, os cientistas têm analisado o fim da última Idade do Gelo, há mais ou menos 11 mil anos, quando as temperaturas globais subiram até aos níveis em que se encontram actualmente. As más notícias é que todas as provas dizem que, nessa altura, Pine Island e Thwaites derreteram rapidamente e inundaram todas as linhas costeiras mundiais. Os especialistas concluíram que o veloz colapso aconteceu devido a algo chamado “instabilidade marinha de penhascos de gelo”.

Nesta zona da Antárctica, o oceano é mais profundo, por isso, cada vez que um iceberg se separa cria penhascos cada vez maiores. O gelo, cada vez mais pesado, faz pressão nestes penhascos – que acabam por não aguentar o seu próprio peso e colapsam. Quando começarem a cair, será impossível pará-los.

Nos últimos anos, os glaciólogos da NASA têm chegado à conclusão de que esta instabilidade causada pelos penhascos de gelo vai desintegrar toda a zona oeste da Antárctica ainda este século, numa janela de 20 a 50 anos, muito mais rápido do que alguma vez se pensou. A cada minuto, penhascos do tamanho de arranha-céus vão colapsar e entrar dentro de água. O resultado é simples: uma catástrofe global de proporções que nunca vimos.

Um colapso integral de Pine Island e Thwaites irá provocar a subida das marés, a inundação das linhas costeiras, o desaparecimento de cidades em todo o mundo e milhões de refugiados climáticos.

Grande parte destas novas descobertas pertence a dois climatólogos, Rob DeConto e David Pollard. Um estudo publicado pela dupla de cientistas na revista Nature foi o primeiro a ter em conta a instabilidade dos penhascos de gelo e a ameaça que significam para o mundo. DeConto e Pollard recusaram a hipótese de o nível médio das águas do mar subir 90 centímetros em caso de degelo rápido e garantiram que o mais provável é que suba 1,80 metros. O pior cenário possível, os três metros, acontece se as emissões de dióxido de carbono se mantiverem nos níveis actuais.

Se subir 90 centímetros, as cidades de Nova Orleans, Houston, Nova Iorque e Miami ficarão completamente inundadas. Países do Pacífico, como as ilhas Marshall, perderiam grande parte do seu território. No caso mais provável, o dos 1,80 metros, 12 milhões de norte-americanos ficavam desalojados e Xangai, Bombaim ou Ho Chi Minh deixam de existir. Com três metros, o território onde vivem centenas de milhões de pessoas em todo o mundo ficaria debaixo de água. A Florida seria inabitável, Nova Iorque e Nova Jersey ficariam totalmente inundadas duas vezes por mês e a simples mudança da lua seria suficiente para agitar as marés em direcção a casas e edifícios.

ENERGIA. Maior produtor de petróleo do continente começa a dar sinais de estar a preparar-se para um futuro sem o valor daquele que é, actualmente, o seu maior produto de exportação, o petróleo.

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A Nigéria, maior produtor petrolífero do continente, vai investir no biodiesel e a companhia petrolífera estatal da Nigéria, NNPC vai liderar o processo, tendo já rubricado, este mês, acordos com autoridades locais de dois estados onde serão implementados os projectos.

Na semana passada, rubricaram o segundo e foi com estado de Kebbi, no nordeste da Nigéria, que permitirá a construção do projecto com capacidade de produção estimada em cerca de 84 milhões de litros de bioetanol, derivado de mandioca e cana-de-açúcar.

Anteriormente, a petrolífera assinou um contrato preliminar com o governo do estado de Ondo para um projecto que terá a capacidade de 65 milhões de litros de bioetanol, para usar a mandioca como matéria-prima. Esse projecto, de acordo com o director-gerente do grupo NNPC Maikanti Baru, também envolveria investimentos estrangeiros.

O objectivo de apostar no numa indústria de biocombustíveis foi, entretanto, anunciado pela primeira vez, pelo governo nigeriano, no passado mês de Fevereiro, com um plano para estabelecer um fundo de 50 milhões de dólares que servirá para desenvolver a produção de biocombustíveis. Os fundos serão fornecidos a um Bieofuels Equity Investment Fund, que será obrigado a investir um mínimo de 5% em projectos relacionados com biocombustíveis.

Para encorajar a indústria, o governo da Nigéria implementou incentivos fiscais e disponibilidade de concessão para empresas privadas envolvidas no cultivo de produção de biocombustíveis. As empresas que actuam na área de biocombustíveis também receberam uma isenção de direitos de importação, nos primeiros cinco anos, bem como despesas relacionadas a materiais, instalações e máquinas envolvidas na produção de biocombustíveis.

Investir contra incertezas do petróleo

A aposta do maior produtor de petróleo de África com 1,8 milhões de barris/dia. É encarada, pelos diversos especialistas internacionais sobre questões energéticas, como forma que o país encontrou para defender das “incertezas” sobre o futuro do petróleo face ao investimento, cada vez maior, dos defensores das energias renováveis.

“A Nigéria é fortemente dependente das receitas de exportação de petróleo e, como outros produtores de petróleo, sofreu um forte golpe no último ‘crash’ do preço do petróleo. O golpe, no entanto, também foi um alerta que estimulou as iniciativas de diversificação económica. Por enquanto, a Nigéria está atrasada em relação a outros grandes produtores, mas os dois negócios de biocombustíveis indicam que não está a desistir, apesar da crescente produção de petróleo e preços mais altos do petróleo”, escreveu Irina Slav no site OilPrice.com, especializado em questões energéticas.

A Nigéria, entretanto, não tenciona ficar pelo biodiesel. Também projecta aproveitar melhor o potencial eólico e solar do país para diversificar a indústria energética. A rede de electricidade do país é fraca e os consumidores dependem das importações de diesel para alimentar as famílias e as empresas. No entanto, as ‘startups’ estão aparecendo, oferecendo uma alternativa ao diesel. As empresas estrangeiras, como a Wartsila finlandesa, também estão a começar a prestar maior atenção ao país. Recentemente, a empresa finlandesa anunciou que fechou um acordo para a construção do que será a maior instalação de geração de energia fotovoltaica da Nigéria, com capacidade para 75 MW.