Valor Económico

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Delegação angolana vai participar, durante uma semana, em várias reuniões estatutárias do FMI e do Grupo Banco Mundial, bem como em seminários técnicos e na apresentação de relatórios sobre as perpectivas do ambiente macroeconómico mundial e regional.

FMI

Uma delegação angolana, chefiada pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, participa nas reuniões de Primavera das instituições de Bretton Woods (Fundo Monetário Internacional e o Grupo Banco Mundial), que decorre entre 16 e 22 deste mês, em Washington, EUA.

Durante uma semana, a delegação angolana vai participar em várias reuniões estatutárias do FMI e do Grupo Banco Mundial, bem como em seminários técnicos e na apresentação de relatórios sobre as perpectivas do ambiente macroeconómico mundial e regional.

De acordo com uma nota de imprensa do Ministério das Finanças, durante o evento Archer Mangueira manterá encontros com altos responsáveis de departamentos do FMI e do Banco Mundial e com investidores internacionais, organizados por bancos de investimento e parceiros como os bancos VTB, HSBC, Deutche Bank e Goldman Sachs.

Entre os investidores, encontram-se alguns vinculados à próxima operação de emissão de obrigações do Estado nos mercados financeiros internacionais, dando continuidade e consolidação da curva de rendimentos dos títulos angolanos.

Estes encontros visam actualizar o quadro macroeconómico nacional, com particular ênfase o plano macro fiscal e de endividamento, recentes desenvolvimentos da política monetária e cambial e do sistema financeiro do país, consubstanciados no Programa de Estabilização Macroeconómica, assegurando o diálogo regular com os investidores internacionais e potenciar novas oportunidades para a economia nacional.

Além destes encontros, Archer Mangueira também vai participar na conferência de imprensa dos ministros africanos das Finanças, marcada para 21 de Abril. Nesta conferência, onde estarão apenas quatro ministros do continente africano, Angola terá a oportunidade de partilhar com os media internacionais e o público em geral, a evolução económica recente e os esforços que estão a ser feitos para acelerar a implementação da agenda do desenvolvimento do país.

Para este evento, integram a delegação angolana o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José Massano, o secretário do Presidente da República para os Assuntos Económicos, Ricardo Viegas d'Abreu, o secretário de Estado do Planeamento, Neto Costa, entre outras individualidades do país.

SUSTENTABILIDADE. Governo voltou a autorizar a exportação do animal no início deste ano. Oceanários e jardins zoológicos da Rússia, China e do Uruguai, entre outros, são os principais destinos.

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Angola iniciou, em 2017, a exportação de focas vivas, para oceanários e jardins zoológicos de todo o mundo, com uma centena de exemplares, volume que já este ano deverá aumentar para 150. A informação foi avançada na semana passada, à Lusa, pelo responsável da empresa Mar Dourado, Juan José González Silveira, que vai para o segundo ano neste negócio, a partir do município do Tômbwa, no Namibe.

As focas são capturadas, em conformidade com a legislação vigente, na Baía dos Tigres, 100 quilómetros para Sul, e depois de um período experimental em 2017, a empresa construiu, no Tômbwa, instalações de raiz, com quatro tanques, para adultos e focas mais jovens, podendo albergar, em simultâneo, até 50 animais vivos. “Tentamos que não lhes falte nada. E temos boas condições”, garantiu o empresário.

O negócio dá emprego a cerca de 30 pessoas e as instalações, junto à baía do Tômbwa, garante Juan Silveira, “obedecem às normas internacionais”, com sol e sombra, além da alimentação. “O problema é que as focas não sabem comer pescado morto, estão habituadas a comer peixe vivo. Temos de as ensinar a comer e isso leva 20 dias, às vezes, um mês”, explica.

Em 2017, o empresário argentino conduziu as primeiras exportações de focas em Angola, todas oriundas da Baía dos Tigres e onde são capturadas com recurso a redes e laços, num total de 100, vendidas por cerca de 1.200 euros cada uma. Seguiram para oceanários, parques marinhos e jardins zoológicos da Rússia, China e do Uruguai, entre outros destinos. Um negócio que vai aumentar este ano, com encomendas de 150 focas angolanas. “Correndo tudo bem, penso que, em dois ou três meses, temos as capturas feitas”, explica.

No recinto aquático da empresa, as focas podem ficar até cerca de mês e meio, no processo de adaptação necessário antes de seguirem viagem para o destino final, antes viajando por terra mais de 1.000 quilómetros até ao aeroporto internacional de Luanda. “O normal seria que, após 40 dias da captura, estivessem fora. O importante é estarem aqui o menos tempo possível, porque este local é apenas para a manutenção. Mas temos de certificar que não têm qualquer doença ou problema ao sair do país”, acrescenta Juan.

A captura de focas voltou novamente a ser permitida em 2018, em Angola, segundo a regulamentação para a actividade de pesca este ano, que entrou em vigor a 22 de Janeiro. A medida volta a estar prevista no artigo 16.º do regulamento sobre as medidas de gestão das pescarias marinhas, da pesca continental e da aquicultura, para este ano, e define ser “permitida a captura de focas como forma de assegurar a gestão racional e sustentável dos recursos biológicos aquáticos”.

A pele de foca é aproveitada para produzir sapatos no Namibe, mas também os ossos e a carne são aproveitados. Cada um destes mamíferos pode chegar a alimentar-se diariamente com oito quilogramas de peixe. Segundo um estudo de 2015, a população de focas em Angola registou um crescimento de 12,4 por cento, em três anos, passando de 26.235 para 33.449.

A autorização ao abate de focas no Sul de Angola tem sido anualmente feita pela Governo desde 2013, como forma de gestão desta população na Baía dos Tigres, no Namibe, e por não ser uma espécie ameaçada no país. “Devem ser organizados programas de monitorização em conformidade com as normas ambientais e prestação de informação de exploração do recurso”, lê-se no mesmo artigo do regulamento para 2018, que também não específica quantidades de captura permitidas.

O regulamento refere apenas que esta pesca “deve ser acompanhada por cientistas do Instituto nacional de Investigação Pesqueira” e que envolverá a “instalação de uma fábrica” para “processamento das focas” na Baía dos Tigres, no Tômbwa.

PRIVACIDADE. WhatsApp, outro aplicativo da empresa, já possui, desde o ano passado, a ferramenta de apagar mensagens para qualquer usuário. Novidade surge depois de Mark Zuckerberg ter apagado mensagens de forma secreta.

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O Facebook deverá lançar para o Messenger a melhor ferramenta disponível no WhatsApp: a de apagar mensagens que já foram enviadas. Segundo informações do TechCrunch, a novidade virá depois de a rede social ter, no passado, apagado secretamente mensagens enviadas pelo próprio CEO Mark Zuckerberg.

Três fontes diferentes disseram ao site especializado que as mensagens enviadas por Zuckerberg foram apagadas sem qualquer explicação. A empresa disse que tomou a medida para “proteger executivos”, mas nunca falou explicitamente sobre o assunto aos usuários.

Também do Facebook, o WhatsApp possui, desde o ano passado, a ferramenta de apagar mensagens para qualquer usuário. Mas, nesse caso, a mensagem não desaparece sem deixar vestígios: o destinatário recebe um aviso, diferentemente do que ocorreu com as mensagens de Zuckerberg e outros executivos.

A controvérsia piora dado o momento da descoberta. Accionistas do Facebook vêm pedindo a renúncia de Zuckerberg em meio ao escândalo de mau uso de dados pela empresa Cambridge Analytica, ligada à campanha do actual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Ao The Verge, um porta-voz da companhia disse que a possibilidade de apagar as mensagens será lançada aos usuários a qualquer momento. “Agora, faremos uma função mais ampla de apagar mensagens. Isso pode levar algum tempo. E até que esteja pronta, não iremos mais apagar mensagens de nenhum executivo”, escreveu o porta-voz.

O Facebook removeu mensagens privadas enviadas por Mark Zuckerberg pelo Facebook Messenger a diferentes destinatários nos últimos anos. A revelação da TechCrunch agudiza a crise de confiança pela qual a rede social tem passado nos últimos dias, após a denúncia de que, pelo menos, 87 milhões de usuários tiveram os seus dados obtidos ilicitamente.

Segundo a publicação, três fontes diferentes confirmaram ao TechCrunch que mensagens que receberam de Zuckerberg foram removidas da sua caixa de entrada – embora as respostas dadas ao executivo tenham permanecido lá. Questionada sobre o assunto, a empresa respondeu que mudou a sua política de comunicações por motivos de protecção, depois que, em 2014, a Sony foi afectada por hackers e as mensagens internas foram acedidas.

O Facebook disse que usuários que utilizam a versão criptografada do Messenger poderão usar um temporizador para que as suas comunicações sejam apagadas automaticamente.

DISTINÇÃO. Investidora norte-americana foi distinguida este ano como a mulher que maior investimento aplicou em fundos de capital de risco, em todo o mundo, tendo-se posicionado em sexto lugar na classificação geral de um ranking da Forbes sobre a matéria.

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Ex-analista de títulos da Wall Street e actualmente sócia da firma de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers, Mary Meeker foi distinguida pela revista Forbes como a maior investidora de risco do mundo em 2018, ocupando o 6.º lugar no ‘ranking’ ‘Lista Midas’.

A distinção de Mary Meeker é justificada pela Forbes pela “lucidez” que teve na aposta que efectuou em empresas como a Airbnb, o site de comércio chinês JD.com, Slack, Spotify ou ainda no Facebook.

Mas a investidora norte-americana tem estado a demonstrar também valências noutras áreas. Desde que o maior sócio da Kleiner, John Doerr, deixou de ser responsável pelos novos fundos da empresa, Meeker assumiu mais uma responsabilidade e ajuda a liderar a equipa de capital digital, que se foca em empresas de internet em crescimento.

Distinguida em 2014 como a 77.ª mulher mais poderosa do mundo, também pela Forbes, Mary Meeker tornou-se, pela primeira vez, a maior investidora de risco do planeta, em 2016, lugar antes pertencente a Jenny Lee, da GGV Capital, que ocupou o 10.º lugar em 2015.

A ‘lista Midas’, produzida com a participação da True Bridge Capital Partners, enumera os investidores de risco com base no número e volume de negócios ao longo dos últimos cinco anos, sendo que os mais ousados, ainda que em estágio inicial, têm maior peso. O ‘ranking’ considera apenas a abertura de capitais de mais de 200 milhões de dólares.

VETERANAS PERSISTEM

O ‘ranking’ da Forbes destaca, porém, outras individualidades femininas como é o caso de Rebecca Lynn, que aparece como a segunda mulher que mais investiu em fundos de capitais de riscos. Apesar deste resultado, a co-fundadora e sócia da Canvas Ventures aperece na 31.ª na classificacão geral, muito abaixo de Mary Meeker.

Todavia, Rebecca Lynn ‘saltou’ 13 posições na lista em relação ao ano passado, graças, em parte, ao facto de ter conseguido levantar o seu segundo financiamento, de 300 milhões de dólares, na segunda metade de 2016.

Consta que a empresa que dirige, a Canvas, utilizou o fundo para investir em ‘startups’ como a Eden Technology Services, a plataforma de mentoria Everwise e a Luminar Technologies, uma fabricante de sensores Lidar que se tornou conhecida este ano.

Destaca-se também que Rebecca Lynn já participou de negócios-chave, como o IPO de 2015 da Lending Club e a venda da Future Advisor, que foi adquirida pela Black Rock por 150 milhões de dólares em 2015.

A próxima investidora no ‘ranking’, Miura-Ko, do Floodgate Fund, também é fundadora da All Raise. Natural de Palo Alto, na Califórnia, investiu no fabrico de ‘softwares’ de máquinas de inteligência artificial Ayasdi e Xamarin, que a Microsoft adquiriu em Fevereiro de 2016 por mais de 400 milhões de dólares.

Outra mulher de destaque é Beth Seidenberg, da Kleiner Perkins, que voltou para a lista por ter liderado negócios como o da Flexus Biosciences, que foi adquirida em 2015 por 1,25 mil milhões de dólares, e a empresa de biotecnologia para doenças raras True North Therapeutics, que foi vendida para a Bioverativ por cerca de 400 milhões de dólares no ano passado. Treze anos depois de entrar na Kleiner Perkins, a especialista em biotecnologia incubou oito empresas e actua no conselho de directores de outras 12.

Constam ainda da lista outras mulheres investidoras de risco, no entanto, já veteranas do ‘ranking’. Destas, destacam-se Jenny Lee, fundadora e sócia da GGV Capital (74.ª); Kirsten Green, fundadora e sócia da Forerunner Ventures (77.ª); e Theresia Gouw, sócia da Aspect Ventures, que se posicinou no 89.ª lugar.

A presidente da AGA reconhece a possibilidade de terem dificuldade de agregar na associação diversas especialidades da gestão. A associação surge sobretudo para dar formação a gestores que saem das universidades ou que já exercem a profissão. Ana Mufaya admite que o combate à corrupção representa um desafio acrescido, mas garante que não farão do assunto um dos temas principais das formações em agenda.

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Quais foram as motivações da criação da Associação dos Gestores de Angola (AGA)?

A AGA é uma organização sem fins lucrativos, criada a 16 de Setembro de 2016. Muito nova ainda e tem como finalidade contribuir para o progresso dos gestores e administradores, estimulando os esforços dos associados nos domínios científico, profissional e social. Seguirá vários fins, sendo o primordial a formação e capacitação dos gestores para que melhor se insiram no mercado e prestem um trabalho de maior relevância no que toca à gestão, tanto pública como privada. Tendo em conta as debilidades que se vêem verificando, os mentores acharam por bem criar uma associação e com ela poder capacitar, organizar, congregar e ir trocando informações. A principal debilidade dos gestores é não haver uma formação posterior à da académica, o que torna, de certa forma, o gestor débil. Colocam-se pessoas que não são gestores para determinados cargos o que, de certa forma, vai debilitando o trabalho.

Quais são os principais objectivos para este primeiro mandato de cinco anos?

Em primeiro lugar, a organização. Se queremos ser uma boa associação, temos de estar, antes, organizados. Estamos em fase de organização, regularização jurídica para a implementação dos estatutos e tratamento dos regulamentos internos. Toda uma fase preliminar de organização para dar uma imagem verdadeira daquilo que queremos que seja a AGA. Em segundo lugar, uma campanha de admissão de membros para que adiram. A AGA é constituída por todos os gestores na generalidade. Gestores de recursos humanos, bancários e ou de empresas. Será necessário ter um regulamento interno. Estamos também a elaborar o nosso programa de acção e o plano estratégico que se vai reger até 2030. Para este ano, temos também previstas deslocações a várias províncias para que possamos instalar a nossa organização em todo o país.

Já têm muitos associados?

Temos um ano, a apresentação pública aconteceu em Março de 2017. Estamos num período de organização da própria associação. Os órgãos sociais foram eleitos em Dezembro de 2017, o que significa que só temos ainda quatro meses de actividade que é muito pouco. Encontramo-nos no verdadeiro cruzeiro para a organização no sentido de implementar os objectivos da AGA.

Quando é que se pode concluir que estamos em presença de um bom gestor?

Quando tem uma formação em gestão, em primeiro lugar, mas a AGA não integra só gestores, mas também administradores e todas as pessoas que tenham conhecimentos de administração ou que administrem uma empresa por mais de cinco anos. Para todos estes segmentos, é necessário, em função da capacidade de cada um, dar uma formação. Para aqueles que saem da escola, dotar-lhes de uma formação prática para que possam desempenhar bem a sua vocação de gestor e a profissão para a qual se formaram. Para aqueles que sejam administradores sem função também tentar dar-lhes uma qualificação.

Quais são os grandes desafios dos gestores, considerando o actual momento da crise?

Julgamos que os maiores desafios são a idoneidade, clareza e correcção dos seus actos. Deve ter actos que façam com que a empresa ou instituição a que está ligado prospere, demonstrando com trabalho do dia-a-dia lisura, principalmente.

Não considera os desafios financeiros, sobretudo para o caso actual de Angola?

Faz parte da gestão enfrentar esta crise e encontrar formas e mecanismos de melhorar e fazer com que esta crise seja debelada. Um bom gestor tem de ter esta consciência. É dos maiores desafios que um gestor deve ter.

Muitos gestores apontam a falta de recursos humanos como uma das principais dificuldades em Angola. Tem o mesmo posicionamento?

Não penso assim porque, desde a independência, já se formaram milhares de quadros angolanos. Não é muito verdade dizer que não há quadros capazes em Angola. Talvez esteaja a faltar oportunidades, talvez não estejam colocados nos lugares certos, mas que o Governo já formou muitos quadros é uma verdade que não se pode negar.

Mas também discorda da necessidade de importar técnicos para determinadas áreas?

Pelo número de angolanos que já estão formados, somos capazes de exercer qualquer função dentro do país. Se já é possível exercer fora do país, há angolanos bem colocados no contexto internacional, como dizer que não há quadros angolanos que possam dar o melhor contributo para o país. Existem estes quadros em Angola. No caso da gestão, temos muitos bons gestores. O Governo já se empenhou bastante na formação de gestores no país e no exterior.

Mas também se importam gestores?

A nossa aposta na formação é mesmo para reduzir esta dependência do exterior. No entanto, o mercado é livre, as empresas são livres de contratar. Se têm capacidade e as leis lhes permitem, cada um aplica a política de emprego que bem entender. Mas queremos apostar na formação do gestor angolano para que tenha uma melhor inserção no mercado de trabalho.

Não concorda com o princípio de que cada mercado é um mercado e que um bom gestor nos EUA pode não ter sucesso em Angola?

Acredito que haja características específicas em função da realidade de cada país, mas gestão é gestão em qualquer parte do mundo. Os cursos são similares e não acredito que haja alguma disparidade de formação e grandes diferenças entre os gestores angolanos e de outras partes do mundo. Há muitos gestores estrangeiros a gerir empresas angolanas e, muito sinceramente, não conheço comportamentos deles. Mas as pessoas devem ter uma adaptação, ainda que mínima, em relação à realidade de cada país porque há características próprias. Qualquer pessoa, quando se desloca, a primeira coisa que deve fazer é adaptar-se ao local onde vai trabalhar. É fundamental para que se possa inserir. Qualquer gestor, venha de onde vier, tem de conhecer, minimamente, os hábitos, costumes e ambiente para poder funcionar.

Combater a corrupção é um desafio acrescido para os gestores ou nem por isso?

A adaptação dos gestores deve ser no sentido de não participar destas práticas, tendo uma postura idónea. Se queremos que o nosso país tenha o rumo que desejamos, caberá a cada um de nós limitar a prática destes actos. É uma matéria de educação constante e contínua.

A AGA pensa ter a temática corrupção nas prioridades das suas formações?

Não. A AGA não trata de assuntos de corrupção. O objectivo da AGA não é imiscuir-se nestes assuntos. Temos objectivos bem traçados que é a formação e a capacitação e é com formação e capacitação que se vai mudando o comportamento das pessoas porque a corrupção não é instituição em Angola. Pode ser prática em alguns casos, mas não é uma instituição que deva ser objecto de estudo.

Não está a pôr-se à parte de um dos principais desafios da gestão, considerando os níveis altos de corrupção?

Estou a dizer que não vamos ter como uma disciplina, mas a corrupção é um assunto do mundo e a sensibilização que se vai fazendo, a prática que se quer ter no futuro, e que já vem sendo um facto, vai fazer com que as pessoas tomem consciência e tenham outro comportamento. Não precisa de ser uma disciplina curricular dos cursos.

Disse ser intenção da AGA juntar todos os gestores, independentemente da especialidade. Há a possibilidade de determinada especialidade não se rever na AGA e apostar numa associação independente?

Vamos fazer tudo para que isso não aconteça. Criámos uma área de especialidades, não vamos trabalhar todos em conjunto porque cada uma tem a sua especificidade. Assim todos podem sentir-se congregados.

Mas considera justa esta preocupação?

Tem alguma razão. Cada um tem a sua área, mas sou dos que acredita que a união faz a força. Se estivermos congregados em torno de um objectivo comum, independentemente das nossas especialidades, temos mais possibilidade de vencer. Mas não nos podemos esquecer que o Estado prevê a livre associação das pessoas, é um direito garantido pela Constituição. É possível que determinada especialidade decida criar a sua associação, mas vamos trabalhar para a união porque a intenção é, num curto espaço de tempo, transformar-se numa Ordem e, de certeza, não haverá a possibilidade de se criar uma Ordem para cada especialidade. Temos de estar unidos para que haja reconhecimento da classe.

As autarquias vão exigir que muitos profissionais deixem as cidades. Existe essa preparação no seio dos profissionais?

Se não estão preparados, vão se preparando porque a própria necessidade nos vai levar a esta situação. Luanda não consegue enquadrar-nos todos. Quem quiser uma oportunidade de trabalho e contribuir para o país vai dar o contributo onde lhe for possível. É nos municípios onde haverá esta possibilidade de mostrarem o que valemos. Vai depender da visão e da força de vontade de cada gestor.

Há uma corrente a perspectivar muitos gestores a envolverem-se em escândalos, sobretudo financeiros, na primeira fase das autarquias, devido à suposta pouca experiência. Concorda?

Não. Pode haver desvios, como sempre aconteceu, mas são questões muito pessoais. E, embora ainda não haja autarquias, esse exercício já vem sendo feito. As eleições serão apenas uma modalidade de nos organizar. Os deslizes vão continuar a acontecer, este não é um caso particular do país. É assim no mundo e com Angola não pode ser diferente.

Como analisa o conflito geracional entre os profissionais, com destaque para os gestores?

Nunca testemunhei casos concretos por isso não consigo comentar. No entanto, os conhecimentos são conhecimentos, uma vez adquiridos ficam para o resto da vida. O que os mais jovens têm de fazer é ter a humildade de aprender com os mais velhos porque são mesmo mais velhos, tiveram este tempo para aprender e os mais jovens também precisam deste tempo. A substituição é natural porque os mais velhos vão passar para a reforma.

E quais serão as maiores dificuldades?

As próprias dificuldades do país. Estamos inseridos no contexto e a situação é muito difícil, mas não queremos olhar para as dificuldades. Vamos tentar realizar e ver aonde vamos chegar.

Concorda ou discorda com as opiniões de que as empresas geridas por mulheres têm mais possibilidade de sucesso e ainda que haja sectores específicos para as mulheres?

Acredito na capacidade do individuo, nas suas possibilidades de conseguir orientar e se relacionar com as pessoas. O carácter das pessoas também conta muito, não se trata de uma questão de liderança de homens ou de mulheres. Igualmente penso não existirem sectores para homens e ou para mulheres. As capacidades são iguais.